O escravo de capela

O escravo de capela Marcos DeBrito




Resenhas - O Escravo de Capela


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Malucas Por Romances 11/09/2017

Malucas por Romances tbm ler Terror haha
O Escravo da Capela se passa na época escravocrata do Brasil Colônia, no final do século 18. A história tem como cenário a Fazenda capela e seu canavial. Nesse cenário vamos conhecer a família Cunha Vasconcelos e alguns escravos dessa fazenda. A família é composta pelo pai - grão senhor - Antonio Batista, o filho mais velho e capataz Antonio Batista Segunda, um homem sádico e sem um pingo de amor, e o filho mais novo Inácio, recém chegado da Europa e formado em medicina, com uma ideologia totalmente diferente da sua família.

Antonio Batista Segundo é um homem perverso e totalmente sádico, ele não tem um pingo de piedade pelos escravos. E é nesse infeliz cenário de dor e crueldade que conhecemos o escravo Sabola.

Sabola é novato e não fala a língua portuguesa, logo que chega na fazenda ele sente muita raiva pelo tratamento que recebe e pelos castigos recebidos, gerando uma grande amargura e rebeldia. E no meio desse sentimento de revolta Akili um senhor que foi incapacitado de andar após um dos castigos nele infligido, e no meio de todo esse sofrimento uma cumplicidade entre eles acaba surgindo.

Já Inácio é aquele que tem um pensamento "pra frente" e já acredita no fim da escravidão, debatendo inclusive algumas vezes a forma que ele trata os escravos e o pai apoia. Ele acabou de chegar mas se sente fora do lugar, como se essa fazenda não fosse o lugar certo pra ele, mas em meio tanto desconforto ele acaba se apaixonando por uma escrava, a Damiana, e com isso também um amor proibido na época.
"As pás foram movidas e o defunto desmembrado começou a ser enterrado sem sequer terem lhe retirado o saco encharcado de sangue da cabeça. Apenas a boca escancarada, que insistentemente buscara o ar nos seus últimos suspiros, estava descoberta e não foi poupada de ser alimentada com a terra que o encobria."
O autor nos mostra em cada detalhe e em cada sentimento descrito a forma sem dó nem piedade como os escravos eram tratados, as chicotadas, os castigos, e inclusive a religião que eles eram obrigados a seguir. Além de mostrar a humilhação e sofrimento em cada abuso das mulheres que vivem somente pra servir os homens da casa. Eu não sei expressar exatamente o que senti, mesmo sentindo a tristeza em cada página eu fiquei feliz, pois o autor não teve meias palavras e colocou no papel alguns dos detalhes de todo sofrimento dos escravos na época.
"Sonhar ainda é uma das poucas coisas que os brancos não tiraram da gente."
E no meio de toda essa trama algo acontece, e é onde o autor vai introduzir a lenda do Saci Pererê. Nesse momento queria soltar vários palavrões para descrever, mas vou dizer que foi FANTÁSTICO! Eu amei a forma, onde o Saci não é um garoto levado, mas ele está ali em busca de vingança e justiça. E no meio disso tudo além de ter sangue escorrendo pelas páginas, os segredos mais sórdidos serão revelados.



site: https://malucaspor-romances.blogspot.com.br/2017/09/resenha-o-escravo-de-capela-marcos.html
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Marissa Tuthor 19/09/2017

Escravo da Capela - Livro mais que perfeito
Resenha do livro mais que perfeito “Escravo da Capela” do autor Marcos deBrito.
Nunca tinha lido as obras do deBrito, então comecei a leitura assustada, com certo receio por conta de temer que fosse terror do início ao fim. Bem.... Surpresa! E daquelas surpresas que te deixam em êxtase literário! Quando me dei em conta já estava na metade do livro e o terror que apresentava era fascinante! Durante a leitura, por várias vezes percebi que precisava respirar, já que o lia com tanta cede que esquecia que preciso de oxigeno para viver! Acredito que no momento da leitura meu corpo acreditava que a única que precisava era continuar lendo e lendo desesperadamente, para saber aonde vai parar a história. E uma característica que eu não esperava, leitura que achei que seria difícil para mim, mas não foi, amei como ele escreve de forma que te cativa e que te envolve totalmente do início ao fim.
Um livro tão dinâmico e envolvente, que você torce e se comove com os personagens que revelam a dor da escravidão. A trama, que te passa tanta veracidade, que você vai na capa ver se tem algo como história baseada em fatos reais escrito nela. Como amo contos e histórias do período colonial, acabei me apaixonando, não apenas pela narrativa, mas pelos personagens, sua garra e mais ainda, apaixonei-me pela escrita, que daquele tipo de coisas que ao término você se pergunta “por que não li esse livro antes?”.
Bem sabem que quando faço resenha, não sou fã de “spoller”. O que posso dizer é: recomendo mais que tudo. Leiam, não irão se arrepender. Uma leitura de peso, que te diverte, e te proporciona uma nova visão de alguns fatos históricos-nacionais. Uma obra que vem reafirmar o que já sabemos: o Brasil tem uma nova geração de autores de peso, que com suas escritas envolventes e criatividade vem cativando cada vez mais o público. O deBrito é um deles!
Se você está a procura de um livro para relaxar e passar horas de lazer: Leia esse. Nele você terá romance, drama, uma pitada grande de terror e acima de tudo muito dinamismo na escrita. Li a obra em aproximadamente 6 horas somente, . Toda vez que precisava parar ficava frustrada, ficava com aquele gostinho de quero mais.
Apaixonei pela forma envolvente que o autor escreve, e vou atrás de outras para ler. Agora Marcos terá de me suportar como fã, por que quero ler cada um de seus livros.

