Verão no aquário

Verão no aquário Lygia Fagundes Telles




Resenhas - Verão no Aquário


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fev 10/03/2023

É sobre o definhar em todos os sentidos. É definhar na vida, nos amores e nas relações. É tentar e não conseguir. Talvez a mudança acontece depois de um choque que o coloque nos trilhos.

A escrita e a história são interessantes. Gostei de alguns pensamentos, mas não fui conquistado pelos personagens.
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Nayane46 24/02/2023

Raíza é uma jovem adulta que tem atitudes ainda imaturas e por vezes busca o excesso, seja nas festas, no relacionamentos ou no sexo. A mesma perdeu o pai quando era mais nova e a pesar deste ter sido um alcoolatra, ela recorda do pai com muito carinho e por vezes tem visões oníricas deste. Contudo, tem um relacionamento conflituoso com a mãe, Patrícia, que é uma talentosa escritora. Patrícia mantém uma amizade com o ex-seminarista, André, o que gera uma dúvida em Raíza se ambos tem na verdade um caso. Cria-se na personagem principal uma obsessão pelo rapaz, fazendo com que Raíza tente conquistá-lo ao longo da história.

Raíza vive em seu mundinho imaturo como quem vive em uma redoma, ou num aquário. Para crescer ela precisará sair e adentrar no mar aberto. Uma conversa sobre esse assunto também acontece entre Raíza e sua mãe:

"? Vou pedir à titia que vista uma roupa de fada e me transforme num peixe. Deve ser boa a vida de peixe de aquário ? murmurei.
? Deve ser fácil. Aí ficam eles dia e noite, sem se preocupar com nada, há sempre alguém para lhes dar de comer, trocar a água? Uma vida fácil, sem dúvida. Mas não boa. Não se esqueça de que eles vivem dentro de um palmo de água quando há um mar lá adiante.
? No mar seriam devorados por um peixe maior, mãezinha.
? Mas pelo menos lutariam. E nesse aquário não há luta, filha. Nesse aquário não há vida."

"Verão no aquário" é uma obra interessantissima e a Lygia é uma escritora genial que escreve com maestria. Há um capítulo em que Raíza vai a uma festa. A autora conseguiu descrever com tanta nitidez que eu pude vivenciar também um pouco dela. O entorpecimento pelo álcool, o modo alterado, a dança, etc.
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Letícia Melo 12/01/2023

raíza que vive esse verão super quente carrega no nome o quanto não consegue se desprender. me identifico com várias facetas da personagem. a que não sabe encerrar ciclos, a que romantiza o que já se foi pois consegue moldar como quer. a que entrega para cada um que conhece uma versão de si, mas nunca si por completa. essa talvez nem ela conhece. raíza me confundia com tantas coisas que afirmava em pensamento, poucas vezes cheguei a saber o que era real, mas gostava de tudo que ela sabia contemplar. lygia sabe moldar sonhos em páginas, toda a leitiura foi extremamente sensorial. talvez esse seja o livro em que ela mais dança com as metáforas. já marfa é aquela personagem inquietante, leria mil livros só sobre ela.
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Paloma.Pinheiro 22/09/2022

Um livro que desmistifica a família tradicional
Esse livro é um verdadeiro quebrando tabus a começar pela representação de uma família nada tradicional em que a mãe uma escritora de renome sustém a casa enquanto o marido é alcoólatra e perde a Farmácia da qual era dono. Esse livro é narrado pela perspectiva da filha do casal cujo nome é Raíza, e manifesta a relação mãe e filha narrada em primeira pessoa pela Raíza. A filha se sente intrigada com a história da mãe que se envolve com um seminarista (aparentemente em uma relação de amizade, como se trata de um livro da Lygia Fagundes essa é uma deixa para conclusão do leitor) e decide que está apaixonada também por André, os conflitos e o desenrolar da história fica para quem for ler.
Um livro de grande significado, que levanta questionamentos e rompe com a boa moral e
bons costumes
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ricardo 15/07/2022

