Verão no aquário

Verão no aquário Lygia Fagundes Telles




Resenhas - Verão no Aquário


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Ceci 16/06/2022

Narrativa Intimista
Se trata de um verão da vida jovem Raiza onde a emergência da maturidade lhe bate a porta enquanto ela se vê apegada aos seus instintos tolos e infantis, alguém que não está disposta a crescer como pessoa. A complexa e hostil relação com a mãe é a cereja do bolo.

Qualidade da narrativa no sensível e sedutor padrão LFT. Embora sem grandes protuberâncias é viciante. A leitura é agradável e fluida é a construção da narrativa permeia uma sofisticada atmosfera que remete ao mormaço. Uma protagonista desagradável, egoísta e mto crivel.
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Eduardo 07/03/2023

Nadando no nada
Que angústia! Raíza nos arrasta para dentro de sua cabeça confusa, inquieta e borbulhante. E a gente acompanha suas tentativas frustradas de se relacionar com todos ao seu redor.

Ela simplesmente não consegue estabelecer uma relação saudável com ninguém.É muita dependência emocional, fruto talvez de um sentimento de abandono e vazio existencial.

A questão é que suas obsessões acabam se traduzindo de diferentes formas, como na rivalidade doentia com a mãe ou na falta de amor próprio que amarga com o amante.

Mas é tudo fachada. O nariz em pé de Raíza é uma casca que esconde problemas mais profundos e íntimos, que talvez um psicanalista (o bruxo da prima Marfa) conseguiria trazer à tona.

Seu estar no mundo é um mal-estar.

Não ajuda nada o calor dos infernos do Rio, que cozinha-lhe os miolos e dita o clima nauseabundo da narrativa. De algumas páginas pinga suor. E Raíza presa naquele aquário, fervendo viva.

O livro acaba no momento em que todas as temperaturas se acentuam, depois do inferno. É um novo nascimento, uma troca de pele. Não existe outra opção senão amadurecer, enfim.
Thais Franco 28/03/2023minha estante
Nossa, que resenha belíssima!


Eduardo 01/04/2023minha estante
Thais Franco, muito obrigado!




est.0 08/10/2021

uma escrita tão singular. confusa, mas envolvente. distância e atemporal. sentimentos e acontecimentos embaçados que de repente se tornam as coisas mais claras aos olhos da vida de quem lê.
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Lala 13/02/2022

?Você acha que eu represento?[?]
?O tempo todo,compreende??

Eu não ia escrever sobre esse livro, mas não escrever está me deixando mais inquieta do que o fato de não saber escrever sobre ele.
~
Gosto de imaginar que a Lygia é uma costureira.
Ao abrir o livro, não estou só fazendo essa ação, como também, estou abrindo a minha alma. Estou dando acesso livre as minhas cicatrizes e as feridas em aberto.
Junto ao virar das páginas, certas feridas, vão sendo costuradas pelas palavras. Não é dado o nó final porque, se tem algo que os livros dela me ensinaram, é que só eu posso ter essa função. Só eu posso finalizar a costura.

?Somos nós as palavras[?]E eu? Que palavra serei eu?"
~
Com uma prosa de tirar lágrimas e fôlegos, Lygia mais uma vez me tocou de uma forma profunda e inexplicável.
Assim como ?ciranda de pedra?, eu sinto uma urgência para falar sobre esse livro, mas me encontro em um estado que meu ar me foi tomado.
Eu estou dentro do aquário e?
eu preciso de ar. Desesperadamente.
Porque eu preciso que a vida continue, eu preciso viver. Eu preciso ser.
(Nós precisamos)
~
A uma vastidão em seus livros. De sensibilidade e de força. De imaginário e real.
Há estrondos.
E eu digo isso, principalmente, com relação as palavras que foram escolhidas. Muitas das quais são fortes, mesmo para falar de algo considerado-ingenuamente- supérfluo. Até porque, Lygia é daquelas autoras que não colocam nada ao acaso. Tudo tem significado.
Objetos como eternidade. Sons como atormento. Luz e escuridão como símbolos.
Tudo clama. Tudo se debate. Tudo se submerge ou?.afoga.
~
?Mas pelo menos eles lutariam. E nesse aquário não há luta, filha. Nesse aquário não há vida.?
O presente se torna dependente do passado.
Incapaz de ser igual ao passado, mas com uma incompatibilidade com o presente.
O imutável, é necessitado pela protagonista.
Raíza vive dentro do seu aquário, ao qual
não quer sair.
Porque é confortável. Porque é seguro. Porque é conhecido.
Sem se deixar conhecer águas novas. Lutar. Se encontrar. Viver. Se permitir.
Por mais que diga aos outros que ela está buscando uma nova versão de si mesma.
Ela não consegue deixar para trás quem ela é.
(Porque talvez, ela não devesse.)