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Fabi @FLeituras 01/10/2017

O Escravo de Capela
O Escravo de Capela é um livro bem interessante e se passa durante o Brasil colônia.
Sabola é um escravo recém-chegado a Fazenda Capela e em seu primeiro dia é açoitado sem nem mesmo entender o motivo por não conhecer a língua de seus agressores. Nesta ele conhece o velho Akili, que trata seus ferimentos e decide ajuda-lo a arquitetar um plano para escapar da fazenda usando seus conhecimentos sobre ela.
O livro é bem forte, com cenas de a violência física, verbal e emocional, demonstrando como os escravos eram tratados. Apresenta também a imposição religiosa, linguística e cultural e a forma bruta como aconteceu.
O livro é muito bem escrito e prende a atenção facilmente. É uma forma de conhecer um pouco de história (não apenas nossa) e perceber como as lendas são modificadas. A forma que foram retardados o “Saci” e a “Mula sem Cabeça” torna a história bem mais assustadora e para um público maduro.
Os personagens da história são bem construídos e conseguem passar várias emoções. A maioria deles está apenas preocupado com si mesmo e como pode se beneficiar, ignorando o sofrimento que pode causar aos outros ao seu redor. A quantidade de personagens egoístas chega até a causar uma revolta interior.
Há vários trechos soturnos e apreensivos, o final é cheio de revelações e reviravoltas, conseguindo ser feliz e triste ao mesmo tempo. Há uma leve pitada de romance na história, porém o que predomina é o massacre e a vingança.
Este definitivamente não é um livro para pessoas sensíveis.
Um destaque para a lateral das páginas que é pintada de vermelho e para as páginas grossas.
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thaisdreveck 05/09/2017

Resenha
Livro: O ESCRAVO DE CAPELA
Por: MARCOS DEBRITO
Editora: FARO EDITORIAL

? CAPA 5/5
Vamos começar com essa capa maravilhosa, desde a fonte rebuscada branca que tem todo um contraste espetacular com o negro é o vermelho, as imagens de ótima resolução e todo o charme em si são convidativos para o gênero de terror. Uma capa perfeita para se querer ter na estante.

? HISTÓRIA 5/5
Com certeza esta é uma das resenhas mais complicadas que já fiz pela qualidade do livro, ele é maravilhoso em todos os aspectos, Marcos é extremamente detalhista o que torna toda a trama de certa forma mais real, macabra e viciante. Uma escrita elaborada e dramática que instiga a cada página, que faz o leitor se prender e não soltar mais, é simplesmente impossível parar de ler até que a leitura esteja totalmente finalizada.

O autor nos faz mergulhar no Brasil Colônia do final do século XVIII, em uma fazenda canavieira chamada Capela onde Antônio Batista e seu filho controlam com uma destreza cruel e macabra todos os escravos que ali habitam. Sem piedade inflige castigos apenas por diversão em grande parte das vezes. Todos os outros funcionários pagos da fazenda seguem as diretrizes aplicadas pelo pai e filho, sem importar-se muito com a vida dos escravos.

Sabola Citiwala é um escravo comprado e recém chegado na fazenda, sem sequer saber falar o idioma, é levado ao trabalho forçado no campo, porém ele não aceita a perda repentina de sua liberdade e tenta de todas as formas conseguir sair daquele inferno. Entretando estamos falando de líderes sádicos, e com a morte de vários escravos sem piedade, os detalhes sórdidos que Marcos nos passa (alguns momentos de ânsia de tantos detalhes macabros), um morto começa a assombrar a fazenda.

É ótima a forma como o autor conseguir mesclar o folclore brasileiro junto com uma época tão sombria. Como se fosse a real história do SaCi em uma versão macabra e bem escrita. Imagino a quantidade de pesquisar feitas pelo autor para conseguir um livro tão completo e tão criativo, as formas de tortura, o trabalho escravo, além de um amor proibido em meio a tudo.
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Brina.nm 20/10/2017

Um Terror com 'T' maiúsculo!
"Aqui na Fazenda Capela, se o escuro não é mando quando chega, depois de uma coça bem dada de laço quer ver se ainda vai ficar posando de valente."

Escravo de capela foi um lançamento de Junho da Faro editorial, mas como acabei passando Big Rock e Fuck Love na frente acabei empurrando um pouco essa leitura, tolo erro meu, pois quando comecei esse livro fiquei me perguntando porque não o li antes, e agora encarei a missão de pregar a palavra de Marcos DeBrito pra vocês, falar pra todos lerem porque ele é simplesmente foda.

A historia começa angustiante, alias, esse adjetivo define muito bem essa leitura. Sabola é um dos negros que acabaram de chegar na Fazenda Capela, comprados pelo senhor Batista, um dos maiores produtores de açúcar da região e também um homem completamente desalmado e cruel com seus escravos.

Sabola nunca levou esse tipo de vida, então quando ele começa a trabalhar no canavial ele não sabia que não podia cantar, falar em seu dialeto ou se indignar quando os capatazes o puniam com chibatadas, e por isso logo em seu primeiro dia ele já recebeu um imenso castigo que quase lhe tirou a vida. Mas se os senhores achavam que ele ia abaixar a cabeça depois disso se enganaram, pois aquele castigo só criou mais ira dentro de si, só o motivou mais a tentar fugir dali, e é com a ajuda de um dos escravos mais antigos da senzala que ele bola um plano perfeito, quer dizer, que parecia perfeito, até dar tudo errado.

"Sabola não se identificava com nenhum deles. O seu olhar consternado, carente daquela esperança que o arrebentara por momentos, vagava pela penumbra do alojamento sem procurar um foco."

Como disse Escravo de Capela é uma leitura angustiante. Na primeira parte do livro você tem que ter estômago para conseguir ler todas as crueldades que são infligidas aos escravos, eles são humilhados, não tem direitos algum, são obrigados a frequentar as missas cristãs pois sua religião africana é considerada demoníaca, eles não podem falar em sua língua natal ou mesmo olhar um capataz torto que já são espancados sem nenhum remorso, alias, é um prazer para os capatazes e Antônio (filho do dono da fazenda) bater nos negros.

Fora que as poucas mulheres que vivem ali são estupradas, assediados, humilhadas...Nossa, a cada pagina meu coração apertava um pouquinho mais, porque é desesperador pensar que isso tudo foi muito real no nosso pais na época do Brasil Colônia, e é mais desumano ainda pensar que não basta o que os negros sofreram naquela época, hoje com tanta modernidade eles ainda sofrem tamanho preconceito e humilhações por conta de sua pele.

