Ladyce 17/02/2020
"Vasto mundo "foi uma agradável surpresa. Um livro de contos entremeados, passados em Farinhada, vilarejo ficcional da Paraíba, que ao final que quase fecha as história como num romance. Com a mão leve e a habilidade de contar o essencial, de maneira bucólica quase poética, Maria Valéria Rezende presenteia os leitores com o mundo fantástico das pequenas comunidades brasileiras esquecidas nos confins interioranos do país.
Quem está familiarizado e aprecia a literatura brasileira de meados do século XX, com a ficção de Mário Palmério, José Condé, José Lins do Rego, Geraldo França de Lima, entre os que retrataram a vida das pequenas comunidades do interior brasileiro, certamente acolherá bem, a escritora e freira Maria Valéria Rezende. Porque ela trabalha dentro dos parâmetros desta tradição brasileira, em que a vidinha das cidades interioranas é caracterizada com leveza e carinho, demonstra a inocência ou ingenuidade do caipira, o ardil de que usa para sobreviver, a aceitação do sobrenatural e a certeza do destino, de que pouco mudará em sua vida do nascimento à morte.
Maria Valéria Rezende adiciona à narrativa descrição clara, por palavras ou ações, do ser humano com falhas e qualidades. E do específico, as histórias se tornam universais. Apesar da linguagem leve, de se ater ao essencial, a autora consegue trazer à tona um travo causado pelos pequenos desapontamentos, esperanças modificadas pelo acaso, que cinzelam o comportamento dos personagens. Cada sonho, ilusão, anseio encontra eco no leitor que se frustra e simultaneamente se encanta com a solução achada pela simplória maneira de ser.
Profundamente humana a narrativa de Maria Valeria Rezende proporciona grande prazer até quando sofremos junto aos personagens que retrata. Recomendo sem restrições a leitura deste livro,