Rafa-dono 12/07/2023Câncer - O Destruidor de CérebrosEu já li livros ruins. Eu já li livros muito ruins. Eu já li Harry Potter e A Mediadora inteiros. Eu já li A Reconstrução de Mara Dyer (não tive coragem de ler os demais).
E eu não posto resenhas há anos, positivas ou negativas.
Mas eu tinha que vir aqui desabafar o meu sofrimento e desgosto com esse lixo.
Eu já descobri, por intermédio do autor Saymon César, que ministra aulas de escrita criativa e é o pior gerenciador do próprio negócio, respondendo com ignorância quando a gente cobra dele que cumpra o mínimo do que oferece... Enfim, eu já descobri por ele que os livros dessa coleção não foram publicados por mérito qualquer que não o de dinheiro, algo na casa dos 14 mil. Não requer prática nem tampouco habilidade, só bufunfa. O livro dele é medíocre pra dizer o mínimo, mas pelo menos só peguei umas crases mal empregadas lá...
Agora ISSO AQUI... Isso aqui. Quem. Em são consciência. Publica. ISSO. Ainda que tenha alguém pagando pra que seja publicado. Interrogação. E revolta.
Existe um rascunho, bem cru, de um plot que poderia render algo remotamente interessante. Uma intenção e um direcionamento dignos do splatterpunk, gênero que no Brasil só vê o eventual Clive Barker sendo publicado. Gênero que curto muito, diga-se de passagem. Gênero mal visto porque todo movimento controverso sempre é mal visto. Porque o nu, muitas vezes literal, e o cru, tipo carne crua, gera aversão. Mas se não é o horror a casa do perverso, do afrontoso, do revoltante, do nojento.
O problema é que o splatterpunk também acaba dando margem pra muito péssimo escritor ter uma voz, ainda mais com a facilidade da publicação online. Cito como exemplo "Baby's First Book of Seriously F-ed Up S-t", por Robert Devereux, uma antologia que é tão asquerosa quanto mal escrita.
E cara, o splatterpunk não poderia estar melhor pior servido no Brasil do que com o trabalho dessa... Desse... Ser.
O livro não é só confuso. Também. Vai pra lá e pra cá na linha do tempo, sem umas datas para te situar, e pior, de vez em quanto com as piores referências cronológicas que já li na vida. Tem duas Clarices e dois Pedros, dois personagens tratados por Debret e dois por Heisig, porque sim, não existe só uma Maria no mundo - mas dê uma olhada no que a HBO fez com Game of Thrones e Asha Greyjoy, ou Robert Arryn.
O livro é chato, e por demais. Não acontece nada de interessante - se você achou o pornô de camelô interessante, nem fale comigo - e quando acontece já foi sem você perceber, sem um peso dramático, sem uma descrição que preste, sem uma prosa minimamente interessante. Os personagens são todos uns... Deixa pra lá! E tem tantos deles que não acrescentam em nada, só estão ali pra fazer número, pior que novela quando o autor tá só enrolando mesmo.
A escrita é horrorosa. Não bastassem os saltos aleatórios - e frequentes - de perspectiva, a voz horrenda, os erros grosseiros, crassos, ainda a autora não faz a mínima ideia de como um ser humano de verdade funciona. E isso porque é publicitária. Pelo menos duas vezes as pessoas SOLETRAM em conversas casuais, sabe? Elas S-O-L-E-T-R-A-M! Assim mesmo. Você conhece alguém que fala assim no dia a dia? Se sim, mate com fogo, porque não é deste mundo.
Eu queria passar a noite toda malhando esse lixo, mas é como dizem: quanto mais se cutuca o estrume, mais ele fede. Agora eu só quero esquecer que me dei ao trabalho de ler Câncer - O Destruidor de Cérebros, até o fim. O MEU cérebro dói.