Caverna 01/05/2018
Merry é uma garotinha de 8 anos que tem sua casa invadida por câmeras e roteiristas que irão dirigir um reality show sobre sua irmã de apenas 14 anos, Marjorie, assim como a presença de padres que farão o exorcismo de Marjorie é constante.
De início, Sarah e John, pais das duas garotas, tentam levar a filha mais velha ao médico e ao psiquiatra, crentes de que Marjorie sofria de algum transtorno mental que a fazia agir de modo diferente e ouvir coisas. Apesar das tentativas de consultas médicas e tratamentos com remédios, Marjorie não melhorava; na verdade, suas atitudes se tornavam cada vez mais grotescas. Ela tinha surtos em que se grudava à parede, falava outras línguas e em tons diabólicos. Ela admitia aos pais estar possuída, com um demônio em seu corpo, e que não aguentava mais escutar as vozes.
A família aos poucos desmoronava. Sarah e John viviam discutindo quanto ao que fazer com relação à Marjorie, e embora tentassem afastar Merry de toda a situação, a garotinha sempre vira a irmã como uma melhor amiga, e agora vê-la contando histórias absurdas e horripilantes a assustava. Merry temia não apenas a irmã, mas temia por ela.
Depois de um tempo, John resolve levar Marjorie para ver um padre, e é quando surge a proposta de um reality show que veio a ganhar o nome de A Possuída. A família estava falindo, e a ideia veio a calhar, já que além de receberem retorno financeiro, os pais achavam que enfim poderia haver uma salvação para a filha com a ajuda dos padres.
Mas no fim, não é exatamente isso o que acontece.
Como muitos sabem, nós da Caverna adoramos terror. Estava ansiosa para conferir a obra desde seu lançamento, e já havia lido algumas resenhas que destacam a grande questão da história: Estaria Marjorie realmente possuída ou apenas fingindo?
Eu já tinha achado essa dúvida bem interessante, já que na maioria das histórias é determinado que a pessoa está possuída e ponto. Nesse sentido, a obra se faz original, principalmente por não existir uma resposta para a pergunta. Podemos criar teorias e chegarmos à nossa própria conclusão, mas em momento algum o autor revela se havia uma força sobrenatural na casa ou se toda a loucura fora proveniente da mente perturbada de Marjorie.
A história é narrada por Merry, portanto o autor dá uma “aliviada” na tensão através de devaneios da pequena garota, que fala bastante sobre querer chamar a atenção não só dos pais, mas também do pessoal do programa, como se tudo fosse uma brincadeira divertida. Sendo tão nova, o leitor pode visualizar com facilidade o quanto tudo afetou a vida de Merry e como, por ser apenas uma criança ingênua, foi manipulada de uma forma terrível.
Embora o gênero da obra seja terror, as cenas onde tais eventos ocorrem são poucas, então eu diria que é mais um terror psicológico do que de botar medo. Ao longo das páginas, temos partes em que uma blogueira comenta sobre a série de sucesso e sobre como possuía vários aspectos de outros filmes/livros conhecidos de terror e suas semelhanças. As referências para os amantes do gênero são bem legais, e as comparações só servem para levantar novamente a questão quanto à Marjorie estar realmente possuída. E, se não estivesse, porque ela faria tudo aquilo? Com que intenção?
Uma coisa é certa: Havia muitas sombras envolvendo Marjorie. Psicológicas, sobrenaturais, não importa; existia algo ruim e maldoso nela que não tardaria a aparecer.
Ainda assim, exceto nos momentos de insanidade, Marjorie era uma adolescente normal. Reclamava, interagia com os pais, e por isso chegar a uma opinião concreta quanto à possessão é algo realmente complexo pro leitor.
Paul escreveu um livro que pode não te aterrorizar, mas certamente te deixa incomodado e com uma sensação estranha, o que nem de longe é algo negativo. E quando achamos que já acompanhamos a pior parte da história de Merry, o final chega e é sombriamente surpreendente. O tipo de livro que termina e continuamos pensando nele por dias.
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