Yasmin O. 04/03/2024Apesar de não me conectar com todos os ensaios, e, por outro lado, enxergar um pouco do subúrbio do capitalismo que é o Brasil naqueles que tratam dos shopping centers, dos automóveis, dos resorts, das igrejas, eu amo a escrita da Joan e as conexões entre temáticas que ela faz e nesse livro em específico me identifiquei com o estado mental de alienação e apatia da autora, que ela evidencia no primeiro ensaio e que é a sensação geral que tive lendo os demais. Esse livro combina muito com o título do maravilhoso documentário da Joan, The center will not hold, que inclusive nos fornece um contexto dos EUA e da própria autora que ajuda a entender melhor o espírito com que "O álbum branco" foi escrito. Como a própria Didion escreveu no ensaio As ilhas:
"Quero que entenda que está lendo uma mulher que, já faz algum tempo, se sente radicalmente apartada da maioria das ideias que parece interessar a outras pessoas. Está lendo uma mulher que, em algum ponto do percurso, extraviou a pouca fé que veio a ter no contrato social, no princípio melhorativo, no imenso padrão do esforço humano. Com muita frequência ao longo das últimas semanas, eu me senti uma sonâmbula, movimentando-me pelo mundo alheia às grandes questões do momento, inconsciente dos fatos, atenta apenas aos produtos dos pesadelos (...)".
Recomendo, especialmente para quem já teve algum contato com a autora e recomendo ainda o documentário da Netflix, The center will not hold, com o qual me escangalhei de chorar.