Adriana Scarpin 05/03/2017Tudo que precisa ser dito e mais um poucoComo cinéfila, bibliófila e feminista, considero Despentes uma voz fundamental para o feminismo do século XXI, pelo menos o feminismo que não flerta com o conservadorismo. Neste livro biográfico com vastas colheradas de filosofia feminista, além de ser um libelo à condição da mulher é uma parte importantíssima para o entendimento estético e político para a obra cinematográfica e literária de Despentes.
Na primeira parte, Eu te fodo ou você me fode, Despentes discorre sobre o estar à margem do que que se padronizou como condição feminina - socialmente, esteticamente e maternalmente.
Na segunda parte, Impossível estuprar essa mulher cheia de vícios, fala do conteúdo político do estupro e de como a ameça de morte é ainda mais traumática do que o estupro em si.
Na terceira parte, Dormindo com o Inimigo, Despentes fala de sua experiência como prostituta e um paralelo entre a mesma com sua vida como escritora, além de situar essa condição mais uma vez como um jogo político entre homens e mulheres.
Na quarta parte, Pornofeiticeiras, a autora analisa o pornô e os seus estranhamentos.
Na quinta parte, King Kong Girl, a autora traça finalmente a teoria feminista que usa como paralelo com o filme de Peter Jackson.
Na sexta e última parte, Boa sorte meninas, Despentes declara as agruras em que mesmo a literatura feminista passou no século XX.