Kennia Santos | @LendoDePijamas 30/07/2017"Você é minha calmaria em meio ao caos..."Em uma dia comum, Zoe e Ed acordam cedo e começam a se preparar para o trabalho. Como o casamento deles já não anda nada bem há um tempo, devido à pressões impostas por eles mesmos, mais uma discussão acontece, e eles se despedem de forma brusca ao rumarem cada um para o seu serviço.
Horas depois, Zoe recebe um telefonema que lhe dá a pior noticia de sua vida: enquanto ia para o trabalho, um ônibus acertou a bicicleta de Ed, matando-o instantaneamente. Zoe precisa ir ao hospital reconhecer o corpo, mas ela mal consegue respirar após o que lhe dizem.
Após dois meses, nada está diferente: Zoe ainda está de luto, e na sua cabeça moram questões que só a deixam pior a cada dia...
Se eles tivessem ficado um pouco mais de tempo juntos naquela manhã, Ed ainda estaria vivo?
Se ela dissesse que o amava, as coisas terminariam de forma melhor?
Se... se... se...
"Eu vou levar para sempre o desejo de ter dito a ele algumas coisas que não disse, sempre vou desejar a chance de mudar algumas coisas que fiz no dia em que ele morreu e nos meses e anos antes desse dia. Mas não posso, então tentarei carregar comigo os momentos felizes e esquecer os ruins.." (p.13)
Quando ela vai cuidar da plantação que Ed tanto amava, ela acidentalmente escorrega e bate a cabeça em um dos vasos de plantas... e acorda em 1993, no dia que conheceu Ed no seu primeiro ano de faculdade.
Cada vez que dorme, ela acorda em um ano diferente, num respectivo dia que marcou a relação de ambos, seja de forma positiva ou negativa. Zoe não para de se perguntar que raios é isso que ela está vivendo: uma alucinação ou uma segunda chance de fazer seu relacionamento não seguir pelos caminhos o qual seguiu e impedir a morte de seu Ed?
"Talvez seja como o efeito borboleta: uma pequena mudança em algum lugar ao longo do caminho pode criar uma transformação enorme e impactante na vida de alguém a quilômetros, ou anos de distância. O que talvez signifique que até mesmo uma minúscula mudança hoje pode ser relevante o suficiente para evitar que eu o perca. Não faço ideia se vai funcionar, mas tenho certeza que vale a pena tentar." (p.39)
Ela vê os dias passando, seu tempo se esgotando (pois o dia da 'morte' de Ed se aproxima cada vez mais) e torce muito para que esteja entendendo as coisas corretamente -que tudo isso é uma chance de ela refazer seu relacionamento.
"Há momentos em que eu só queria que o tempo parasse e que nada, nem mesmo o mais ínfimo detalhe, mudasse." (p.107)
Porém tudo parece cada vez mais surreal, e Zoe começa a perder a direção e o controle de tudo, o que a leva ao desespero completo. Teria ela o poder de mudar o destino?
Em "Meus dias com você", Clare Swatman explicita a fragilidade das relações humanas e levanta o questionamento: se você pudesse voltar no tempo e fazer tudo diferente, será que você estaria preparado para carregar a responsabilidade de todo o curso da sua vida?
Quando vi a cotação desse livro, confesso que fiquei bem triste. Porque a sinopse me lembrou "Uma curva no tempo", e a Arqueiro sempre arrasa nas capas. Mas comecei a ler mesmo assim, e para minha surpresa, gostei mais do que imaginei.
Respeito a opinião de todos, mas receio que talvez as pessoas não souberam absolver a mensagem que Clare Swatan quis passar, que envolve segundas chances, e refletir sobre todas as suas ações e em como elas podem afetar as pessoas em sua volta e transformar tudo num "jogo" com competição sobre quem consegue mais no menor espaço de tempo. Não é drama, é reflexão. Tanto que os personagens em si não foram tão bem desenvolvidos, para que o foco fosse a mensagem que a trama traz.
É um livro com um significado especial, com aquele básico "tapinha na cara" que gera no leitor uma cachoeira de reflexões sobre a vida, sobre valores e sobre as pessoas que nos cercam. Nem todos têm uma segunda chance, mas isso não justifica uma falta de empenho na primeira.
"Eu amo você mais do que qualquer outra coisa em todo o mundo. Você é a minha calmaria em meio ao caos, minha alegria nos momentos tristes. Você é tudo para mim." (p.163)