Minha Velha Estante 24/01/2018Confesso que, assim que vi essa capa e li a sinopse, não me empolguei em ler o livro. Primeiro por que não curto muito fantasia, segundo que não curto romance histórico, mas o povo do Clube da Gutemberg falava tanto dele que, quando marcaram um clube para discutir, eu me rendi e comprei. Não me arrependi nem um pouco, foi tal qual Six of Crows: sucesso no meu coração.
Nossa mãe do guarda!!!!
Eduardo se tornou rei muito cedo, aos oito anos de idade, e agora virou um adolescente muito doente e, segundo seu médico particular, está em fase terminal.
“ Preferiria ter nascido um camponês, um filho de ferreiro, talvez. Se assim fosse, talvez tivesse conseguido se divertir de verdade antes de se despedir deste mundo material.”
Preocupado com os rumos do reino que está dividido entre edianos e verdádicos, o primeiro ministro o convence a passar a coroa para a prima Jane, uma garota sonhadora que vive com a cara enfiada nos livros....
“Não havia nada que ela apreciasse mais do que sentir o peso de um exemplar volumoso nas mãos e sentir que cada tomo de sabedoria daqueles era mais raro, maravilhoso e fascinante que o anterior. Se deliciava com o cheiro de tinta, a aspereza do papel junto dos dedos, o farfalhar das páginas, a forma das letras encantando seus olhos.”
Não sei porquê, mas super me identifiquei com esta Lady, tudo bem que os títulos escolhidos por ela eram, por assim dizer, bem interessantes.
Como realmente não consegue ver uma solução melhor, o rei aceita o plano de Lorde Dudley para casar Lady Jane com o filho mais jovem, Gifford. Gifford, no entanto, é outro que, por motivos peculiares, prefere viver afastado da corte, porém não nega o pedido do pai em casar mesmo sem conhecer a noiva.
“ ‘Um quase homem’,como sua mãe dizia. Aos 19 anos de idade, ele era quase um homem. E definitivamente não domesticado.”
Ai que começa nossa aventura, uma fantasia romântica carregada de humor ácido e escrachado. Como diz a escritora de Estilhaça-me na capa: “Os Tudors encontram Monty Pyhton.“
Para quem não conhece o grupo Monty Python, ele era um grupo de comédia tipicamente britânica que fez muito sucesso com seu humor irreverente e sarcástico no fim dos anos 60, numa série televisiva bem subversiva para os padrões da época. Seria o que para gente foi o famoso TV Pirata nacional, eita que tô é velha, aposto que nem TV Pirata vocês conhecem... hehehehe...
Então agora já dá para você ter um vislumbre do que vem por ai na releitura da dramática história de Lady Jane, que foi rainha por apenas nove dias.
Só que nossas escritoras queriam rumos diferentes para esta história com direito a prólogo, meiologo e epílogo numa narrativa envolvente, frenética e divertidíssima.
Três escritoras e três protagonistas com sonhos diferentes: Rei Eduardo queria beijar um garota, Gifford estava preocupado apenas com sua vida noturna e Jane, com seus livros.
Traições, desconfianças, tramoias, lutas e muito amor para dar fazem deste livro um prato cheio para quem curtiu O Feitiço de Áquila, A Princesa Prometida e Garota Encantada e, logicamente, quem assistiu o seriado sobre a vida de Lady Jane estrelado por Helen Bonham Carter e Cary Elwes, no caso, a minha pessoa.
Narrado em terceira pessoa alternadamente por cada um dos três protagonistas com cada capítulo sendo aberto por uma imagem que representa o personagem, fui, aos poucos, mergulhando nessa aventura e sendo conquistada por cada um dos personagens cheios de simbolismos, tanto os principais quanto os secundários, tais como a cachorra Pet, a avó de Eduardo e Gracie.
Sonhando já com as próximas Jane que terão suas histórias recontadas em My Plain Jane (Jane Eyre) e My Calamity Jane (uma americana famosa da época do faroeste). Pena que ainda vai demorar muito... snif... alegria de pobre é tiquin... hehehehe
Maravilhoso e mais do que recomendado.
Bem que nossas escritoras nacionais podiam também pegar aqueles clássicos do romantismo e dar uma nova roupagem. #soacho
Beijos, Myl
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http://www.minhavelhaestante.com.br/2017/11/livros-da-gata-minha-lady-jane.html