skuser02844 25/05/2023
?Por fora estou em chamas e por dentro sou apenas um vazio.?
?Garota em Pedaços? não é um livro para qualquer um. É para quem sofre de automutilação e quer saber que não está sozinho. É pra quem sofreu muito na vida. É pra quem, como o livro diz, sente que é seu pior desastre. É para quem conhece alguém nessa situação e quer entender como funciona a cabeça deles. É pra quem se importa. E pra mais ninguém.
Os temas de automutilação e suicídio são abordados de uma forma muito nua no livro. Isso quer dizer que não poderia ficar, de forma nenhuma, mais claro o que uma pessoa que passa por isso pensa. A personagem principal, Charlie, explica por várias vezes como isso é doloroso mas ao mesmo tempo (estranhamente) prazeroso. E isso é muito real.
Outros temas como vício, problemas psicológicos/psiquiátricos, abuso sexual, abuso psicológico, pedofilia, relacionamento abusivo familiar e outros também foram trazidos por Kathleen Glasgow, e abordados muito cuidadosamente através de personagens bem construídos, que agregam muito à história.
Como uma sobrevivente de tentativas de auto-extermínio e uma pessoa que sofre de diversas doenças psicológicas que me levaram à automutilação, o livro conversou de uma forma mágica comigo. Me identifiquei com a Charlie como nunca me identifiquei com outro personagem. Ela colocou em palavras o que sempre senti, mas nunca soube dizer.
Esse livro é forte, importante e brutal. No entanto, antes de ler, é extremamente importante lembrar que ele tem VÁRIOS gatilhos e só deve ser lido caso você sinta que consegue lidar com o tipo de assunto que ele traz.
[ALERTA DE FRASE DO LIVRO/SEM SPOILER]
Segue abaixo uma das minhas frases favoritas do livro:
?Acho que você está tendo um tipo diferente de coração partido. Talvez coração partido por estar no mundo quando não sabe como estar nele. Isso faz algum sentido? Todo mundo tem esse momento, eu acho, o momento em que uma coisa tão... crucial acontece e que parte seu ser em pedacinhos. E aí, você tem que parar. Por um tempo, para recolher os pedaços. E demora tanto, não para juntá-los novamente, mas para montá-los de um jeito novo. Não necessariamente melhor, mas de um jeito com o qual você possa viver até ter certeza de que essa peça devia ficar ali e aquela outra aqui.?