Nay C 24/09/2021
Uma vida que seja menos amarga do que doce
O livro foi muito interessante, principalmente no aspecto cultural, em mostrar que meninas e mulheres praticamente não tinham direitos no Afeganistão e o mais absurdo é que muito disso continua presente hoje lá e com bastante força, o que é muito triste. A história pode ser fictícia, mas tem um fundo de verdade enorme. Como que podem tratar meninas da forma como Rahima foi tratada? Privar de ir à escola, permitir casamentos forçados com homens mais velhos, as forçarem a só viver a função de esposa quando não foi escolha delas, porque essas meninas não fizeram nada para merecer esse tipo de tratamento. Tanto na história de Rahima quanto de Shekiba, todos os homens acham que as mulheres são um fardo e tem que cumprir suas obrigações a qualquer custo. Ambas as personagens são mulheres fortes, mas Rahima é a mais corajosa, talvez por se inspirar na história de sua antepassada Shekiba.
Em certo ponto a história de Shekiba ficou rápida demais e eu esperava mais, terminou de modo meio abrupto e anticlimático. Chegando à reta final, já dava para vislumbrar onde a história de Rahima ia dar e gostei, apesar de discordar um pouco do modo como a autora conduziu essa parte.
Fiquei um pouco confusa no início em relação ao contexto histórico, talvez porque não seja a proposta da autora explicar essa parte, ou talvez por eu desconhecer a história mais antiga do Afeganistão, mas isso não é algo que atrapalha muito a leitura. De qualquer forma recomendo o livro, pode ser que ele abra horizontes para você.
?Esta vida é difícil. Perdemos pais, irmãos, mães, pássaros canoros e pedaços de nós mesmos. Açoites golpeiam os inocentes, honrarias são concedidas aos culpados e há muita solidão. Eu seria tola se rezasse para que meus filhos sejam poupados de tudo isso. Peça demais e as coisas podem acabar sendo piores. Mas eu posso rezar por pequenas coisas, como campos férteis, o amor de uma mãe, o sorriso de uma criança ? uma vida que seja menos amarga do que doce.?