?Fiquei sorrindo e pensando em minha mãe. Tão deusa, tão inacessível, as vinte mil léguas submarinas longe daquela vulgaridade que se pintava diante de mim. E o mesmo triste lado humano na sede de mocidade: o mais velho sempre sugando o mais jovem na ânsia de alguns anos de seiva. E como ela soubera manejá-lo, com que finura conseguira atraí-lo criando uma atmosfera mística de incesto. A sonsa. Mas a mim não iludia da mesma forma que a mulher-gata não iludia o espelho: eu era o espelho da minha mãe, em mim ela se refletia de corpo inteiro. Senti um calafrio. Levantei-me. O suor corria pelo meu pescoço. E se eu fosse um espelho deformador de imagens como o espelho louco do parque de diversões??
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Lucas1429 30/11/2021

Revolução de verão (fora do aquário)
Me adianto a justificar as três estrelas: antes elogiosas que pejorativas, anotadas pois de um afeto comedido, pessoal. Lygia é minha autora brasileira cativa, e este livro com sua pontaria certeira, como só a menina de São Paulo sabe lançar fogo, vem tímido após grandiosos monumentos, tais quais "As Meninas" e "Ciranda de Pedra" - em minha ordem de leitura, não cronológica de edição. Citando os romances; nos contos, similar à prosa Lispectoriana, a soberba é ainda maior, e acompanhada de razão.

Mas aos louros: Lygia mais uma vez trespassou o status de escritora da burguesia, ela simplesmente tem o prazer de detoná-la, incitá-la e desnudar sua mea culpa. São esses seres complexos, quiçá economicamente distantes, que datam da vivência da autora que as expressa em redução de danos. E como não apreciá-las em seus tempos datados, em que a obra romanceada vem completa do pretérito secular, período de desassossego social e político. Na frente da urbanização crescente e desagregação familiar, suas jovens protagonistas, sempre mulheres, cumplices de sua criadora, sempre avistam os espectros contemporâneos e vindouros. Raíza aqui, portanto, é uma jovem adulta preparada para o mergulho além mar, fora da caixinha vitral título - aliás, as metáforas são presenças pertinentes em cada traçado do texto.

Com ela, acompanhamos sua trajetória narrada nos meandros dos anos 60 (data de publicação, também) como a própria peça-chave de seus acontecimentos. Cercada de regaços juvenis típicos, namorados, festas, bebidas, Lygia lhe permite transcender contra o tradicionalismo (ela que sempre liberta suas criações do moralismo, fazendo isso mesmo, concedendo liberdade); mas muito em vão, Raíza é perdida em sua confluência característica. Mais ainda no enamoramento platônico por André, um seminarista amigo íntimo de sua mãe que ela julga serem amantes. Trava sua guerra pessoal materna ali. Isto, soa como um capricho imaturo; contata-se maduro aos olhos do espectador ao longo das páginas até seu fim.

A obra aflui, talento de sua criadora, costura-se bem espécimes corriqueiros de um bem comum qualquer, pessoas de tipos, tamanhos e comportamentos, tias pacatas, primas esparramadas, amantes singulares, condutores do entorno de Raíza, em que até mesmo Patrícia, sua mãe disciplinada a martelar a máquina de escrever diariamente na concepção do novo romance, não escapa da postura que a filha atribuí como detratora de sua relação com a progenitora. A jovem é apenas conciliadora de sua internalizada jornada inconclusa, perdida (em andamento). Na busca por respostas, na estirada disposta para nós por Lygia, é clara a defesa à protagonista: ela espelha-se em milhões de rostos a fora. Nosso verão permeia-se de atitudes de enclausuramento inato, acalorados, superados quando possível na mudança de estação. Há aí a joia que pode se exprimir em corações leitores a avaliá-lo melhor, juro que não ficarei malogrado.
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