Leonardo 24/10/2020Quem julga erra sempre.Neste livro que abriga, num geral, homilias e discursos do Papa Francisco pode-se ler na íntegra seu posicionamento no tocante a diversos assuntos polêmicos e ficar mais próximo com o pensamento do Papa. Recentemente tenho visto muitas pessoas quase que sedentas para encontrar um erro na fala do Papa, e isso vindo de ditos católicos. Isso é muito estranho, mas eu já fui assim também, quem sou eu para julgar? Reflita só um pouquinho, caso sejas um católico (talvez isto sirva para qualquer cristão que creia que o ecumenismo é necessário): se o Papa está fazendo coisas que você julga estarem erradas na posição dele, ore por ele, dirija sua palavra ao Altíssimo dizendo que você vasculhou tudo o que tinha que vasculhar (aposto que não) e percebeu um erro gravíssimo do Papa.
Voltando ao livro, creio que não dá para se ter noção de um pensamento mais aprofundado do Papa. Não. São discursos e homilias breves de pouquíssimas páginas cada compilados por assunto. Separei alguns discursos do Santo Padre que me agradaram por ter me levado a um auto-exame, confirmar algo ao qual eu acredito ou outras coisas mais que não vou ficar aqui analisando.
Antes de mais nada, gostaria de destacar um dos trechos que melhor descreve o que tem se passado:
"Dos três pecados — a desinformação, a calúnia e a difamação —, a calúnia parece ser o mais grave, mas, na comunicação, o mais grave é a desinformação, porque leva você a cometer um erro, leva você a se enganar, leva você a acreditar somente numa parte da verdade. Discurso, 15 de dezembro de 2014." (Posição 1775).
Bom, se se é católico e se está caluniando ou difamando a partir de uma desinformação, há um lugar quente reservado para quem faz isso. Informe-se melhor, veja o que acontece na íntegra. Procure opiniões de autoridades no assunto, não buscando o viés da confirmação.
O que é que Jesus destaca como os dois mandamentos mais importantes? Amar a Deus sob todas as coisas e amar ao próximo como a ti mesmo, não é? Refletindo em cima desta resposta que Jesus deu, e casando bem com o título deste livro, destaquei o seguinte:
"Se, em nosso coração, não há misericórdia, a alegria do perdão, não estamos em comunhão com Deus, ainda que observemos todos os preceitos, porque é o amor que salva, não apenas a prática dos preceitos. É o amor a Deus e ao próximo que dá cumprimento a todos os Mandamentos." (Posição 286).
Adianta de quê vestir a roupinha todo final de semana, ir à missa, cumprir todos os preceitos, sentir-se bem com aquilo, ter uma capa perfeita e, no fundo, lá no profundo do nosso coração, não haver misericórdia para com o próximo? Imagine alguém que lhe fez um grande mal. Um mal tremendo. Se não existir esta pessoa em sua vida, imagine alguém que lhe irrita. Pense nele. Que é que se passa na nossa cabeça? Podemos responder que só queremos o bem dele pra continuar vestindo a roupinha, mas, será que é isso mesmo? Lá no fundo do coração, como está? Tirei bom proveito dos destaque a seguir:
"Qual é o perigo? É presumirmos que somos justos e julgarmos os outros. Julgamos até Deus, porque pensamos que Ele deveria castigar os pecadores, condená-los à morte, em vez de perdoar. Nesse caso, sim, arriscamos permanecer fora da casa do Pai! Como aquele irmão mais velho da parábola que, em vez de ficar feliz porque seu irmão voltou, irrita-se com o pai que o acolheu e celebra." (Posição 283).
"Quem julga erra sempre. E erra porque toma o lugar de Deus, que é o único juiz. Na prática, acredita ter o poder de julgar tudo: as pessoas, a vida, tudo. E com a capacidade de julgar considera ter também a capacidade de condenar." (Posição 356).
"Ser cristão não é uma aparência ou uma conduta social, não é maquilar um pouco a alma, para que seja um pouco mais bela. Ser cristão é fazer aquilo que Jesus fez: servir. Ele veio não para ser servido, mas para servir." (Posição 1791).
Agora, para não dizer que eu estou só vestindo uma roupinha também, confesso que fiquei no mínimo curioso quando percebi que alguns assuntos seriam abordados aqui. Minha curiosidade surgiu tanto no momento ao qual eu li o índice quanto quando surpreendi-me com os ditos assuntos polêmicos. Foram vários, mas os mais importantes, segundo minha ótica foram: relativismo e comunismo. Sobre o relativismo destaquei:
"A cultura do relativismo é a mesma patologia que impele uma pessoa a aproveitar-se de outra e a tratá-la como mero objeto, obrigando-a a trabalhos forçados ou reduzindo-a à escravidão por causa de uma dívida. É a mesma lógica que leva à exploração sexual das crianças ou ao abandono dos idosos que não servem aos próprios interesses. É também a lógica interna daqueles que dizem: “Deixemos que as forças invisíveis do mercado regulem a economia, porque os seus efeitos sobre a sociedade e a natureza são danos inevitáveis”."
"Uma cultura na qual cada um quer ser portador de uma verdade subjetiva própria faz com que se torne difícil que os cidadãos queiram participar de um projeto comum que vá além dos interesses e desejos pessoais."
"Portanto, não podemos pensar que os programas políticos ou a força da lei sejam suficientes para evitar os comportamentos que afetam o meio ambiente, porque, quando a cultura se corrompe e não se reconhece mais nenhuma verdade objetiva ou princípios universalmente válidos, as leis serão entendidas somente como imposições arbitrárias e como obstáculos a serem evitados."
Sobre o comunismo foi um só destaque e acho que é aqui que o pessoal pega no pé do Papa. Vamos lá, todo mundo já viu em algum lugar dizerem que este Papa é comunista. O que o Santo Padre parece estar fazendo é resgatar o que foi sequestrado pelos comunistas, a bandeira dos pobres, pois ela sempre foi cristã:
"Digo somente que os comunistas roubaram a nossa bandeira. A bandeira dos pobres é cristã. A pobreza está no centro do Evangelho. Os pobres estão no centro do Evangelho."
A quem interessar ler, vale a pena para se inteirar do que o Santo Padre vem falando sobre diversos assuntos.