Eu poderia entrar em detalhes em vários temas tratados pelo autor nesse livro, mas não ia parar de escrever nunca aqui hahaha, por isso eu quero citar um em especial, em como a religião cristã era usada para controlar mais aquelas pessoas.

"A grande extensão do cercado, expondo ossadas mal soterradas, ficava às vistas dos escravos sempre que compareciam à missa compulsória, lembrando-os de que mesmo na morte estariam presos a Capela."

Eu nunca comprei a ideia de que os escravos (e os índios) gostavam da ideia de seguir o cristianismo, porque eles foram arrancados de sua terra natal, tinham família, Cultura, religião, e quando chegam ali naquelas terras além de sofrerem nas mãos de pessoas cruéis de desumanas, eles ainda tinham que seguir uma religião que pregava o amor de um deus que nunca os salvava dos castigos que sofriam, mesmo que eles se convertessem pra tal religião. Eu quis bater palmas quando vi no livro que o autor tinha tal pensamento também, é surreal pensar que além de chicotes e humilhações a Igreja usava a palavra para domesticar ainda mais aqueles seres humanos, e quero parabenizar o autor por ter tratado do tema de maneira tão clara e verdadeira.

Mas o livro ganha um enredo de filme de terror quando una crueldade sem limites é infligida a um escravo, é aí que o autor recria a lenda do Saci-Pererê e a mula sem cabeça para conseguir a vingança contra os brancos que tanto os machucaram. Tal recriação foi brilhante, eu não conseguia tirar os olhos do livro, pois a cada pagina tudo ficava mais cheio de sangue e em um cenário de desespero para aquelas pessoas que estavam na mira do Saci, e com tamanha confusão muito a segredos sórdidos da Fazenda de Capela iam se revelando, deixando o leitor ainda mais preso nas paginas.

O final do livro então foi surpreendente, cara eu não esperava nada das revelações que foram feitas durante a matança, o autor criou uma historia digna de cinema, com aquele ar de mistério que deixa o leitor roendo as unhas para saber o que aconteceu verdadeiramente ali.

"Parecia-lhes impossível crer que um cadáver fosse capaz de abandonar a própria cova para invadir uma residência na clara intenção de vingança por sua morte."

A narração em terceira pessoa deixa o livro ainda mais bacana, pois temos uma visão crua de todos os personagens, desde os escravos e todo seu sofrimento até os capatazes e os donos da fazenda Antônio, Batista e Inácio, que tinham uma personalidade completamente diferente um do outro, indo da bondade ao sadismo. Essa narração é muito boa também para sabermos das historias por trás dos panos e flashs do passado sem ficar com um ar maçante, afinal é como se soubéssemos os relatos da boca de cada expectador daquela cena, e assim tudo fica mais real e próximo do leitor.

"A mula sem cabeça aproximou-se do perneta encapuzado. Para conseguir ficar de pé, o homem agarrou-se ao pouco de crina que restara no pescoço degolado do animal e, amparado pela força dos braços, saltou sobre seu lombo. Como um cavaleiro do inferno ele cavalgou sua montaria trevorosa em direção à fazenda."

Não preciso nem falar que a edição da Faro é simpletamente incrível não é mesmo? Com uma capa completamente macabra, o livro é cheio de ilustrações por dentro da capa que tem muita relação com a história, além de ser todo vermelho nas laterais das folhas, dando um toque sangrento a mais à obra.

Enfim, acho que não posso falar mais se não vou acabar entregando algo da historia. Mas sinceramente tudo que posso dizer pra vocês se resume em três palavras: LEIAM ESSE LIVRO! Marcos DeBrito foi simplesmente incrível nessa história, é uma leitura cruel, verdadeira, desumana, angustiante, mas que se torna simplesmente incrível com o enredo de vingança do Saci e a mula sem cabeça. Você vai se prender nessas paginas logo no primeiro capítulo, vai sofrer muito, porém dará sorrisos sádicos no final com a tal vingança merecida. E apesar de tanto sangue derramado, essa trama mórbida vai ganhar seu coração e vai te fazer pensar nessa historia durante dias, e querer indicarem-la para todos assim que virar a ultima página.

"Um quebra-cabeças de caules ocos partidos indicava duas palavras escritas na terra, contudo, elas pareciam incompletas. A maior parte das lascas encontrava-se espalhadas pelos lados, mas as duas dílabas iniciais de cada um dos vocábulos permaneciam bem incrustadas no chão em letras maiúsculas que diziam “SA” e “CI”."

site: http://www.stalker-literaria.com/2017/08/resenha-o-escravo-de-capela-marcos.html
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Leticia | @bardaliteraria 20/10/2017

A leitura é árdua e difícil mas não é por ser uma obra ruim, mas por ser uma obra pesada.
A leitura foi árdua e difícil, não por ser uma obra ruim, mas por ser uma obra pesada e é complicado ler sobre as perversidades cometidas na época da escravidão e não se sentir com um peso e uma dor por essa época da nossa história. Mas vamos focar aqui porque a obra de Marcos DeBrito é uma coisa linda.

A Fazenda Capela é administrada pela Família Cunha Vasconcelos, mais especificamente pelo Senhor Batista e seu filho mais velho Antônio, ambos desejam apenas manter o nome da família e também os negócios que já perduram a anos naquela região, naquela cidade e naquele nome. Mas as coisas começam a mudar quando o filho mais novo Inácio decide voltar a fazenda após alguns anos estudando medicina na Europa, a chegada do filho mais novo causa desavenças dentro da casa grande, mas não há inquietações somente ali, na senzala, Sabola um jovem que acaba de chegar sente na pele o peso da escravidão, mas sua alma livre o torna arisco a essa nova realidade, e o jovem determinado quer sua liberdade de volta mesmo que isso possa custar sua vida.

