Julia G 22/12/2017Um verão para recomeçarTodo mundo aqui já deve ter se deparado com um livro que sabia que iria fazer chorar e acabar com o emocional, mas arriscou mesmo assim e o resultado foi exatamente como pensava. Um verão para recomeçar é esse tipo de livro, a sinopse já demonstra que não traz uma leitura fácil, mas fiquei surpresa com a forma como um enredo que tinha tudo para ser clichê conseguiu sair do comum e reinventar as tramas já batidas sobre relacionamentos e perdas. Não sei como explicar, porque apesar de usar de elementos que estão presentes em tantas obras, o livro conseguiu se diferenciar e me conquistar completamente.
O livro é narrado em primeira pessoa por Taylor, uma garota de 17 anos que está prestes a voltar para o lago Phoenix, onde passou todos os verões de sua infância, mas para onde não vai há cinco anos. Embora preferisse não voltar para lá mesmo depois de todo esse tempo, a notícia de que seu pai tem câncer terminal faz toda a família retornar à casa de veraneio para aproveitar, juntos, seus últimos meses de vida. Taylor também gostaria de não reencontrar Henry, seu primeiro amor, e Lucy, sua ex melhor amiga, depois do que fez aos dois no último verão no lago, mas, em um lugar tão pequeno, é claro que ela não terá essa sorte.
"[...] Ao ler as perguntas novamente, percebi que não sabia o que meu pai responderia em nenhuma delas. E ainda que ele estivesse sentado à minha frente, colocando mais calda nas suas panquecas de mirtilo e batendo em sua xícara para que colocassem mais café, percebi - mesmo odiando sabê-lo - que em algum momento, algum momento em breve, ele não estaria mais ali para eu perguntar."
Apesar de a capa sugerir um Young Adult voltado para o romance, resumir o livro dessa forma é restringir demais sua proposta. O romance está lá sim, mas é apenas uma pequena parte de Taylor. O livro é muito mais sobre relacionamentos em geral - com a família, os amigos e também com um possível amor - do que sobre romance, e acho que é isso que o torna tão especial. Foi um choque para mim pensar nas mensagens trazidas pela autora sobre a necessidade de redescobrir constantemente as pessoas com quem convivemos dia após dia, pois assim como a personagem, sei que nem sempre tenho aproveitado momentos preciosos como deveria.
Embora o livro comece a tratar dos assuntos mais pesados de forma sutil, em determinado momento é perceptível o aprofundamento da história, e os temas importantes são mostrados de forma crua, sincera, sem beleza nenhuma. É duro, sim, ver o sofrimento do pai de Taylor pelos olhos dela, mas é realista e necessário. Gostei de acompanhar o amadurecimento da protagonista, que deixou de ser uma garota medrosa e fujona, para estar presente e encarar o inevitável, ainda que doesse. E embora isso não pudesse poupá-la do sofrimento, também trouxe alguns presentes, como a reaproximação com os irmãos, com a mãe e com antigos amigos que tinham sido tão importantes para ela.
"[...] E, apesar das circunstâncias que nos trouxeram ali, não pude deixar de me sentir feliz por esse momento que compartilhávamos juntos, finalmente como uma família."
Eu adoro o verão e, ao ler sobre as lembranças de Taylor naquele lago e os novos fatos que está a construir nesse novo verão, tive uma "sessão nostalgia" para relembrar minhas próprias histórias. Isso porque a trama é tão gostosa de acompanhar, tão simples e intensa ao mesmo tempo, que dá a sensação de que poderia ter acontecido conosco também. Por isso, ainda que haja sim um bom clichê e uma dose extrema de drama, a empatia é tanta para com os personagens que é difícil desgrudar da leitura.
De fato, Um verão para recomeçar traz importantes mensagens sobre valorizar o presente e as pessoas que amamos. É aquele tipo de livro que te deixa com lágrimas nos olhos só de rememorar a trama, mas que você sente que vale a pena ter lido e ter chorado por ele.
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