?Estou só, logo, existo.?
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Giovana.rAdua 27/01/2022

Invejo Lygia por sua genialidade tremenda, invejo quem ainda não leu esse livro pois terá a oportunidade de lê-lo pela primeira vez com aquela fome que só as primeiras vezes trazem, e invejo ainda meu eu do futuro que retomará a ele feito Bíblia, ritualisticamente.

? ? André, não será tarde demais para qualquer coisa?... Talvez seja melhor continuarmos exatamente como somos, nos aceitarmos com coragem.
? Mas isso não é coragem, Raíza, é covardia.
? Somos assim tão ruins? ?
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thsimoesz 27/07/2023

A primeira obra que li da autora e sinceramente eu não tenho palavras.

Esse livro se encaixa no meu gênero favorito: ?mulheres doidas da cabeça? e definitivamente merece 5 estrelas. Uma vez que, os complexos sentimentos da personagem são expostos em uma rica linguagem, com tanta maestria, que só uma mulher poderia descrever.
A obra nos permite entrar na cabeça de Raíza, ver seus processos e seus motivos, entender as metáforas e conseguir enxergar o que ela deixou passar ao viver. Ver a vida de alguém pelo lado de fora, mesmo que a narrativa seja em primeira pessoa. Além da sua relação com outros personagens que, na minha opinião, foram muito bem explorados.
Definitivamente lerei mais da autora!
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Nay__ 26/05/2023

Fluxo de consciência: amo e odeio
Achei uma leitura muito pesada, parada e, como disse a mãe de uma amiga, dramática. Quando a Raíza se perdia nos pensamentos e voltava eu ficava meio perdida também.

Mas no final até que gostei. O final final mesmo achei que nem precisava, já que toda a história é mais pensamento do que ação. Houve que dissesse que não tem fim, tudo fica igual. Mas eu achei que mudou um tiquinho...

Tem muita camada, muito de psicanálise, muito de atualidade.

Lygia entrou na categoria na qual já tá a Clarice e a Virgínia Woolf, ler de vez em quando, ler devagar, mas ler sempre.
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Luíza | ig: @odisseiadelivros 14/02/2020