Marcos criou um terror de excelente qualidade, não apenas pelas cenas pesadas, pelo sangue ou qualquer outro elemento comum aos livros de terror, mas por sua inovação ao acrescentar elementos históricos de nosso país como a escravidão forte que havia no brasil mesmo numa época em que outros países já repudiavam esse ato, assim como também a raiz do nosso folclore reformulado de um modo a não somente ser assustador, mas também intrigante ao leitor. Mas já aviso não se apegue, pois eu me apeguei e não fui feliz haha.É curioso ver como o autor entrelaçou um romance dentro de uma história tão horripilante e trágica, assim como a criação e desenvolvimento dos personagens, Inácio é uma linda personificação de como algumas pessoas realmente podem tomar consciência de seus erros e evoluir com eles, já seu irmão Antônio é seu oposto, sua crueldade é uma bela combinação do comportamento de seu pai e o reforçamento de suas atitudes agressivas e violentas, o personagem é um dos mais asquerosos mas também curiosos, em muitos momentos da leitura me questionei sobre o motivo de tamanha perversidade. Batista não é nem intrigante nem merece nossa atenção, mas gosto da forma como esse personagem é colocado na história, de como suas atitudes são sempre frias e movidas a benefício próprio, foi com toda certeza um personagem que eu queria ver morto haha. A questão é que o livro por inteiro é uma obra incrível, e a nossa relação de amor, fascínio e ódio ao decorrer da leitura torna essa experiencia muito boa.

O Escravo da Capela é um livro de terror de excelente qualidade, Marcos inovou na criação de sua obra, fechou pontas que havia aberto e deu uma nova visão ao nosso folclore, as nossas lendas e também a nossa perspectiva do que é um livro de terror nacional.

site: http://bardaliteraria.blogspot.com.br/2017/08/o-escravo-da-capela-de-marcos-debrito.html
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Fábbio @omeninoquele 22/10/2017

Precisa ser lido!
"Sonhar ainda é uma das poucas coisas que os brancos não tiraram da gente."

No final do século XIII a Fazenda Capela prosperava graças à mão de obra escrava. Os donos da fazenda eram os imponentes Cunha e Vasconcelos que administravam aquelas terras com mãos de ferro.

A doutrina escravocrata se fazia presente no Brasil Colônia, e muitos senhores apropriavam-se desse uso de mão de obra barata para prosperarem em suas terras.

E essa mão de obra vinha da África, e um desses escravos comprados para a fazenda Capela era o negro chamado Sabola Citiwala, que logo conheceria o sadismo de Antônio Segundo, o filho mais velho e herdeiro dos Cunha e Vasconcelos.

Acostumado à uma realidade diferente aquela imposta da fazenda, Sabola não aceitou com muita facilidade o que lhe era colocado, e consequentemente sofreu nas mãos do seu senhor. Mais não deixou de sonhar em ser livre e a partir daí bolou um plano pra fugir daquele tormento.

Mal sabia ele que era quase impossível escapar dali com vida. E é isso o que acontece, após uma tentativa de fuga durante um festejo na casa grande, Sabola é capturado e morto com requintes de crueldade por Antônio, que matou o jovem negro na frente dos outros escravos para que aquele fato servisse de exemplo.

E a partir daí coisas estranhas e sobrenaturais começam a acontecer na Fazenda Capela.

A construção da trama e da narrativa é espetacular! O autor mesclou o folclore popular, e um pedaço vergonhoso de nossa história, criando personagens verossímeis num livro de prender o fôlego página a página.

Em meio ao terror da trama um romance impossível nasce do jovem Inácio, o filho mais novo dos Cunha e Vasconcelos, que acabara de chegar da Europa e uma mulata nascida na fazenda, chamada Damiana.

Vamos constatando a medida que lemos que as paredes da Fazenda Capela guardam muitos segredos, e mistérios que vão te deixar ávido por descobrir o fim da trama.

Marcos Debrito escreve com maestria, uma escrita fluida e dosa bem o mistério e o terror no livro, fazendo com que prenda a atenção do leitor. E logo, se faz como um importante escritor a ser lido desse gênero da literatura brasileira.

site: https://www.instagram.com/p/BahpjmdhlfV/?taken-by=omeninoquele
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Maria Santos 27/10/2017

O Escravo de Capela - @qualquercoisaltda
“ – Melhor você ir dormir, Sabola. Sonhar ainda é uma das poucas coisas que os brancos não tiraram da gente. Isso é o mais perto da liberdade que você vai conseguir chegar esta noite”. Akili

Hoje estamos aqui para falar sobre um livro que tirou o bom sono. Sim meus amigxs! Esse livro que vos escrevo é de tirar o sono, fazer você acreditar em assombrações, acreditar que de noite alguém vem puxar o seu lindo pé e que cabeças irão rolar no meio da madrugada. Principalmente daqueles que cometem atrocidades achando que nada ocorrerá com eles.
Pois bem. Vou contar a vocês as minhas impressões em relação a história do Escravo de Capela. Acreditem. Não foi fácil prosseguir com a leitura, porque não estava tão acostumada com o gênero. Claro. Já li alguns livros do Stephen King, mas nada se compara a este.
Inicialmente, achei que seria um livro de terror mais “tranquilo”, apenas com uma ou duas cenas de morte, sangue e tudo mais. Mas aí, CABUM! Veio o primeiro soco no estômago protagonizado pelo Antônio Segundo. Se vocês sentem aquela raiva quando presenciam alguém maltratando um senhor, dupliquem isso em relação as atrocidades cometidas por esse filho do capiroto.
No decorrer da história, o ódio só aumenta e quando algo terrível começa a acontecer, você fica com medo, triste por inocentes estarem no meio e feliz pelos que se sentem superiores estarem se ferrando lindamente. E aí que perguntamos aos senhores: Cadê a tua força? Teu poder?
Marcos DeBrito consegue envolver o leitor em uma trama de terror, muito sangue (muito mesmo) e uma pitada de romantismo. Afinal, todo mundo merece uma história legalzinha no meio. Mas, não se iluda. Essa história começa e algo acontece. Não vou contar, porque seria um enorme spoiler. Então, só lendo mesmo u_u.
Então se você é um (a) apreciador (a) de terror, aconselho que se jogue de cabeça nessa trama, indique para seus amiguinhxs, comentem aqui embaixo e sejam felizes.
Muito obrigada a nossa parceira Faro Editorial por ter nos dado a oportunidade de conhecer um pouco o universo do Marcos DeBrito

site: www.facebook.com/qualquercoisaltda
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Lê | @ledelicor 06/09/2017

O Escravo de Capela - Marcos DeBrito
No Brasil Colônia, em 1792, a fazenda Capela, que pertencia a família Cunha Vasconcelos, tem uma grande plantação de cana-de-açúcar e é controlada a punho de ferro pelo proprietário Antônio. A fazenda conta com o trabalho escravo na colheita da cana. Como já esta com a idade avançada, o sonho de Antônio é ver seus filhos assumirem a propriedade em seu lugar, porém somente o filho mais velho, Antônio Segundo, deseja o controle da fazenda, pois o mais novo está na Europa estudando medicina.

