The Hate U Give

The Hate U Give Angie Thomas




Resenhas - The Hate U Give


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Anna de Arendelle 25/04/2019

Sair da nossa zona de conforto e estar aberto a compreender a realidade alheia são atitudes importantíssimas num momento em que as pessoas, cada vez mais, estão se fechando em pequenas bolhas e ignorando o plano geral de acontecimentos em locais que parecem estar além de seus alcances. The Hate U Give pode ser daqueles livros que emocionam, impactam e ensinam a todos que estiverem dispostos a darem uma chance para ele — e para todos que ele representa. É, sem dúvida, o tipo de livro que eu adoraria ter tido contato enquanto no Enino Médio, em um instante propício para a geração de discussões didáticas e abertura de portas para outras verdades senão apenas as nossas.
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Julia.Martins 10/04/2019

Esse livro é tão necessário. Acabo de ler esse livro na semana em que nosso Estado assassino mata um cidadão negro com 80 tiros no Rio de Janeiro. Somos racistas e precisamos falar sobre isso nas famílias, no trabalho, na escola. Vidas negras importam e é sobre isso esse livro.
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Julia.Martins 10/04/2019

Esse livro é tão necessário. Acabo de ler esse livro na semana em que nosso Estado assassino mata um cidadão negro com 80 tiros no Rio de Janeiro. Somos racistas e precisamos falar sobre isso nas famílias, no trabalho, na escola. Vidas negras importam e é sobre isso esse livro.
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Lavinia 17/02/2019

"The Hate U Give", Angie Thomas
Livros nos ensinam mais do que a gente imagina, alguns deles nos tornam mais empáticos, mais despertos para o mundo fora da nossa bolha e mais conscientes dos nossos privilégios. "The Hate U Give", livro YA escrito por Angie Thomas, tem esse poder. O livro, que aqui no Brasil recebeu o nome "O Ódio Que Você Semeia", é uma das obras young adult mais importantes dos últimos anos.

Nele, acompanhamos Starr, uma adolescente negra que presencia o assassinato de Khalil, seu amigo de infância, por um policial branco. Assim, Starr precisa lidar com as consequências dessa tragédia e criar coragem para usar sua voz em defesa do amigo.

Esse não foi um livro fácil de ler, nas primeiras páginas eu já estava chorando sozinha no meio do metrô. A autora não tem medo de mostrar a realidade como ela é e a crueldade do sistema em que estamos inseridos.

Além disso, experienciamos a dinâmica da família de Starr e seu relacionamento com o pai, a mãe e o tio que é um policial. Temos contato com a experiência de viver numa periferia dos EUA, com a constante presença de gangues perigosas. Vemos como Starr lida com o fato de ser uma das poucas alunas negras em uma escola privada e sua relação com suas amigas e seu namorado branco.

O título do livro vem do movimento T.H.U.G.L.I.F.E criado pelo rapper Tupac, cuja sigla significa: "The Hate U Give Lil’ Infants Fucks Everyone" (O ódio que você passa para as crianças fode todo mundo). Inclusive, a obra de Tupac e outros rappers americanos é sempre lembrada ao longo da narrativa.

Em vista de todos os absurdos que estão acontecendo no mundo, esse livro é um presente. A realidade pode ser difícil e cruel, podemos até perder amigos, mas vale a pena lutar e defender aquilo em que acreditamos e sabemos que é o certo.


site: @sobrepaginas (instagram)
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BRuNO 17/01/2019

um choque de realidade
às vezes é tão difícil percebemos o que realmente acontece em nossa volta que basta um livro para nos alertar sobre isso. a autora tratou com maestria um tema delicado e bastante arrebatador, que infelizmente ainda persiste entre nós, e nos apresentou personagens cativantes e o melhor: reais!
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Analu 06/12/2018