A saída do casulo
Um bom livro apresenta histórias ocultas diante a uma principal. E assim Lygia nos apresenta “Verão no aquário” (1964), com seus personagens ambíguos que nos revelam suas camadas, uma de cada vez, pelo olhar da protagonista, Raíza.
Esse foi meu segundo romance da Lygia. O primeiro, “Ciranda de pedra”, me impressionou muito. Aqui ela repete a linguagem utilizada, podendo ser um pouco confusa no começo, assim como pensamentos aparentemente desconexos da personagem que, indo mais a fundo, talvez possam ter sentido.
Em “Verão no aquário”, a personagem principal possui, visivelmente, um conflito com a mãe. O pai, alcoólatra, falecera quando ela ainda era criança. De herança, poucas de uma farmácia falida, um irmão considerado louco e uma sobrinha, Marfa, melhor amiga de Raíza. Ao decorrer da narrativa, descobrimos uma relação muito forte de Raíza com seu pai – quando criança, ela escondia as garrafas e taças de bebida para que a mãe não visse – e a constante oposição à mãe, uma escritora famosa de romances, que ela acredita ter um caso com um homem mais jovem, André, em crise devido a possível decisão de uma vida eclesiástica.
A desconfiança da filha a respeito da mãe faz com que cresça a dissensão entre elas. Além disso, Raíza, acredito – embora não tenha ficado explícito –, no auge de seus vinte e poucos anos, possui uma vida social muito ativa, bebe, fuma, sai para festas com os amigos e se envolve com homens mais velhos. André, para ela, é alvo de disputa, já que assim ela considera estar provocando a mãe. E talvez se tornando mais próxima à ela.
No decorrer do livro, parece que estamos vendo um verdadeiro aquário. Estamos dentro ou fora dele? Não sabemos bem. Raíza o observa, mas também participa dele. O que representa o aquário? Talvez a miséria dos pequenos “problemas domésticos”. Talvez o próprio ato de emergir, de sair do casulo, de crescimento, o qual Raíza está em processo. Um processo lento, cheio de idas e vindas, como as ondas de um mar no qual um peixe, confinado em um aquário, nunca vai encontrar.
Acredito que seja importante ressaltar a personalidade da personagem principal. Imprevisível, pouco passível de confiança, embora nos afeiçoemos a ela durante a narrativa, já que sua vontade de mudança parece deixá-la mais viva. Ainda assim, como já dito, não é um processo linear, é curvilíneo. Ela, confusa com as questões de desconfiança que permeiam sua vida, volta vez ou outra a praticar suas “pequenas perversidades” – as provocações àqueles que ela diz amar, sua tia, sua mãe, sua prima, seus amores.
Qual o destino do peixe? O final não deixa claro, mas espero que ele vá ao encontro do mar, agora que o verão terminou.
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ste0205 11/04/2022

Pode ser uma leitura que não me prendeu tanto como outras, mas acredito que seja pela dificuldade de lidar com temas tão recorrentes durante a vida de uma jovem adulta. Nunca é fácil sair do "aquário" em que vivemos e ler sobre situações de inveja, raiva e rivalidade com alguém que tanto amamos, para aqueles com mommy issues pode ser ainda mais doloroso. No entanto, uma leitura muito válida, escrita nota 1000 da Lygia, com certeza irei ler outras obras dela, mas que de preferência não me deem gatilhos kkk (chorando+rindo)
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Toni 20/02/2019

Segundo romance da Telles, publicado um ano antes do golpe civil-militar de 64, ‘Verão no aquário’ traz uma atmosfera de sufoco, delírio e incertezas. Como sugere a metáfora do título, é um romance de confinamentos afetivos e languidez exasperante, hermeticamente construído como se pudesse explodir a qualquer momento nas mãos de sua narradora, a jovem Raíza. Órfã de pai, um alcoólatra fracassado, pianista frustrada, festeira, contemplativa e profundamente ambígua, Raíza vê o mundo e as pessoas como cenas desgastadas de um filme antigo, e nutre por sua mãe, escritora de sucesso, um sentimento corrosivo de rivalidade.
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É claro que o parágrafo acima não faz mais que uma leitura superficial e, em se tratando de um romance da Lygia, não é de espantar que outra história se movimente em seus interstícios. O conflito entre mãe e filha esconde questões de maior vulto, como o amadurecimento forçado de uma geração, os desacordos da liberdade e a disfuncional querela entre viver o real e habitar fantasias. Apegada ao passado (e à riqueza perdida da família), Raíza faz jus a seu nome e se quer sempre segura e inabalável, cerrada em sua concha (elemento presente em ‘Ciranda de pedra’ e ‘As meninas’). Por isso mesmo, faz com que o tempo da narrativa pareça igualmente estagnado (volta e meia as mesmas lembranças vêm à tona), o que dá a impressão de pouco movimento temporal e espacial. Sua mãe, no entanto, lembra em mais de uma ocasião: “no aquário não há luta, não há vida”.
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No lusco-fusco das dissimulações de Raíza -- que confessa representar o tempo todo, “mesmo sem querer, o que é pior ainda” -- Lygia Fagundes Telles nos entrega mais um romance sem soluções fáceis, marcado por uma simbologia consistente e muitos como-se’s. Está longe da força devastadora de seu próximo romance, ‘As meninas’, mas não deixa de ser um triunfo narrativo sobre a busca por um sentido na vida e sobre aquelas inúmeras pontadas de dor que acompanham o amadurecimento.
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Jessi 28/08/2022