Antônio Segundo é o capataz da fazenda. Sempre que precisa castigar um escravo, o faz com extrema violência e prazer. Por isso, poucos “empregados” descumprem ordens ou tentam fugir da fazenda. Mas com a chegada do seu irmão mais novo, Inácio, agora formado, ele verá seu tratamento com os escravos ser questionado. O caçula chega com ideias europeias sobre mão de obra paga e o modo que os empregados devem ser tratados. Isso abala uma a relação dos irmãos, que já não e das melhores.

Ao mesmo tempo que tem que enfrentar os pensamentos inovadores do irmão, chega à fazenda um novo escravo, Sabola. Sem entender o Português, o novo escravo senti na pele, no primeiro dia na fazenda, a fúria de Antônio Segundo. Diferentes dos outros homens, Sabola não vai aceitar os maus-tratos do capataz. Com a cabeça cheia de pensamentos de fúria e ódio, ele vai conhecer Akili, o escravo mais velho da fazenda. Juntos os dois vão planejar a fuga de Sabola e uma vingança contra a familia Cunha Vasconcelos.

Contudo, algo dá errado nessa fuga, e a consequência desse ato muda a vida de todos na fazenda Capela.

Minha opinião

Eu solicitei esse livro sem saber muito sobre ele. Como eu tinha achado interessante o fato da história ser uma releitura de uma lenda do folclore brasileiro e ao mesmo tempo de horror, resolvi dar uma chance para o livro. Acertei ao solicitá-lo, pois desde a primeira página fiquei imersa na leitura. Apesar de eu não ter achado o livro de terror, pois não me causou medo, confesso que algumas cenas me causaram repulsa e pavor.

Pegar não uma, mas duas lendas brasileiras e contar a origem delas nesse contexto do Brasil foi muito criativo. DeBrito fez uma vasta pesquisa sobre o brasil escravocrata, o que fica evidente durante a leitura, pois ele retratou tudo com muita perfeição. Inclusive o autor mostra que os negros não podiam mais falar sua língua de origem nem seguir suas crenças, sendo obrigados a frequentar missas da igreja católica.

Marcos conseguiu dar características muito marcantes aos seus personagens. Temos o pai, que mesmo deixando a fazenda praticamente nas mãos do filho mais velho ainda se impõem quando necessário. O filho mais velho, totalmente cruel e sanguinário, que não pensa em ninguém e só quer saber de castigar escravos. Inácio, o caçula, trazendo ideias inovadoras e tratando os escravos de igual para igual. Até mesmo um dos empregados da fazenda ganhou destaque por ao mesmo tempo em que fica ao lado de Antônio Segundo, consegue fazer com quer o patrão pare suas atrocidades quando necessário.

Com uma escrita simples, fluida e envolvente, o livro traz um retrato de uma realidade que já foi a nossa. A narrativa em terceira pessoa possibilita ao leitor acompanhar tudo que acontece na fazenda. O autor não poupa nos detalhes das cenas de “castigos” aos escravos, a maioria com muito sangue. Toda a humilhação, tortura, assédio sofrido pelos escravos, me causou revolta. Além de tudo isso, um segredo de família vem a tona e um jogo entre a realidade e o sobrenatural confundem a todos na fazenda.

A edição está muito caprichada e bonita. As bordas das páginas em vermelho ficaram perfeitas com o tom escuro da capa. Nas primeiras páginas, há algumas ilustrações, e o início dos capítulos possuem um detalhe.

O escravo de capela foi uma ótima surpresa. Com um enredo inteligente e criativo, o livro choca pela sua brutalidade ao mostrar uma época que infelizmente existiu. Para quem gosta de tensão, terror e uma boa história com contexto histórico, esse livro é o ideal.

site: http://www.lelendolido.com.br/2017/08/resenha-103-o-escravo-de-capela-marcos.html
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ELB 18/11/2017

Tendo as costas do escravo como tela, o feitor pincelava de vermelho o seu escárnio. Naquela aquarela abstrata de sangue e suor, a dor encontrava bem o seu entorno.
Nessa trama, nós somos levados ao Brasil Colônia, no final do século XVIII, no ano de 1792, aqui conhecemos o Antônio Batista da Cunha Vasconcelos que é filho do dono da fazenda, ele é um capataz cruel e adora infingir dor aos escravos e na maioria das vezes, acaba os matando com sua crueldade.

Dentre esses escravos se encontra o Sabola Atiwala, ele é novo no canavial e não fala a língua local, ele não se conforma com o seu destino e acaba despertando a ira de Antônio.

Aos poucos, vamos conhecendo um pouco mais sobre os personagens, como Inácio Batista que é o filho mais novo do Senhor Antônio, ele voltou para a fazenda depois de passar cinco anos em Portugal estudando, ele vê os escravos como pessoa e não como propriedades. Logo no começo percebemos que o filho mais velho guarda um certo rancor em relação a Inácio e não faz segredo disso.

O capataz Antônio é uma pessoa horrível, sádico que não pensa duas vezes antes de infingir dor aos escravos e ver isso como um ato qualquer, o simples fato de que ele tem poder sobre todos aqueles homens é o que importa para ele.

-Escravo aqui só tem direito a duas coisas
-Primeiro: não ter direito a nada! E segundo: Não reclamar desse direito. Se tem negro que discorda, para quem ainda não sabe, domesticar os selvagens é a função pela qual eu tenho mais apreço.
Seu pai é um pessoa passiva em relação ao seu comportamento, ele não se importa com a dor que o capataz inflige aos escravos ou as punições escolhidas por ele, desde que os mesmos possam trabalhar, está tudo bem para ele.

