spoiler visualizarBeatrizbya641 18/04/2024
BRASIL COLÔNIA, FINAL DO SÉCULO XVIII,ANO DE 1792
A Fazenda Capela é cenário da história que conta como a vida dos escravos Akili (Fortunato), Sabola, Damiana se entrelaçam com os donos da propriedade, Batista, o pai, e seus dois filhos, Antônio e Inácio.
Akili, escravo mais antigo de Capela tentou fugir há catorze anos e após ser pego em flagrante, acabou ficando impossibilitado de andar, em decorrência dos castigos a ele infligido;
Sabola é récem chegado na fazenda e já nutre um desejo irrefreável de escapar das correntes que o prende.
Antônio é o primogênito de Batista, e assim como o pai, carrega em sua genética imenso prazer em exagerar nos castigos aplicados aos escravos, por vezes ultrapassando os limites e matando os escravos apenas para satisfazer seu sadismo.
Inácio, filho caçula, passou anos estudando medicina na Europa, até que decidiu retornar á Fazenda Capela para visitar sua família. É durante seu retorno que Inácio repara em Damiana, uma escrava que ainda era jovem quando partiu de seu lar. Ao perceber que se tornara uma bela mulher, acaba criando sentimentos amorosos por ela.
Após ser ajudado por Akili, Sabola consegue fugir da senzala, mas é rapidamente capturado e castigado até a morte. No dia seguinte a sua morte, os feitores e demais responsáveis por sua morte começam a ser assombrados pelo o que acreditam ser o fantasma de Sabola.
Não me lembro da última vez em que fiquei tão indecisa sobre ler ou não um livro. A primeira motivação que tive para ler foi o autor. Minha primeira e única leitura de Marcos Debrito foi '' A casa dos pesadelos'', e fiquei apaixonada pela desenvoltura da escrita e extremamente impactada pelo final do livro, a audácia do escritor em abordar tal história me conquistou. Então ao encontrar '' Escravo de Capela'' na biblioteca, estava convicta de que iria ler. Porém a sinopse do livro é muito rasa, e isso me gera um desconforto gigantesco, a ponto de me fazer desistir de investir na leitura. Outro ponto foi a questão folclórica abordada no livro. Não gosto muito de histórias de folclore e mitologia, então já criei uma resistência um pouco mais forte em trazer o livro.
Porém a curiosidade e o fato de ter adorado o outro livro do autor me fizeram mudar de idéia e trazer o livro para casa.
O começo parece um pouco arrastado, mas é essencial para todo o desenvolvimento da história. Além de despertar os piores sentimentos de revolta e desejo de vingança no leitor, também traz imensa satisfação quando os feitores começam a pagar pelos seus atos ( ainda que de forma branda, pois achei pouco o quanto sofreram).
A história agrada todos os tipos de leitores, desde os apaixonados por terror e mistério até os que adoram amores impossíveis.
SPOILER
Particularmente, eu me encantei com a forma como o mito do Saci foi lentamente construído. Acreditei que fosse apenas o ódio e desejo de vingança de Sabola que o teria trazido dos mortos, mas saber que tudo foi planejado friamente por Akili tornou o livro sensacional! O segredo da família foi interessante, mas saber o grau de participação de Akili em toda essa trama foi de uma genialidade que nem consigo expressar minha satisfação. Livro excelente, o primeiro desse ano que realmente gostei. Não encontrei uma única ponta solta, simplesmente excelente