Sofia Dionísio 31/12/2023
Tarefa de casa da terapia
Quando sua psicóloga te empresta um livro sobre autismo em mulheres, você começa a desconfiar que ela esteja desconfiando de algo... Bem, eu já estava fazendo a análise neuropsciológica e já sabia que o que era mais provável era o autismo, mas esse confirmou que ela já sabia que era. E é. Dito isso, espera-se que essa leitura tenha sido intensa e tocante e abriu meus olhos, mudou minha vida, né? Bem, nem tanto. Não me identifiquei tanto. Eu tenho uma motivação social grande, e não tenho tantos problemas sensoriais quanto a protagonista, sem nem falar que, mesmo que eu saiba que é só uma questão de contexto histórico, ver "Aspenger" sendo usado, principalmente no sentido de um autismo mais "leve", sempre me abala negativamente. O traço é bacana, e entendo que o projeto em si do livro, baseado na experiência real de uma pessoa que teve um diagnóstico tardio e quis espalhar sua história como forma de conscientização. Mas muitas vezes eu senti que era um livro escrito para neurotípicos sobre pessoas autistas, e de novo, não me identifiquei tanto assim com os traços autistas da protagonista, o que fez a leitura ser mais alienante do que esclarecedora. Eu recomendo, mas fico triste que tinha o potencial de ser mega importante para mim e não conseguiu ser.