A cada leitura ela me surpreende mais!!
A primeira vê que eu li algo dela foi ano passado coma ?as meninas?, é de lá para cá ela só me surpreende mais com seus livros de romance, confesse que Deus contos ainda são um desafio para mim, pois prefiro mais os romances dela, mas sinceramente que mulher, sempre surpreendendo colocando surpresas te fazendo prender no livro. Amo, simples amo os romances dela
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victoria 15/01/2024

Resumo da ópera: mommy issues
Caraca, QUE LIVRO! O que dizer da escrita da Lygia? Ela conseguiu transmitir perfeitamente a sensação de um verão sufocante e me fez experimentar fortemente as sensações vivenciadas pela protagonista.

A questão do mommy issues me pegou forte e fez a história fazer ainda mais sentido para mim.

Ademais, como criticar a Raizza se eu muitas vezes também sinto medo da mudança, medo da solidão, medo de sair do meu próprio aquário?

Favoritadíssimo ??
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Joao Lira 22/03/2024

Verão no Aquário, Lygia Fagundes Telles
A sensação que eu tive lendo esse texto é de que eu estava num sonho daqueles bem oníricos que a gente vai e volta e se perde e demora um pouco a entender o que está acontecendo. A história aqui mora nas sutilezas e na atmosfera que a autora criou.
É um verão. Mas não aquele verão que traz vitalidade. Praia, sol, vento, vida não são elementos dessa história. Pelo contrário, é um verão intimista ? abafado, sudoreico, úmido e na iminência de uma tempestade. E nele temos uma narradora personagem (Raíza) na sua juventude, vivendo com a mãe (com quem ela nutre certa rivalidade) e envolta de outros personagens mas presa em si mesma.
Raíza mente o tempo inteiro (para si, pois pra mim, não me convenceu fofa kkkk) ao afirmar que quer ser livre e ter a vitalidade daquele verão lá de fora. Porém não custa muito para o leitor perceber que ver a vida e suas tragédias acontecendo externamente, enquanto ela vive sua vidinha abafada e cheia de privilégios do lado de dentro é mais cômodo ? mesmo que isso traga incômodos existenciais sobre ?não ter identidade/personalidade?.
Raíza olha para o aquário de sua sala e se reconhece naquele peixinho. Poderia estar no mar, onde tem muitos perigos. Mas ali, tendo sua água trocada, comida adequada e o ambiente limpo das impurezas e sujeiras persistentes parece ótimo. E isso teve tamanho impacto em mim? sinceramente, que medo de ser a Raíza ? ficar preso num mundo fútil de aparências enquanto a vida real acontece ao meu redor. Chego até a pensar que esse livro é de terror, inclusive.
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Adriana1161 28/02/2018

Bem escrito, mas um pouco enfadonho
O livro alterna momentos bons e momentos chatos.
Já li outros livros da Lygia que gostei bastante, acho a biografia dela bem interessante tb, mas esse livro não me cativou.
A história não me prendeu muito, mas a autora escreve muito bem. Ela faz a gente pensar junto com a protagonista.
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Rodrigo 22/07/2021

Relações familiares
Uma história que nos envolve a cada página e permite que percebamos como as relações familiares são importantes para nos conhecermos e tomarmos decisões mais assertivas.
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