Miguel 18/05/2021
Um livro para aceitar, não para entender.
Eu tentei, de várias formas, descrever esse livro e meus sentimentos em relação ao mesmo. Mas cheguei num ponto de reflexão que concluí que ele é para ser aceito, não apenas entendido. Murakami, como é de seu feitio, trabalha com milhares de assuntos, presentes na sociedade e até místicos, em seus diálogos e até em seu contexto.
O livro não apresenta muitos personagens, mas todos os que se colocam aqui são carismáticos, impressionantes e intensos. Meu preferido é, de longe, o caminhoneiro Hoshino que, assim como eu, não tenta entender muito o que está acontecendo, só aceita. Há, contudo, dois personagens principais: o jovem de 15 anos Kafka Tamura e o idoso Nakata. A história do primeiro é contada por ele mesmo, em primeira pessoa. Já o do segundo é contada em terceira pessoa. Em muitos momentos da história eu ficava me questionando se eles eram a mesma pessoa, mas não entrarei em detalhes aqui.
Tamura quer fugir de casa a qualquer custo pois sente que sua vida é drenada, como se tivesse um vampiro, a cada momento que mora com seu pai. Nakata é um senhor que teve um problema na infância e torna-se analfabeto e com capacidade de falar com os gatos.
O que liga esses dois personagens é uma porta, que está aberta e a sua chave é uma pedra comum que pode estar cá, ou lá.
Em suas respectivas fugas, Tamura conhece Oshima, um personagem incrível e que foi sabiamente trabalhada por Murakami, pois é a personificação de muitas questões sociais, além de um ser absurdamente inteligente. Já Nakata conhece o maravilhoso Hoshino, um jovem de 25 anos que leva uma vida absurdamente comum como caminhoneiro, como falei antes.
No livro temos diálogos e questões sobre a morte e o pós-morte, sobre sentido da vida, sobre sexualidade, sobre o conceito do que é certo ou errado, sobre puberdade, sobre solidão, sobre propósito de vida e muitas outras coisas. É intenso, confuso, sem pé nem cabeça, maravilhoso. É difícil escrever uma resenha sobre esse livro após uma primeira leitura - meu caso. Contudo, fica a recomendação.
Ah! Leia apenas se você não ficar absurdamente incomodado(a) com questões de leis e bom senso.