O ÓDIO QUE VOCÊ SEMEIA, Angie Thomas (5/5 ⭐️❤️)
Starr é uma adolescente negra que mora em um "gueto" com sua família, mas que estuda em uma escola particular em que é uma das únicas pessoas negras. Starr conhece os dois mundos, e os vê se chocar, de fato, quando, durante um tiroteio em uma festa perto de sua casa, ela e o melhor amigo, que estavam meio distantes nos últimos tempos, resolvem fugir de carro e são parados por um policial. Os pais de Starr a alertaram: como negra, qualquer movimento poderia matá-la, os brancos veem perigo na cor da pele dela. Mas ninguém avisou Khalil. E é por isso que, ao fazer um simples movimento, Khalil é morto por um policial branco na frente de sua amiga. Starr é a única testemunha, e ao ver a repercussão do caso se inclinando para o "bom policial", acaba em um dilema entre se calar, por sua segurança e da sua família, ou fazer sua voz ser ouvida e fazer justiça pelo seu amigo.
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Sinto que não vou conseguir expressar a qualidade do livro e dos assuntos nele tratados, especialmente nesse espaço do IG. Já aviso que provavelmente a resenha se estenderá aos comentários. Angie Thomas, uma nova autora negra, busca nos situar em uma situação vivida por grande parte da população negra. Ela abrange temas importantíssimos, como o preconceito racial, tráfico de drogas, gangues, violência, desigualdade social, e nos situa no movimento que há algum tempo fez barulho nos EUA, o #BlackLivesMatter.
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A crítica social é forte. Mostra como "piadinhas" e brincadeiras do dia-a-dia reforçam, ás vezes imperceptivelmente, o preconceito existente. O livro traz muita representatividade negra. Mostra uma realidade que pra muitos é imensamente distante.
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Além disso, os personagens dessa história são incríveis. O desenvolvimento de Starr durante a narrativa é gigante. Ela tem 16 anos, e Angie não se esquece disso, mostrando todos os dilemas e "problemas" que se tem nessa idade. Além disso, nada parece forçado. Starr age, fala e pensa como uma adolescente. Seus pais também são personagens sensacionais, e aqui vemos a insegurança que percorre as relações familiares de quem vive constantemente situações como a do livro. A família é um ponto muito alto do livro. Como eu disse, se tratando de uma adolescente, não poderia faltar cenas que envolvem amizade e romance. Tudo muito sutil e gostoso de ler.
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Não é preciso dizer que, além do assunto tratado, o livro também é muito bem escrito. Uma leitura fluida e instigante. Contemplado com um sucesso estonteante, "O ódio que você semeia" virou filme e já foi lançado nos EUA, tendo sua estreia no Brasil marcada para 6 de dezembro. Apesar de todo o sucesso lá fora, no Brasil não o vejo tendo a repercussão que merece, tanto o livro quanto o filme, que não está sendo divulgado e em cartaz na maioria dos cinemas das cidades do país. Esse livro e filme deve ser lido, visto e pensado por todos. Não tenho a menor dúvida quando digo que esse é um dos melhores livros que já li, e peço: por favor, leia-o também, vá ao cinema, e me diga depois o que achou.
(Se quiserem ver o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=EryI11N3Oss)

site: https://www.instagram.com/nalureads/
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Toni 25/09/2018