Com o passar dos dias, Sabola se mostra cada vez mais revoltado com a situação no qual se encontra, e resolve tomar uma atitude, atitude essa que fará com que ele perca sua vida.
"As pás foram movidas e o defunto desmembrado começou a ser enterrado sem sequer terem lhe retirado o saco encharcado de sangue da cabeça.
Após sua morte, estranho acontecimentos passam a ocorrer na fazenda, e o espirito dele volta em busca de vingança. O Escravo da Capela é uma mistura do folclore Brasileiro com algumas crenças Africanas, ele é sem sombra de dúvidas bem eletrizante.

Esse não foi o primeiro livro de terror que leio, mas foi um dos que me deixou sem dormir por alguns dias, mesmo depois que terminei o livro, continuei pensando nos acontecimentos e em tudo que o autor quis passar ao reproduzir um momento tão triste em nossa história.

A narrativa é feita em terceira pessoa, a edição é simplesmente incrível, algumas ilustrações no livro, na aba lateral é toda em vermelha, a capa descreve muito bem o cenário proposto no livro, a revisão está ótima, não encontrei nenhum erro ortográfico ou de concordância verbal.
Um animal aprisionado em correntes, quando livre das amarras, naturalmente busca a fuga. No entanto, a oportunidade de retaliação, pelos anos de sofridos no cárcere não é desperdiçada quando fica de frente ao seu aprisionador.
A escrita é bem fluída, apesar de ter alguns capítulos um pouco longos. O mais impactante para mim no contexto geral foi o final, que é literalmente de tirar o fôlego. O obra é bem reflexiva apesar de triste, digo triste porque nunca sequer passou pela minha cabeça o quanto os escravos sofriam naquela época, eu sei que essa é uma visão ingênua da escravidão, mas nunca sequer imaginei o tamanho do sofrimento daqueles homens que foram obrigados a viver em uma situação tão desumana.

O autor escreveu o livro com maestria, não se perdendo em momento algum, sei que ficarei mais alguns dias pensando a respeito de tudo o que aconteceu, mas valeu a pena. Eu recomendo muito O Escravo da Capela se você gosta de livros de terror e thrillers, esse é um dos melhores livros que já li do gênero e ele cumpre tudo o que promete.
Quando a morte é apenas o começo para algo assustador.

site: http://www.everylittlebook.com.br/2017/07/resenha-o-escravo-da-capela-marcos-de.html
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Xandy Xandy 30/11/2017

Saci-Pererê e Mula-sem-cabeça unidos com o intuito de promover a vingança de um escravo!
A história concentra-se toda na Fazenda Capela, uma grande propriedade rural, que situava-se em Minas Gerais e, como todas as propriedades da época do Brasil Colonial, fazia uso da mão-de-obra escrava para o cultivo de cana e produção de açúcar.

Os Cunha Vasconcelos eram os maiores produtores de açúcar da região e tinham imenso orgulho em tratar seus escravos com requintes de crueldade, principalmente os que tentavam fugir ou mesmo suicidar-se; estes eram espancados e chicoteados muitas vezes até a morte, para servirem de exemplo para os outros escravos.

Numa tarde quente de 1792, Sabola Citiwala, escravo jovem que chegara há pouco da África e não entendia qualquer palavra em português, dava duro junto aos outros escravos na plantação de cana-de-açúcar; como ainda não conhecia as regras rígidas da fazenda, resolveu cantarolar no dialeto africano, para passar o tempo e, por isso, acabou sendo castigado por Antônio Batista Segundo, o filho primogênito de Antônio Batista Cunha Vasconcelos, dono da fazenda.

Após ter seu “primeiro contato” com o açoite de Antônio Segundo, Sabola trava amizade com Akili, a quem os brancos chamavam de Fortunato, e que há quatorze anos também fora vítima da ira cega do mesmo Antônio Segundo, que o espancara de tal maneira que os ligamentos de seus dois joelhos acabaram se rompendo e impossibilitando-o de trabalhar, tendo ele então que ficar confinado o tempo todo na senzala, fumando seu cachimbo.

Com o passar dos dias, a amizade entre ambos fortaleceu-se e a vontade de fugir daquele lugar foi tomando conta da mente do jovem Sabola; plano este que contava com o pleno apoio de Akili, que só pedia ao amigo mais novo para ter paciência e esperar a hora e o momento certo para sumir dali.

Nesta mesma época, Inácio, o filho mais novo de Antônio Batista, havia retornado de Portugal, para passar apenas umas férias na fazenda. O jovem formara-se em Medicina em Coimbra e tinha um discurso completamente contrário ao trabalho escravo…discurso este que não era visto com bons olhos pelo irmão mais velho,e muito menos pelo pai, que jogava na cara que se ele conseguira estudar fora do Brasil era graças ao trabalho dos escravos; para piorar ainda mais a situação, o jovem enamorara-se pela bela Damiana, a única escrava mulata da fazenda; romance este que se descoberto, mancharia de vez a imagem de Antônio Batista, já que Maria de Lourdes, sua antiga esposa, o abandonara quando Inácio ainda era muito pequeno.

A chance de escapar veio durante a festa grandiosa do aniversário de 60 anos de Antônio Batista. Enquanto todos os convidados bebiam e se divertiam, Sabola evadiu-se da senzala e montou numa mula para tentar escapar de vez da fazenda, mas foi visto por Jonas, que tentou acertar o escravo com tiros de sua carabina.

Antônio Segundo e Jonas saíram à caça do escravo; o primogênito dos Cunha Vasconcelos conseguiu cortar caminho e defrontar-se rapidamente com Sabola, decepando com violência a cabeça de sua mula e voltando para a fazenda, arrastando o pobre coitado, para o deleite de todos os presentes.

O sádico então mandou “prepararem” o escravo, que foi pendurado pelos braços a uma viga de madeira, tendo seu rosto completamente desfigurado pelos vários socos desferidos por Fagundes, um dos peões da fazenda.

Os escravos foram acordados e tiveram que acompanhar de perto o castigo imposto ao escravo fujão e quem fizesse menção de desviar os olhos ou cobri-los levava uma dura coronhada na cabeça.

