Tamirez | @resenhandosonhos 02/08/2018MULHER MARAVILHA: Sementes da GuerraA série Lendas da DC apresenta a proposta de contar histórias diferentes tendo personagens marcantes como protagonistas. Cada um dos livros abordará um herói e será escrito por uma autora diferente. O primeiro, com a Mulher Maravilha, ficou a cargo de Leigh Bardugo, mesma autora da Trilogia Grisha (Sombra e Ossos, Sol e Tormenta, Ruína e Ascensão), e da duologia Six of Crows e Crooked Kingdom. O segundo livro, com a história do Batman, fica a cargo de Marie Lu da Trilogia Legend e da série Jovens de Elite. Já a Mulher-Gato será recriada por Sarah J. Maas, da série Trono de Vidro e Corte de Espinhos e Rosas, enquanto o Superman fica a cargo de Matt De La Peña.
O que me atraiu a ler esses livros foi o fato de três deles serem escritos por autoras que eu gosto e que acompanho o trabalho. Digo isso porque mesmo tendo alguns livros que trazem essa novelização dos super heróis, sempre fico um pouco de pé atrás de ler e encontrar algo que o descaracterize completamente pra mim. E, acho que para Leigh Bardugo, excepcionalmente por causa do lançamento do filme, essa era uma tarefa bem difícil.
O que vamos encontrar aqui é uma Diana adolescente. E, como qualquer adolescente, ela faz, pensa e sente coisas de alguém na sua idade. No começo, quando a vimos na ilha, ela é muito parecida com a imagem que temos de Diana, porém, quando levada ao mundo real, vemos um distanciamento da personalidade tradicional para flexionar a personagem a se encaixar no papel que ela deve cumprir aqui.
“Não estou com medo. Sou uma amazona e não tenho nada a temer.”
Eu, sinceramente, não consegui lidar muito bem com isso e, apesar de ter andado bem rápido entre as páginas, fiquei completamente desprendida dessa versão da heroína. Tudo aquilo que não faz parte de sua realidade como escolher o vestido do baile, se preocupar com garotos, lidar com “amigas”, acaba por saltar ao foco em vários momentos e a postura da personagem não é a que eu estou acostumada a ver.
E, sim, tenho plena consciência que esse é um problema completamente meu e não necessariamente do livro. A proposta da série parece ser trazer versões mais “teen” desses heróis que já são apresentado em postura mais séria e adulta. Porém como não é um encaixe de universo e mais um situação “paralela”, não funcionou pra mim. Ou seja, a personagem aqui não existe no mesmo mundo que a Diana do cinema, não é uma história que poderia ter acontecido antes e sim uma nova versão, um novo start.
Mas é claro que tem algumas partes engraçadas que rendem bons momentos dessa entrada de Diana no mundo contemporâneo, como já era de se esperar. Ela é uma amazona, viver numa ilha a vida toda, ela não conhece nada do “mundo real”, então tudo será uma novidade. E, nesses casos é onde mais vi a essência da Mulher Maravilha que eu conheço: na postura frente a descobrir essa nova realidade. Confrontativa, deslocada, mas segura.
“Não podemos evitar a forma como nascemos ou o que somos. Mas podemos escolher o rumo de nossas vidas.”
A trama também vai brincar com alguns mitos que são velhos conhecidos nossos, como por exemplo Helena de Troia e os acontecimentos narrados em volta disso. O vilão é incerto até o fim do livro, quando temos algumas reviravolta para apresentar a real faceta dos personagens. Eu não fiquei muito surpresa, porque estava achando o ar da coisa já um pouco estranho, mas acho que pode sim pegar algumas pessoas desavisadas.
Alia é negra e a autora trabalha isso levemente no livro. Aqui, temos uma personagem que é rica, então o preconceito enfrentado é um pouco diferente. Mesmo assim, achei interessante não ter colocado uma personagem branca tradicional ou ter feito de Alia uma jovem pobre ou marginalizada. É importante que, por mais que às vezes essa seja a maioria da realidade, ela não é total e precisamos nos desprender do preconceito apresentando outras versões onde as pessoas também se encaixam.
A edição está bem caprichada e a editora manteve a capa original, o que deve acontecer também com os outros livros. Minha inclinação, porém, a seguir lendo as histórias dessa série fica um pouco balançada por causa dessa primeira experiência, mas provavelmente, em função das autoras, vou ler pelo menos o de Marie Lu e o de Sarah J. Maas. Apesar que não consegui ver muito da voz de Leigh Bardugo aqui e a escrita me pareceu bem genérica.
Eu achei a história bem rápida de ler, mas além de fugir um pouco da personalidade que eu gostaria de ver, o tom juvenil me afasta do livro. Acredito que se você não tem esse impedimento ou gosta de livros com tom adolescente, pode sim aproveitar bastante o livro e curtir a história como um todo. Se você já leu, me conta aqui em baixo o que você sentiu sobre a leitura e como vê essa Diana bem mais jovem ;)
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