Um romance de estreia sobre a brutalidade policial contra jovens negros nos Estados Unidos escrito por uma mulher negra antes de completar 30 anos chamado “O ódio que você semeia” deveria, forçosamente, chamar a atenção de todas e todos. E com razão: The hate u give é um romance bem escrito e muito bem executado. Consegue se equilibrar como virtuose entre as expectativas e o suspense exigidos pelo filão young-adult e a contundente crítica social do bem-documentado e informativo. É engraçado, é sofrido, é de tirar o fôlego e estapear a cara de muito racista velado (vocês sabem, aqueles do isso-é-mimimi, do tem-que-ensinar-a-pescar, aqueles contra as cotas, do é-só-uma-piada ou só-uma-brincadeira, etc.)
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Starr, uma jovem de 16 anos é a única testemunha do assassinato de seu amigo de infância, Khalil, após os dois serem parados por um policial que, por serem negros em uma vizinhança predominantemente negra, assume que estavam “prestes a fazer algo errado” (up to no good). Dividida entre dois mundos — o da escola de brancos ricos em que a notícia da morte do amigo não passa de “um traficante a menos” e a vizinhança em que cresceu e onde mora, dominada por gangues e que clama por justiça — Starr precisa aprender a conciliar seus medos e angústias com a necessidade de lutar com as únicas armas de que dispõe: sua voz e sua experiência.
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Espero que este seja o início de uma grande trajetória para a Angie Thomas, a quem, inclusive, vale a pena acompanhar — suas entrevistas são ótimas. Durante a leitura, cada vez que fechava o livro e o título vinha à tona, juro a vocês, aquele The hate u give ganhava uma força assombrosa: o título não nos deixa esquecer ou dormir tranquilos, é um lembrete constante da isenção nossa de cada dia — a ditadura que nunca acabou nas periferias brasileiras também está ali representada, o estado de sítio branco sob o qual vivem brasileiros condenados de antemão pela ficção do “estereótipo criminoso”: os Amarildos, as Cláudias Ferreira, os Rafaéis Braga, nosso Carandiru, a Cracolândia.
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Marina 01/08/2018

Um bom livro, mas não superou minhas expectativas
Difícil falar sobre este livro quando quase todo mundo achou a leitura excepcional e pra mim não foi tudo isso. Novamente tive problemas com as expectativas, esperei demais do livro.
De uma forma geral eu gostei do livro, a autora aborda o tema de violência policial contra a comunidade negra de uma maneira interessante, e dá uma perspectiva da história que todas as pessoas que não são negras precisam ler/saber/conhecer. Até aí ótimo, todo mundo já falou sobre as qualidades do livro, então vou dizer as coisas que me incomodaram:
- achei o livro desnecessariamente longo. Há diversas cenas que não acrescentam muito, que fazem o ritmo do livro desandar, então em vários momentos achei um pouco cansativo.
- achei tudo muito exagerado e caricato. Ok, eu entendo que a autora quis dar um ar mais leve e ter uma pegada mais cômica, mas também não acredito que a intenção fosse que parecesse um roteiro de sitcom, onde as famílias negras e brancas caíram em clichês super esteriotipados. Acho que isso pra mim tirou muito o foco do drama, pois a violência contra a comunidade negra é um assunto muito pesado.

Enfim, é bom livro sim, e um livro muito importante, é bom ver que romances com essa temática estão virando best-sellers. Eu só não achei ele tão perfeito quanto a maioria das pessoas.
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Nai 10/07/2018

"Once upon a time there was a hazel-eyed boy with dimples. I called him Khalil. The world called him a thug."
Como descrever este livro? Eu tinha noção da sua temática e devido a sua relevância, resolvi lê-lo. Por se tratar de um livro infanto-juvenil, receei que o tema fosse tratado de maneira superficial e repleto de estereótipos. No entanto, o livro surpreende a cada questionamento realizado pela autora através da sua protagonista.

“The Hate U Give” é a história contada a partir da ótica de Starr (sim, são dois “r”  ), uma garota de 16 anos que vive em um bairro periférico nos Estados Unidos com seus pais e irmão, mas frequenta uma prestigiada escola particular. Tudo na vida dela parecia “sob controle” até ela presenciar o assassinato do seu amigo Khalil por um policial. A partir deste episódio, ela passa a questionar as suas atitudes e o como deve ser o seu posicionamento perante os seus amigos, familiares e perante a sociedade após presenciar o assassinato.

Dentre os temas abordados, temos a violência policial, tensões raciais, o questionamento de estereótipos, bem como suas implicações sociais e a influência familiar na formação do indivíduo. Além disto, discute a complexidade dos fatores que colaboram para a manutenção desta conjuntura em que o racismo ainda persiste em diversos aspectos, muitas vezes sutil, mas não menos perigoso.