O resto, só visitando o Lendo Muito!
https://lendomuito.wordpress.com/2017/11/30/o-escravo-de-capela-marcos-debrito/

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SAMID 30/11/2017

NEM TUDO TERMINA EM UM CONTO DE FADAS
Gostei bastante!
Recomendo a leitura, pois nos faz lembrar de um tempo que não deveria ter existido. Me senti envergonhado, em algumas partes do livro, com o tratamento dado aos escravos pelos seus "senhores"...
Enfim, filosofia a parte, vale a pena ler mais este livro do nosso George R. R. Martin brasileiro.
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Emily.fonseca 16/12/2017

Queria ter resenhado esse livro antes do dia 31 de outubro, mas não rolou, ele fala das lendas do nosso país, mas não daquele jeito amigável que aprendemos na escola ou vemos em desenhos animados, e sim de um modo cruel, perverso que fez eu querer largar o livro muitas vezes simplesmente por ódio dos administradores da Fazenda Capela..

👹""Tendo as costas do escravo como tela, o feitor pincelava de vermelho o seu escárnio. Naquela aquarela abstrata de sangue e suor, a dor encontrava bem o seu entorno."👹

Neste livro vemos um enredo forte que se passa no Brasil Colônia, no final do século XVIII, no ano de 1792. Só pela época histórica os maus tratos om os negros nos vem a mente, a escravatura, esta história se passa na fazenda Capela, que possui um canavial, os donos dessas terras são os Cunhas Vasconcelos, uma família de nome muito conhecido, Antônio é o filho mais velhos e adora ver os escravos sofrerem, ele não mede forças quando se trata de tortura, ama ver sangue rolar. O pai dos rapazes apoia a ideia de torturar escravos que fizeram algo "errado" para servir de lição, e temos Inácio o filho mais novo que assim que pode foi embora da fazenda, ele é formado em medicina e nunca gostou de ver as crueldades o seu irmão..

👹""As pás foram movidas e o defunto desmembrado começou a ser enterrado sem sequer terem lhe retirado o saco encharcado de sangue da cabeça. Apenas a boca escancarada, que insistentemente buscara o ar nos seus últimos suspiros, estava descoberta e não foi poupada de ser alimentada com a terra que o encobria." 👹

Para Antônio não importa os lucros e gastos da fazenda e sim ele ter a "propriedade" sobre a vida dos escravos, escolhendo quando esses vivem ou morrem. Fora os donos, temos os funcionários Irineu, Jonas e Fagundes que ajudam e apoiam Antônio em tudo.
Tudo corria em perfeita ordem, com escravos educados e bem bandados, até a chegada de Sabola Citiwala, um recém chegado que não sabia nem a língua portuguesa, ele foi tirado do seu lar e não se conforma com isso, está disposto a fazer de tudo para se ver livre. No primeiro dia no Canavial por não saber o idioma ou as regras, já levou chibatadas e ficou extremamente revoltado..

👹""— Escravo aqui só tem direito a duas coisas — continuou: — Primeiro: não ter direito a nada E segundo: não reclamar desse direito. Se tem negro que discorda, para quem ainda não sabe, domesticar os selvagens é a função pela qual eu tenho mais apreço."👹

Na senzala o único lugar com corrente sobrando é ao lado do Velho Akili, que teve suas pernas quebradas e deformadas a muitos anos por Antônio, enquanto tentava fugir, mas se distraiu vendo alguém pela janela, assim sofrendo as consequências pelos seus atos, Akili era o único que conseguia abrir os cadeados se tivesse as ferramentas suficientes, será que ele era a única esperança de Sabola?
Do outro lado da trama temos Inácio, que veio visitar sua família depois de muito tempo, e não pretende ficar por muito tempo, pois seus ideais vão em contraponto com a de seus familiares. Ele sente uma grande falta de amor materno, pois sua mãe fugiu de casa quando ele era bem pequeno. Seu pai concorda que ele possui facilidade em argumentar, mas acredita que estes são extremamente liberais e que negro não é gente como a gente. Antônio odeia o irmão, acha ele mimado e que não tem que se meter no serviço dele na fazenda, o rapaz não suporta a ideia de dividir o patrimônio com o caçula..

👹""Sonhar ainda é uma das poucas coisas que os brancos não tiraram da gente."👹

Conforme os dias vão passando, Sabola arquiteta um plano de fuga juntamente com Akili, mas para o velho ajudá-lo ele teve que prometer que voltaria pra se vingar, mas o plano tinha tudo para dar errado, e nas mãos de Antônio, Sabola teve um fim horrível e sua perna foi cortada e amarrada na entrada da fazenda, para servir de exemplo. Após sua morte, várias tragédias e acontecimentos sobrenaturais começam a ocorrer na fazenda, será que teria a ver com a morte do escravo?
A escrita é dolorosa, dói mais ainda saber que isto realmente ocorria no nosso país, o autor conseguiu com maestria juntar um período histórico com nossas lendas, ele começou a construir desde o início para o leitor não ficar perdido nos acontecimentos. Além do tema de terror, podemos encontrar vários segredos de família, um passado cruel, uma paixão perigosa e disputas. .

👹""Um animal aprisionado em correntes, quando livre das amarras, naturalmente busca a fuga. No entanto, a oportunidade de retaliação, pelos anos de sofridos no cárcere não é desperdiçada quando fica de frente ao seu aprisionador."👹

A leitura no início é densa, por trazer esses fatos de tortura, e acredito que os capítulos gigantes tenham atrapalhado na desenvoltura do enredo, mas mesmo assim a história intriga o leitor e faz este querer chegar no final e desvendar os mistérios.
Vale salientar que esse livro é pra quem tem estômago forte, Marcos não romantiza em nenhuma parte da história, ele descreve cada emoção, cada dor que os personagens sentem na mais pura realidade.
Foi o primeiro livro de terror que eu li, amei demais, mas não me assustei, pois eu já to acostumada a assistir filmes nesse gênero, que são meus favoritos, e é raro algo me assustar. Entretanto, concluí essa leitura as três da manhã, e sonhei a noite toda com saci, bruxas e lobisomens. Super recomendo a leitura

site: Livrosrabiscando.blogspot.com
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cotonho72 28/12/2017

