spoiler visualizar@Caroline 29/04/2024
Polícia
Publicado originalmente em 2013, em Polícia temos a continuação dos ocorridos no livro anterior, exatamente onde "Fantasma" termina.
"E esse foi o último pensamento de Harry Hole. Que finalmente, finalmente, estava livre."
"Era nessa mesma cidade que a arma se encontrava no momento, mais especificamente em Holmenkollveien, na casa de Rakel Fauke."
Com a maestria de Nesbo, pensamos que o inspetor Harry Hole está morto. Oleg. Odessa. O primeiro capítulo chega a ser sublime. Durante os 12% iniciais do livro, vemos Beate, Katrine, Bjorn e todos os personagens se desenvolvendo, suas histórias acontecendo. Um novo crime. E um paciente em coma. Numa ala de acesso restrito. Com um policial de vigia em período integral. Uma testemunha chave num caso muito importante. Harry Hole?
"Ele está acordando do coma."
Algo que só Jo Nesbo é capaz de fazer. Nos fazer prender a respiração. Nos conectar com os personagens. Nos colocar dentro da história. Suspirar com os personagens. Ter raiva com os personagens.
E então, quando atingimos a marca de 32% de leitura, Jo Nesbo nos solta uma bomba. Pois até então, pensávamos que Hole estava em coma.
"E o mais importante: havia vida em seus olhos. Aquela esperteza e aquela energia quase insana estavam de volta. Rugas de riso e uma linguagem corporal expansiva que ela não tinha visto nele antes.
Então sentimos felicidade. Finalmente. Harry Hole sóbrio. Com Rakel. Morando em Holmenkollveien. Oleg em reabilitação. Hole passou a ser professor na Academia de Polícia. Deu tudo certo!
Até que os crimes revelam algo assustador: uma série de policiais assassinatos. E Harry Hole é convocado para atuar novamente. Inicialmente, como consultor externo, assim como Aune. Mas no fim, não ficou claro se ele voltou como Inspetor mesmo. Nesbo, com sua maestria literária, introduz Beate Lonn, desde o livro anterior, com destaques na história. Até ela ser alvo. Beate, a melhor amiga de Hole, desde o segundo livro.
"Os sacos de lixo da lixeira eram pretos. Harry correu. Correu pelo corredor, saiu pela porta, foi em direção ao portão. Correu tudo o que era capaz, embora seu coração ainda batesse mais rápido."
"No quarto saco ele encontrou o que estava procurando. As outras partes do corpo poderiam ter sido de qualquer pessoa. Mas não essa. Não esse cabelo loiro, não esse rosto pálido que nunca mais iria corar. Não esses olhos vazios e arregalados que haviam reconhecido tudo o que eles algum dia já tinham visto. O rosto estava despedaçado, mas Harry não tinha dúvida. Ele tocou um dos brincos, fundido de um botão de uniforme. Doía tanto, tanto, que ele não conseguia respirar. Doía tanto que ele precisou se encolher feito uma abelha moribunda com o ferrão arrancado. E então ouviu um som sair de seus lábios, como se viesse de um estranho, um uivo prolongado que ecoou pela vizinhança pacata."
As coisas tomam um rumo inesperado. A história passa a ter 2 suspeitos. Ao mesmo tempo só 1. O suspeito passa a ser um policial. Um policial assassinando seus colegas. E como sempre, desconfiamos de vários. Das pontas soltas dos livros anteriores.
Enquanto isso, Aurora, filha de Aune, de apenas 12 anos. Por várias cenas, prendemos a respiração, pensando "não, não, não". E então respiramos aliviados quando fica tudo bem.
Temos um plot twist interessante. Um dos suspeitos é deixado de lado, quando Hole pensa que sabe quem é o assassino, que na verdade, acaba sendo mais uma vítima. Truls. O outro suspeito simplesmente é deixado de lado. Mas Nesbo nos deixa com uma pulga atrás da orelha, sabemos que é uma falha. Mas uma falha proposital. Rakel e Oleg. Novamente, uma situação com eles. O assassino está prestes a matá-los, Mas Hole sempre chega no momento certo. Dessa vez não foi um episódio grandioso, como em O Boneco de Neve. E pensamos: assim como o livro anterior, Hole morreu. Dessa vez ele morreu. Talvez os dois próximos sejam sobre Oleg, que aparentemente entrou na Academia de Polícia.
Temos a cena da igreja. Todos chorando. Bellmann, um idiota como sempre. Até Truls. E então descobrimos: Rakel e Harry. Casamento. E enquanto você está sorrindo, lendo as cenas, Nesbo vai intercalando os parágrafos com Aurora, que está num campeonato de Handbol. O outro suspeito. O outro assassino. O estuprador. E o livro finaliza com Truls no carro, ouvindo pelo rádio, sobre o homicídio de uma menina.
"Sabia que as coisas deveriam terminar ali, daquele jeito."