Apesar de tratar de temas densos, Angie Thomas consegue tornar a leitura leve e até divertida em alguns momentos (a exemplo das ocasiões em que há citações a Harry Potter, pois a personagem Starr é fã da série).

Definitivamente, este livro é ideal para provocar jovens (e adultos, por que não?) a questionar a estrutura social vigente, compreender o racismo para além do senso comum e alertá-los que só com a discussão do tema é que podemos superá-lo.
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anabê @anabialeiroz 08/05/2018

O ódio que você semeia
É muito fácil ter opiniões preconceituosas quando você não tem noção de uma vivência.
Esse livro é um tapa na cara de quem não acredita que racismo seja real, de quem criminaliza a pobreza. Discute de uma forma ágil, com linguagem acessível, numa história envolvente alguns dos problemas mais importantes atualmente.
Favoritissimo.
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asiwithbooks 27/04/2018

Como branca eu nem entrarei em vários méritos de discussão do livro porque:
1) acho que a autora tem plena capacidade de te explicar tudo só pela história e pelas personagens e
2) porque você deveria ler esse livro AGORA.

É muito difícil falar sobre racismo quando não sofremos com isso ( meu caso) mas é muito IMPORTANTE ouvirmos aqueles que sofrem e nos mostram formas de como combater essas injustiças e ignorâncias do dia-a-dia que precisam acabar.
Então leia esse livro, releia se possível. Escute o que Angie Thomas tem a te contar sobre como o sistema dos Estados Unidos está muito falho ( e agora então...), mas, principalmente, perceba quais ações suas precisam ser mudadas. Porque não adianta nada ouvirmos que precisamos mudar mas não movemos um dedo para que isso aconteça.
Sério, eu não sei nem explicar direito como esse livro é importante, porque ele aborda um tema tão atual e tão frequente em qualquer lugar que estamos, dentro ou fora da internet que a única coisa que consigo pensar em dizer é: Leia.
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Luciana 22/01/2018

The Hate U Give Little Infant F*cks Everybody - Tupac
Resenha disponível no meu blog: www.abookandabeat.blogspot.com.br

Nota: 4/5


"The Hate U Give Little Infants F*cks Everybody" - Tupac

The Hate U Give estava na minha lista dos devo ler desde que ganhou o Goodreads Choice Awards 2017 na categoria Debut Goodreads Author e Young Adult tirando do posto uma das minhas autoras preferidas do gênero: Kasie West (e um dos livros mais fofos dela também: By Your Side - quem não leu, leia).
Trabalho de estréia da autora Angie Thomas este livro retrata com exatidão um tema que, inacreditavelmente, ainda faz parte do nosso cotidiano: o racismo. A história é narrada em primeira pessoa por uma adolescente negra de dezesseis anos chamada Starr que testemunha o assassinato brutal e injustificável de Khalil, seu colega de mesma idade e cor, por um policial branco. Dividido em cinco partes conforme as semanas pós-evento, o livro mergulha na questão emocional desta adolescente e sua busca por justiça.
A obra foi inspirada em Oscar Grant: jovem negro americano assassinado por um policial indevidamente na California o que desencadeou inúmeros protestos e rebeliões à favor da igualdade racial em 2009. Além da tragédia citada, Thomas ainda acrescentou à narrativa eventos de sua própria vida, como o fato da protagonista ser uma das únicas negras de sua escola e ter testemunhado tiroteios ainda quando criança.
Preferi ler na língua original pois queria compreender ao máximo as barreiras gritantes existentes entre negros e brancos americanos a começar pelo modo de falar e suas gírias. Já tinha minhas expectativas do que encontraria nesta leitura mas me surpreendi ao perceber um racismo bidirecional também orientado, ainda que de maneira sutil, aos brancos.