Muito bom!!!
“No ano de 1972, auge da era colonial brasileira, a produção de açúcar nas fazendas de cana era controlada pelas mãos impiedosas dos senhores de engenho. Os homens acorrentados que não derramassem seu suor no canavial encontravam na dor de um lombo dilacerado o estímulo para o trabalho braçal.” Página 7.
Nesse cenário do Brasil Colônia no final do século XVIII que conhecemos a história da Fazenda Capela, que é administrada pela Família Cunha Vasconcelos, mais precisamente por Antônio Batista, grão-senhor da fazenda. Seu filho primogênito, Antônio Batista da Cunha Vasconcelos Segundo era o capataz responsável pelo trabalho na lavoura de cana-de-açúcar, ele era temido pelos escravos devido a sua violência desproporcional e sua falta de amor, esse era o resultado de anos de treinamentos para assumir o cargo de feitor. Mas suas atitudes exageradas não agradavam muito o seu pai, pois estava diminuindo os números de trabalhadores e aumentando o gasto na compra de novos escravos.

Sabola Citiwala é um escravo recém-chegado da Fazenda Capela, ele foi comprado recentemente e ainda não entendia uma palavra do idioma português, por desconhecer as regras do capataz acabou despertando a ira de Antônio Segundo, sendo assim açoitado de maneira cruel, e depois de levado inconsciente para assistir uma missa Sabola foi enviado para senzala junto dos demais escravos e jogado perto do velho Akili Akinsanya. Akili era conhecido na fazendo por Fortunato, e já tinha mais de sessenta anos de idade, não trabalhava mais na lavoura porque estava inválido devido os castigos que recebeu, não demorou muito para surgir uma amizade entre eles.
Inácio Batista é o filho mais novo dos Cunha Vasconcelos e acabara de chegar na Fazenda Capela, ele estivera estudando medicina na Universidade de Coimbra, Portugal, e já estava ausente há cinco anos. Ele é diferente do pai e do irmão e não gosta da maneira que eles tratam os escravos, por causa do tempo que morou fora seu pensamento é muito a frente e já acredita no fim da escravidão. Mas durante um jantar de família Inácio vê adentrar a escrava Damiana, uma mulata belíssima de apenas dezenove anos, tinha um corpo esbelto e uma pele amorenada que realçava a beleza de seus traços, ela era pequena quando ele partira para a Europa, agora sendo uma moça formosa fez com que o coração de Inácio fervilhasse, ele acaba se apaixonando por ela, mas esse amor proibido entre eles na época pode coloca-los em grandes apuros.
Sabola não aceita o novo modo de vida que lhe foi imposto, assim junto com Akilli arquiteta um plano para fugir dali, todas às noites, eles estudam uma estratégia que resultaria na reconquista de sua liberdade, mas na noite de sua fuga ele é capturado, sendo surrado até a morte por tentar fugir da fazenda. Antônio Segundo corta uma das pernas de Sabola enquanto Jonas, seu capataz, o sufoca com um saco para abafar os gritos de dor que ecoavam na fazenda. Toda essa crueldade foi executada na frente dos outros escravos para serem intimidados, mas essa atitude cruel só aumentou a revolta entre eles, a partir daí coisas estranhas e sobrenaturais começam a acontecer na Fazenda Capela e parece que ninguém está a salvo.
Esse é o primeiro livro que leio do autor Marcos DeBrito, não leio muitos livros de terror, mas a sinopse e as resenhas que li me convenceram a acreditar no livro. A história é narrada em terceira pessoa e retrata muito bem as crueldades impostas aos escravos numa época de muita injustiça, triste realidade vergonhosa que não devemos esquecer, o Saci e a Mula sem Cabeça criados pelo autor são muito bem construídos, as características pelas quais os conhecemos são as mesmas, porém bem mais assustadoras e sangrenta. Confesso que não gostei da capa, a editora sempre capricha na qualidade, os acabamentos vermelhos nas bordas é show e isso já da um tom sinistro, a série As Crônicas dos Mortos da editora é bem elogiada, só algumas capas, em minha opinião, são feias e sinistras e por isso ainda não solicitei, acho que capas como a do livro Horror na colina de Darrington são bem melhores para ter em casa.
A leitura flui bem e li o livro em praticamente dois dias, os personagens são bem construídos e nos envolvemos com eles, mostra a violência física, verbal e emocional que os escravos sofriam, o estrupo era um deles. Também aborda assuntos como a religião, que era imposta, cultura, não só a do Brasil como a Africana também, além de resgatar uma figura mitológica do folclore brasileiro. A história é cheia de suspense, segredos e reviravoltas, o final nos surpreende, para os fãs de um bom suspense e de terror essa é um livro imperdível.

site: http://devoradordeletras.blogspot.com.br
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Felipe Zamoran 02/01/2018

Não sei bem o que realmente achei.
Estou sentindo-me deveras perdido, decidi pensar melhor antes de avaliar o livro, até chegar a esta conclusão. É pesado? Sim. Arrastado em alguns momentos? Bem poucos. Soa forçado e com clichês (nos personagens) em certas partes? SIM. Provavelmente meu problema foi ter ido com expectativas demais, visto que todo mundo que leu adorou, no entanto muito me surpreende que as pessoas tenham gostado de um personagem com diálogos tão forçados como os de Inácio. Poderia ter tido mais terror, esse terror poderia ter sido acometido de um suspense maior, que envolvesse o leitor, mas não foi o que aconteceu. Das 288 páginas, talvez 10 tenham passagens que aterrorizem, não chegando a de fato causar medo. Apesar de tudo, de algumas expectativas frustadas, gostei sim do livro, o autor consegue envolver, tem uma escrita gostosa de se ler, não foi nem de longe maçante. Mérito para o final, que apesar de ter-me deixado triste por certa personagem, fugiu do clichê "final feliz para todo mundo". Previsível em muitas partes, imprevisível no final (para mim). O Escravo de Capela foi uma boa leitura, mas que não supriu minhas expectativas.
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