Vanessa @LarLiterario 15/05/2019ALERTA GATILHO: Automutilação e suicídio.
"Eu me corto porque não consigo lidar com as coisas. É simples assim. Preciso de libertação, preciso me machucar mais do que o mundo pode me machucar. Só assim posso me reconfortar."
Cresceu em um lar debilitado, e após a morte de seu pai, as coisas saíram completamente de controle, a ponto da mãe de Charlotte expulsá-la de casa e a garota ir viver na rua. É onde ela conhece Evan, Mikey e Ellis e eles se tornam uma unidade que protege um ao outro quando as coisas estão prestes a ruir. Mais uma vez, tudo se descontrola, cada um vai para o seu lado, e Charlie é internada numa clínica de recuperação particular chamada Creeley, em Minneapolis.
Infelizmente, a mãe de Charlie não pode - nem quer - arcar com as despesas psiquiátricas e ela precisa deixar a clínica. Charlotte está determinada a ser melhor e superar seus medos, mas quanto mais tempo ela passa sozinha, mais ela percebe que nem tudo é preto no branco e nem todas as coisas são como parecem. Com muito esforço ela consegue um emprego, um quarto minúsculo para morar e no dia-a-dia vai se virando para conseguir manter o aluguel e se sustentar.
As coisas parecem ir bem, até Charlie conhecer um certo alguém, e junto com esse alguém vem uma avalanche de sensações novas e ao mesmo tempo antigas, e tudo que ela encontra pela frente vira neve, e essa neve acumula, acumula, acumula, até virar uma bola tão grande e cheia que ela não consegue controlar. E desaba. Mas sua força de vontade é maior que esperava e com isso consegue se levantar mais uma vez.
"Eu sou o meu pior desastre. Meu corpo é meu maior inimigo. Ele quer, ele quer, ele quer, e quando não consegue, grita e grita, e eu o castigo. Como se pode viver com medo de si mesma?"
O fato da autora já ter passado pelo que a personagem passa deixou toda a história ainda mais verdadeira. Ela soube expressar muito bem os sentimentos da Charlie e tratar isso de uma forma muito humana, já que tinha propriedade para falar do assunto.
É um livro muito responsável, em nenhum momento você vai ver romantização da automutilação, muito pelo contrário, na nota da autora ela vai te chamar pra ter uma conversa clara e objetiva. Além de te dar muitas maneiras de pedir ajuda, caso você precise ou conheça alguém que precise.
Foi muito bom ver o crescimento da Charlie e como ela conseguiu buscar ajuda, colocar os sentimentos dela pra fora sem precisar recorrer a algo que a machucava. E a maneira como a autora externa os sentimentos da Charlie é tão real quando ela começa a mostrar para o mundo as suas cicatrizes e sofre preconceito. Faz com que quem vive ou já viveu isso se identifique e quem não vive também se sinta empático. E enxergue a situação com outros olhos.
Enfim, é um livro que te dá esperança de que você pode sim se reerguer e que mesmo que você ache, nem tudo está perdido.
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