A frase do rapper supracitada resume para mim o livro e a triste realidade enfrentada ainda hoje no mundo. The Hate U Give Little Infants: o ódio, o preconceito, a seclusão imputada aos negros desde a infância Fucks Everybody: reduzem suas oportunidades de crescimento e induzem a criminalização, culminando em um ciclo vicioso de violência e marginalização.
Nossa protagonista é uma filha amada de um ex-presidiário, moradora de uma região pobre regida por gangues e sonorizada por tiros. Criada testemunhando balas perdidas e amigos envolvidos no tráfico e consumo de drogas. Para uma melhor oportunidade de vida seus pais a enviam à Williamson Prep, escola de um bairro mais nobre povoada por basicamente brancos de renda alta. Starr então se sente presa entre os dois mundos vigiando seu modo de agir e falar, sendo incapaz de pertencer a nenhum deles. Após uma festa, ela e Khalil são abordados por um policial que acaba matando-o com três tiros sem motivo sendo, posteriormente, justificado pela mídia pelo fato da possível relação da vítima com o tráfico de drogas. Nada diferente de nosso país, não é verdade?
Somos rápidos em aceitar mortes de pessoas com possível envolvimento criminoso. Somos tentados em concordar com o medo do policial.

"... unless you're in his shoes, don't judge him, It's easier to fall into that life than stay out of it."
(a não ser que esteja em seu lugar, não o julgue. É mais fácil cair do que sair deste tipo de vida. - Tradução livre de parte de citação).

Quantas vezes negros não são olhados com medo, não são associados à violência e ao crime apenas pela sua cor? Não esperamos sempre o pior? Qual a diferença intelectual, de força, de capacidade, de beleza entre negros e brancos?

"I wish people like them would stop thinking that people like me need saving."
(Eu queria que pessoas como eles - brancos - parassem de pensar que pessoas como eu precisam de salvação. - Tradução livre de citação do livro).

Mas, ao contrário do esperado, pude perceber também no livro inúmeras referências ao preconceito dos negros com os brancos. Como o fato do pai de Starr ser contra o namoro da filha com o Chris (o personagem mais fofo) por ele ser branco, o fato de orarem ao Black Jesus (não pode ser apenas o Jesus nazareno de todos?), de se sentirem como os únicos que podem usar certos tipos de tênis Jordans ou Nikes e recriminarem brancos que dançam suas músicas ou seus passos.

Dei nota 4 ao livro por sentir que foi uma leitura um pouco cansativa. Achei que seria um page turner e fiquei um pouco decepcionada com o real resultado. Acho que pelo fato de ser um livro tão realista, o que o deixa emocionalmente carregado. Mas o recomendo a todos os que ainda sentem que cor de pele é assunto de discussão.
Acredito que enquanto houver esse debate, essa diferença do que negro (ou branco até) pode ou não pode fazer, de acharmos que são intelectualmente ou socialmente diferentes, a sociedade humana estará fadada ao fracasso.

"Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter." - Martin Luther King Jr

É uma lástima pensar que, cinquenta anos depois, o sonho de Martin continua na maioria das vezes apenas isso: um sonho.
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Luiza Helena (@balaiodebabados) 14/09/2017

Originalmente postada em https://balaiodebabados.blogspot.com.br/
"The Hate U Give Little Infants Fucks Everybody***. T-H-U-G L-I-F-E. Significa que o que a sociedade nos dá quando somos jovens, volta pior para eles quando nos soltamos.**"

Desde que vi sobre The Hate U Give, já fiquei interessada justamente pelos assuntos abordados. Logo quando foi lançado, o livro caiu na boca e no gosto do povo. E não foi por menos.

O sentimento que prevaleceu foi raiva. Raiva de alguns personagens sim, mas principalmente por toda a situação que Starr se viu envolvida. Pior é que pensar que isso é uma realidade constante para os negros, não só nos EUA.

