Silvana 24/07/2020
Existem duas Detetive Inspetora Chefe Erika Foster, a de antes e a de depois da morte de Mark, seu falecido marido. A Erika de antes era uma mulher extrovertida, amorosa, alegre, e uma estrela em ascensão dentro da polícia. A de agora, dois anos depois da morte de Mark, é uma mulher amargurada pela culpa, fria e que praticamente não tem vida fora do trabalho. E sua carreira vai de mal a pior. Mas Erika está tentando mudar isso fazendo alguns amigos, como a Detetive Inspetora Moss, o Detetive Inspetor Peterson e o Patologista Forense Isaac Strong, com quem trabalhou em seu ultimo caso. E é na casa de Isaac que Erika estava quando recebe a convocação para trabalhar em uma cena de homicídio.
A vítima é o Dr. Gregory Munro, que foi encontrado morto pela própria mãe que foi até a casa dele alimentar o gato, pois acreditava que o filho estava viajando. Gregory foi encontrado nu em sua cama com os pulsos amarrados na cabeceira e com um saco de suicídio envolvendo sua cabeça, o que a princípio leva a acreditar que ele morreu asfixiado. E Erika nota uma coisa muito estranha: o quarto dele está muito bem arrumado para um homem recém separado, como se a faxineira tivesse passado pelo quarto depois da morte dele. Isso e as revistas de pornô gay antigas encontradas dentro da gaveta da mesinha de cabeceira, porque até onde se sabe ele era hetero.
A principio a teoria é de crime de cunho homofóbico. E como um dos envolvidos no caso é um suspeito em uma investigação de pedofilia, Erika é convidada a se retirar do caso por seu chefe o Superintendente Marsh. Mas então acontece um segundo assassinato idêntico ao primeiro. Dessa vez a vitima é o famoso e polêmico apresentador Jack Hart. E ele não é homossexual, por isso cai por terra a teoria de crime de homofobia. A hipótese agora é de que eles estão lidando com um serial killer. Mas a unica coisa em comum entre as vítimas é eles serem homens solteiros bem sucedidos. Mas então eles descobrem uma coisa no segundo assassinato que muda completamente o rumo das investigações. E mais uma vez Erika tem sua capacidade questionada e ainda tem que lidar com o assassino que está ameaçando sua vida.
— E se não acontecer?
— Não acontecer o quê?
— Se não pegá-lo?
Erika se virou para ele. Os olhos dela estavam arregalados e não piscavam.
— A única coisa que vai me impedir de pegá-lo é a morte. A dele ou a minha."
Esse é o quarto livro que eu leio dessa série, mas ele é o segundo na ordem cronológica. Eu li tudo fora de ordem e recomendo que não façam o mesmo. Essa é daquelas séries que a vida da detetive é praticamente metade da história, por isso se for lido fora de ordem o leitor vai ficar perdido como eu fiquei. E falando na detetive. Tem autores que gostam de matar seus personagens, mas esse aqui gosta é de fazer a sua protagonista sofrer. Coitada da Erika. Metade do tempo ela está sendo humilhada no seu trabalho, que diga se de passagem ela é a mais competente de lá, e a outra metade do tempo ela está sendo agredida pelo assassino da vez.
Como ela bate de frente com seus chefes, mesmo eles sabendo da competência dela, eles sempre estão dando um jeitinho de puxar o tapete dela. E acho isso um absurdo porque eles deveriam colocar a captura dos assassinos acima de tudo. Se ela é a melhor que eles tem, deixa ela trabalhar poxa. Você não gostar de uma pessoa é uma coisa, agora você querer diminuir o valor dela é outra. E até porque ela não desrespeita nem questiona a autoridade de ninguém, o que ela faz é reclamar da falta de dinheiro e recursos por exemplo. A Erika não é uma pessoa fácil mesmo não, mas dai por qualquer motivo tirar ela do caso e ainda colocar alguém que claramente já errou e muito antes em seu lugar só por ser homem?
E mesmo achando um absurdo o que o autor faz com a personagem, eu tenho que reconhecer que ele usa a Erika para mostrar o machismo dentro da policia. Em todos os lugares na verdade, mas acredito que existem algumas profissões que isso é ainda pior e essa é uma delas. O tempo todo eles frisam que ela é mulher. A Erika sofre com o machismo de todos os lados. E nesse segundo livro em específico, o autor ainda usou de um outro personagem, que não vou falar quem para não soltar spoilers, para mostrar o quanto o machismo está enrustido em cada um de nós. E ele vem de todos os lados, de homens, mulheres, superiores, comandados...
Agora falando sobre o crime. Logo no começo do livro já dá para adivinhar quem é o assassino porque temos capítulos alternados entre a Erika e uma outra pessoa que obviamente é o dito cujo. Mas o autor vai soltando aos poucos o nome da pessoa, depois a motivação. E que motivos essa pessoa tinha. Se for olhar pelo lado da pessoa dá até para concordar que as vítimas mereceram o que tiveram porque o que esses caras tem de culpa no cartório não tá escrito. Mas mesmo a gente já sabendo quem é o assassino, não tira a graça da história. Até porque resta saber se a pessoa será pega ou não. E também se a Erika vai estar viva até o final do livro hehe.
E se tiver alguma coisa de negativo para falar sobre o livro, é que achei o enredo desse segundo bem parecido com o do primeiro. Tem alguns pontos que os dois livros seguem a mesma ordem. Eles descobrem o crime, a Erika discorda dos seus chefes, eles tiram ela do caso, e no fim quem resolve tudo é ela. E ainda tem o assassino ameaçando ela. Essa foi a sequencia de fatos nos dois livros. Mas ainda assim dei nota máxima para ele porque isso não foi algo que me incomodasse tanto assim. Quanto a capa, só eu que tenho medo delas? hehe. Termino a resenha indicando o livro para quem curte um bom livro de suspense policial.
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