Naty__ 27/02/2017Surpreendente!Tinha vontade de ler algo de Michel Bussi desde a obra O voo da libélula. Quando a editora Arqueiro lançou Ninfeias Negras não pensei duas vezes e o solicitei, sabia que não me decepcionaria – eu não podia estar mais convicta disso.
A obra vai contar a história de três mulheres completamente opostas. Elas vivem no mesmo vilarejo: Giverny. A primeira é má; a segunda, mentirosa; a terceira, egoísta. As três não têm a mesma idade. A primeira tem mais de 80 anos e é viúva, a segunda tem em torno de 36 e nunca traiu o marido, a terceira está prestes a completar 11 anos e todos os meninos de sua escola querem ser seu namorado.
Pouco sabemos sobre essas três mulheres. A primeira é dona de um belo quadro, a segunda se interessa por artistas, e a terceira pinta muito bem. A garotinha de 11 anos procura encontrar seu pai, a segunda busca um grande amor, e a terceira, a mais velha, sabe coisas sobre as duas.
O que mais impressiona é que muitas pessoas atravessam o mundo para passear por algumas horas em Giverny. O motivo é bem simples: por causa dos pintores impressionistas. Esse vilarejo é famoso por ter sido um local imortalizado por obras de Claude Monet entre 1883 e 1926, considerado um dos maiores nomes do Impressionismo com seus jardins, a ponte japonesa e as ninfeias no laguinho. Foi em Giverny que ele pintou a tão conhecida série Nenúfares.
Ainda que elas sejam bem diferentes, há uma coisa em comum: o desejo secreto de ir embora desse lugar. Por que elas desejam tanto ir embora de Giverny? É difícil manter-se num lugar que você se sente aprisionado, ainda que haja um belo jardim para admirar, existem grades que prendem essas três mulheres. E um segredo, um grande tormento que parece não ter fim.
É nesse mesmo cenário que um respeitado médico é encontrado morto. Ele foi assassinado com uma facada no coração, teve a sua cabeça esmagada e, ainda, o seu corpo foi encontrado submerso num lago. Ao seu lado havia um cartão-postal com a reprodução de uma das Ninfeias de Monet e uma mensagem de aniversário com a seguinte frase: “O crime de sonhar eu consinto que seja instaurado.” Os investigadores se veem presos a um crime que nada é o que de fato parece.
É preciso observar vários detalhes no decorrer da leitura. O nome da terceira senhora não é mencionado no livro, ainda que ela seja a narradora de grande parte da história. Já as outras mulheres têm seus nomes revelados, a segunda se chama Stéphani e a terceira é a pequena Fanette. Assim como existem outros elementos que é preciso ficar atento para captar, do contrário, o leitor ficaria perdido e sem entender os fatos.
Quando estava faltando mais ou menos umas 30 páginas para acabar o livro, comecei a me desesperar, pois o que estava sendo revelado era tão estranho que eu pensei: “Será que estou entendendo isso certo? Preciso ler novamente essa parte!” E li, mas não era esse o problema. A questão é que o autor foi tão, mas tão criativo que me deu uma vontade desesperadora de gritar. Como estive tão cega durante o tempo todo? Como? Por quê?
Tudo é muito estranho e misterioso. Enquanto lia eu tive diversas ideias e tentei planejar várias possibilidades. No entanto, absolutamente nada do que pensei foi o que de fato aconteceu. O desfecho foi algo tão arrebatador, surpreendente que, quando finalizei a leitura, fiquei embasbacada com a qualidade da escrita de Bussi. Ele sabe fazer um bom suspense, daqueles que não queremos largar por nada.
Eu acertei quem cometeu o assassinato, mas isso não tirou a grandiosidade da obra de forma alguma. Os detalhes foram tão bem feitos, tão ricos que em certos momentos parecia com as descrições de Dan Brown (embora minha experiência com o autor não tenha sido agradável). Porém, convenhamos, o cuidado, a inteligência e a perspicácia do autor são incontestáveis, assim como a de Bussi. É difícil falar desse livro sem elogiá-lo demasiadamente. Parece puxa-saquismo ou falsidade, mas não. A obra é deslumbrante mesmo.
Não é necessário nem elogiar mais nada, mas ainda não acabou. Essa capa é indescritível e a diagramação segue o padrão excelente da editora. Ah! Sem falar no kit enviado pela Arqueiro, uma caixa linda, bem resistente e com detalhes em cima e nas laterais da tampa. Além da caixa veio um marcador e um botton. Eu não poderia ficar mais realizada, não foi apenas a estética que foi perfeita, a história seguiu o mesmo ritmo.
Quem não leu Assassinato no Expresso do Oriente, de Agatha Christie, pode pegar um spoiler neste livro, mas certamente não vai entender e nem vai saber que se trata de um. Para quem já leu, possivelmente vai sentir saudade da história – foi o que aconteceu comigo.
Para finalizar esta resenha, quando concluí a leitura de Ninfeias Negras já passava das 4 horas da manhã e eu fiquei a noite toda devorando o livro para descobrir o desfecho. Quando terminei minha única vontade era lê-lo novamente, não apenas pelo fato de já estar com saudade da história, mas para ler o início tendo ciência desse final esplêndido. Eu preciso fazer isso e será breve.