Starr é um personagem que vou lembrar por muito tempo. No começo, eu senti um pouco de raiva por conta de algumas atitudes quando se tratavam da sua vida em casa e na escola. Ao longo da história, eu entendi o porquê delas. No fim das contas, Starr foi uma pessoa muito corajosa (ela odeia esse adjetivo) e resiliente. Sabendo de tudo que poderia acontecer com ela e sua família, ela deixou o medo de lado em nome da justiça pelo seu amigo. Confesso que nessa situação euzinha não saberia o que fazer. De início ela se sente intimidada sim (afinal quem não estaria?), mas seu senso de justiça falou mais alto.

Enquanto eu lia, me lembrei muito das séries Todo Mundo Odeia o Chris e Dear White People. É como se essas duas séries tivessem tido um filho. Muitas das situações apresentadas no livro também foram abordadas em Dear White People. Já a outra série, eu lembrei por causa da família de Starr e sua vizinhança até que, apesar das gangues e afins, também existem pessoas de bem. Porque, venhamos e convenhamos que no Brooklyn na época que se passa Todo Mundo Odeia o Chris não era das melhores vizinhanças.

Os personagens secundários foram MARAVILHOSOS. Destaque para a família de Starr. Seus pais - Maverick “Big Mav” e Lisa - são pais maravilhosos ao mesmo tempo que sempre atentam a realidade que vivem por serem negros, mas nem por isso eles se envergonham do que são. Seus irmãos - Seven e Sekani - são ótimos, principalmente na velha rixa entre irmãos, mas sempre apoiando Starr em tudo.

"- O que é Tumblr? É como o Facebook?
- Não, e você está proibida de ter um. Nenhum pai é permitido. Vocês já assumiram o Facebook.
- Você ainda não respondeu à minha solicitação de amizade.
- Eu sei.
- Eu preciso das vidas no Candy Crush.
- É por isso que nunca responderei. **"

Personagens também que merecem destaque são Carlos (tio de Starr) e Chris (namorado dela). Carlos é como um segundo pai para Starr e é bem perceptível o quanto ele se preocupa com ela. Também vemos seu conflito por conta de toda situação, visto que ele é policial e conhece o outro que está envolvido. Já Chris é o porto seguro de Starr em “sua outra vida”. Apesar de terem algumas desavenças, Chris ama Starr pelo jeito que é e não tenta mudá-la.

"Chris encosta sua testa na minha.
- Me desculpe.
- Você não fez nada.
- Mas eu sinto que deveria pedir desculpa em nome de todas as pessoas brancas.
- Você não tem.
- Mas eu quero.**"

Uma personagem que arrancou ódio foi Hailey. Essa garota é a pura personificação daquelas pessoas que fazem comentários preconceituosos e racistas mas se diz não-racista. Nesses momentos, quis arrancar os olhos dela e fazer churrasquinho. (Se ela pode perguntar pra amiga de descendência chinesa se ela comeu gato, eu posso fazer isso sim)

A escrita de Angie é bem fácil e muito jovial. O livro é cheio de referências pops, como Harry Potter, Jonas Brothers, High School Musical e, não podendo faltar claro, Um Maluco no Pedaço. A história não é cheia de rodeios, tanto que pegamos logo o impacto da situação no segundo capítulo. Confesso que tive a sensação que a história seria corrida, mas a verdade é que ela se desenrola a partir do papel que Starr se vê envolvida.

O livro também é cheio de elementos da cultura negra e isso faz com que o livro seja rico em cultura. Se tem algo que os negros nos EUA tem orgulho é de sua cultura. Temos referências a negros que fizeram a diferença e lutaram contra o racismo, como Tupac, Malcolm X, Mather Luther King, entre outros. Mas o melhor de tudo foi a menção ao Black Jesus.

O livro já foi lançado aqui no Brasil com o título de O Ódio Que Você Semeia, pela Galera Record. Eu dei preferência em ler a edição em inglês porque algo sempre se perde na tradução e também por medo dos personagens se tornarem caricatos. (Fora que a Galera Record e GER perderam altos pontos comigo com algumas traduções)

Angie (olha a intimidade) comentou no Twitter que os direitos de adaptação foram comprados antes mesmo dela terminar de escrever. O motivo foi o assunto abordado na história. Confesso que sempre fico com medo disso, já que os autores podem ter um curto espaço para terminar a história. Ainda bem que não foi aqui o caso.

