Michele 25/03/2020Maçãs, couro e fenoGentee, para tudo!
Se você nunca tinha lido um romance histórico, assim como eu, esse é o livro, Brasil.
Minha Lady Jane é um romance histórico que vai recontar e desconstruir a história de Jane Grey. Você já tinha ouvido falar dela? Eu nunca! Ela foi rainha da Inglaterra por apenas 9 dias e depois perdeu a cabeça, literalmente, numa época conturbada do reinado Tudor. Só que as sagazes autoras Cynthia Hand, Jodi Meadows e Brodi Ashton uniram suas forças para contar e acrescentar alguns pequenos detalhes - que fizeram toda a diferença - e ganhou meu coração.
Estamos no século XVI, Eduardo Tudor é o atual Rei da Inglaterra. O reino encontra-se em crise entre edianos - pessoas que conseguem se transfigurar em animais - e verdáticos - aqueles que acreditam na pureza dos humanos. Estão vendo alguma semelhança? Além disso, Eduardo está doente - ou foi isso que lhe contaram. Pois é, como um bom rei, Eduardo conta com pessoas de confiança - #sqn - para governar. Um deles é Lorde Dudley.
Para assegurar a linhagem do trono e com a saúde debilitada do Rei, Lorde Dudley - narizinho - sugere uma mudança no testamento. Assim, Eduardo coloca na linha de sucessão ninguém menos do que sua amada prima, Lady Jane Grey e seus filhos varões. Só que antes disso, ela é obrigada a casar com o filho misterioso do Lorde Dudley. Apenas esquecem de avisar a pobre menina da condição do pobre moço. Gifford Dudley é ediano, sim. Ele acha que sofre de uma maldição: cavalo de dia, homem a noite.
Jane Grey é uma menina de 16 anos que sempre viveu com a cara enfiada nos livros. Tem uma reputação impecável, foi educada junto com o Rei Eduardo e, no fundo, sempre achou que iria se casar - e ele também. Quando imposto a Jane um casamento arranjado, ela reluta, mas acaba aceitando, a pedido de Eduardo. Acredito que essa tenha sido a decisão mais sábia da personagem. É como se um véu tivesse caído e nós podemos ver com clareza a personalidade forte, inteligente e teimosa da pequena Jane.
Já Gifford, ou Gê, como prefere ser chamado, é um tímido poeta com fama de farrista - o que uma boa fofoca não faz, né. Ele não sabe como lidar com a sua "maldição" e tem uma péssima relação com a família, que não admite que seu filho é ediano. Sem falar que seu primeiro contato com Jane é no próprio casamento e totalmente desastroso, mas uma sementinha é plantada ali.
Essa confusão toda é para impedir que o reino caia nas mãos erradas - mais exatamente nas mãos de Maria Sangrenta. Mas não é bem assim que as coisas acontecem, disso nós já sabemos, e as autoras se aproveitam de brechas para contar com muito bom humor tudo aquilo que os livros de história esqueceram de mencionar🙂
A história é contada por três pontos de vista diferentes que fazem toda a diferença. Apesar de tentar seguir os marcos temporais históricos, ele é dividido em duas partes. A primeira, tenta ao máximo ser fiel; já a segunda é pura licença poética das autoras e elas fizeram isso com maestria. Foi uma leitura que realmente valeu a pena e quem sabe não foi o pioneiro de outros romances históricos?