Ainda no Twitter, a autora divulgou boa parte do elenco escalado para adaptação. Só posso dizer que estou bastante satisfeita porque boa parte eu já conheço o trabalho e, enquanto lia, super visualizei os atores escolhidos nos personagens. Já adianto: um cast desses, bicho!!!!!

Amandla Stenberg será Starr. Desde que foi anunciada essa adaptação, eu sabia que ela seria escalada porque não tem outra pessoa para interpretar Starr, a não ser ela. Amandla é conhecida pelos personagens Rue (Jogos Vorazes) e Mandy (Tudo e Todas as Coisas). Ela também estará presente na adaptação de Mentes Sombrias, de Alexandra Bracken (em fase de produção). Já Khalil será interpretado por Algee Smith.

Maverick aka Big Mav e Lisa serão interpretados por Russell Hornsby e Regina Hall. Russell é mais conhecido pelo personagem Hank Griffin em Grimm; e Regina Hall é conhecida por participar da franquia Todo Mundo em Pânico.

Seven será interpretado por Lamar Johnson, conhecido por participar da série The Next Step: Academia de Dança. Sabrina Carpenter, conhecida pela série Girl Meets World, dará vida à Hailey.

Carlos será interpretado pelo rapper Common, que também participou do filme Selma. April Ofrah será interpretada pela maravilhosa Issa Rae, que estrela e produz a série Insecure (que recomendo bastante e estou devendo um post sobre ela pra vocês).

O diretor dessa história maravilhosa vai ser George Tillman Jr, que já dirigiu os filmes Homens de Honra e Uma Longa Jornada.

The Hate U Give/O Ódio que Você Semeia é um livro young-adult sim, mas que todo mundo deveria ler, não importa qual cor seja a sua pele.

"Eu vi isso acontecer uma e outra vez: um negro é morto apenas por ser negro, e todo o inferno se solta. Eu tweetei RIP hashtags, rebloguei fotos no Tumblr e assinei petições. Eu sempre disse que, se eu visse acontecer com alguém, eu teria a voz mais alta, certificando-me de que o mundo sabia o que havia acontecido.**"

** Traduções feitas por mim
*** "O ódio que você dá às crianças fode todos"

site: https://balaiodebabados.blogspot.com.br/2017/09/resenha-205-the-hate-u-give.html
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João 03/09/2017

THE HATE U GIVE, ANGIE THOMAS
existem livros que parecem que foram feitos na hora certa. creio que você tenha visto que recentemente, tivemos alguns protestos nos estados unidos, onde uma galera de extrema direita e supremacia branca saíram as ruas, além de grupos neonazistas. quando vi a chamada na tv pela primeira vez, eu poderia jurar que achei que se tratava de algum documentário sobre a segunda guerra mundial, mas não, era notícia real, em pleno mês de agosto de 2017. não apenas quanto a isso, volta e meia vemos notícias também quanto a perseguição aos negros nos estados unidos, principalmente no que diz respeito a conflitos com policiais e a impunidade do poder judiciário americano, vide o movimento black lives matter. essa discussão veio muito à tona ultimamente, sendo até feita música sobre o assunto, por ninguém mais, ninguém menos que beyoncé (óbvio que tem uma porrada de artistas que já fizeram composições sobre o assunto, mas mencionei beyoncé porquê é que eu mais conheço), que após o lançamento de formation, sofreu ameaça de boicote por parte dos fãs, e até mesmo de policiais, que afirmaram não manter a segurança nos shows da cantora. nesta linha de raciocínio, angie thomas escreveu seu primeiro livro, intitulado the hate u give, que tive o prazer de ler recentemente, e vou contar um pouco pra vocês dessa experiência e o que achei ao longo da leitura.

história: o livro nos conta a história de uma menina chamada starr, de 16 anos que mora num bairro chamada garden heights, bairro periférico nos eua. entretanto, starr tem uma bolsa em um colégio particular, sendo uma das únicas alunas negras que estudam lá. posso estar enganado, mas são apenas dois alunos negros na escola. no começo do livro, starr está em uma festa com uns amigos, até que de repente, um tiroteio, dentro da festa, faz com que starr e khalil, seu amigo que a acompanhava, vão embora, mas são abordados por uma viatura policial, e no momento que a policia solicita os documentos do carro para khalil, ela faz com que ele saia do carro e acaba atirando no rapaz de apenas 16 anos também, que acaba falecendo.

a morte de khalil faz com que starr seja a única testemunha que estava no momento do crime, e a única capaz de fazer a diferença no julgamento da morte de seu amigo de infância que poderá condenar o policial que o matou. porém, ela tem muito do medo do que pode acontecer, pois a morte dele não foi esquecida pelos moradores do bairro, onde aconteceram protestos contra a policia, em nome de várias pessoas que, assim como khalil, foram mortas injustamente, e os policiais responsáveis nunca foram devidamente condenados.

além desta parte da história, o livro também retrata claramente a situação de starr em uma escola de maioria branca, e faz com que nós, leitores, e principalmente os brancos (onde eu me encaixo), nos questionemos quanto a certas posturas que muitas vezes tomamos, algumas vezes involuntariamente, que ofendem o próximo.

ao final do livro, a autora traz uma lista de nomes de algumas pessoas que foram vítimas assim como khalil, fazendo a história ser ainda mais real. quando você se depara com notícias nesse sentido, em pleno século XXI, faz com que a gente perceba que no final das contas, a humanidade parece que está andando para trás, esquecendo muitas coisas que já foram garantidas pelas pessoas, mas que, infelizmente, no papel não significam nada.

o racismo, assim como outros preconceitos, ainda existem e muito, e estão presentes aqui na minha cidade, no meu estado, no meu país, e no seu também, independente do local onde você mora e/ou esteja lendo essa resenha, mas isso não quer dizer que você não possa combatê-lo da sua forma.

quando você se depara com uma atitude preconceituosa, e você se omite, você está do lado do opressor. não se esqueça. faça sua voz e sua opinião ser escutada por aqueles ao seu redor, sempre que der.

todo amor.

site: http://jvrborelli.blogspot.com.br/2017/09/the-hate-u-give-angie-thomas.html#more
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Lauraa Machado 02/07/2017

Leitura Obrigatória
Existem várias partes desse livro que deveriam ser espalhadas pelo mundo para que as pessoas aprendessem um pouco mais sobre racismo. A primeira delas é que você não precisa ser racista para dizer algo racista. Mas existem tantas outras, que a leitura desse livro deveria ser obrigatória.

Foi bem interessante ler uma história pelo ponto de vista de uma garota negra que vive em uma vizinhança perigosa nos EUA. Principalmente pela sensação que tive de que ela era só uma garota normal, e pensar em tudo que precisava fazer e tudo com que precisava lidar no seu dia-a-dia me fez sentir ainda mais privilegiada. Tem muita coisa boa nessa sensação de comunidade da vizinhança dela, mas o que eu mais percebi foram todas as coisas que ela considerava normal que não deveriam ser, como ouvir tiros de noite. E, sim, isso acontece muito no Brasil também.

Como alguém que já se revolta quando um policial mata um civil sem razão (principalmente aqui no Brasil, onde parece que ninguém se importa muito ou reclama), me surpreendi ao ver como é para as pessoas que estão no meio disso tudo. Achei incrível o jeito da autora de escrever, a construção da protagonista e dos personagens em volta dela e principalmente o jeito que ela resolveu lidar com uma de suas amigas. Acho que o livro tocou em vários assuntos bem importantes de um jeito leve, mas significativo, sem se transformar em uma lição teórica sobre racismo.
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