Fernanda631 31/07/2023
O príncipe corvo
O príncipe corvo (Trilogia dos Príncipes #1) foi escrito por Elizabeth Hoyt e publicado em 2006.
A história de Anna e Edward.
Os romances da Trilogia Os Príncipes não fogem a fórmula mágica do casal improvável, com pegada sexy, que exaltam o famigerado desejo palpável e terminam num final feliz, mas não sem antes violar algumas regrinhas de etiqueta da sociedade e chocá-la das piores (melhores) maneiras possíveis.
O livro que abre a trilogia conta a história da viúva e endividada Anna Wren e o poderoso Edward de Raaf, o Conde de Swartingham, descrito como um homem feio por carregar marcas de varíola. A doença devastou sua família e deixou marcas em seu rosto e também na sua autoestima. Volta e meia ele se ressente pela repulsa das damas à sua aparência.
Edward é conhecido como irritante, arrogante e grosso, algo bem pertinente ao título. Isso faz com que apenas um seleto grupo de funcionários o aguentem. Com isso, a vaga de secretário é mais uma vez aberta e o espalhafatoso administrador Sr. Hopple têm a missão de encontrar outro candidato.
Numa artimanha do destino e também da lady em questão, o Sr. Hopple surpreende e choca ao contratar uma mulher para o cargo, a viúva Anna. Ele fica satisfeito quando percebe que Anna não apenas faz um trabalho espetacular, como consegue lidar com o temperamento do Conde. É hilária a cena em que ele descobre que uma mulher tem feito o serviço de um homem.
Quando casada, Anna não conseguiu engravidar e, com isso, abriu-se o direito ao marido de conseguir uma segunda esposa que lhe dê a “bênção” de um herdeiro. Depois da morte do marido, cada passo é meticulosamente vigiado e não é pela sua segurança, mas para zelar pelo nome e memória do esposo (mesmo que esse seja um crápula). As finanças da família vão mal e só resta a Anna procurar um ganha pão. O problema é que mulheres trabalhando ainda não é algo comum, sobretudo na função que lhe é oferecida.
Anna sente o peso da viuvez, definitivamente não é nada fácil para ela assumir as responsabilidades e cuidados do lar que normalmente caberiam ao "homem da casa", não por falta de vontade, dedicação ou competência, mas sim pelas inúmeras dificuldades impostas pela sociedade em que vive, mesmo assim ela não se deixa abater e nem desiste de encontrar uma forma eficaz de ajudar a si e a sogra por quem se tornou responsável após a morte do marido. Sempre atenta a todas as possibilidades Anna agarra com as duas mãos a chance de tornar-se secretária do conde de Swartingham. Ficar sozinha com um homem, mesmo que trabalhando, põe em risco a reputação da mulher e choca a comunidade local.
Conde de Swartingham, até então um homem que devido a sua enorme discrição tornou-se quase que uma incógnita na região, poucos tiveram de fato a oportunidade de encontrar-se cara a cara com o tal conde, mas nem isso impede os boatos de rolarem soltos.
Considerado um homem desagradável tanto na forma que se porta como em sua aparência, Edward fica pasmo ao dar de cara com Anna, a jovem que inicialmente lhe pareceu quase sem atrativo algum não demora a invadir seus pensamentos de forma pouco cavalheiresca, o levando a procurar meios "convencionais" aos lordes de tentar esquecê-la mesmo que por alguns dias. O que o conde nem ousa cogitar é que assim como ele Anna possui seus desejos a serem saciados e mesmo que pareça improvável ela correrá todos os riscos para conseguir satisfazê-los.
É evidente que os dois se desejam, e Anna fica frustrada quando descobre que o Conde frequenta um famoso bordel. Com a ajuda de uma amiga improvável (e escandalosa), ela se disfarça de prostituta para ficar com o Conde. Essas pequenas aventuras, óbvio, vão mudar o rumo dessa amizade. Até que chega a vez do Conde se frustrar ao saber que, aparentemente, Anna não pode ter filho e ele precisará de um herdeiro.
Paralelo a toda a história de amor, é interessante acompanhar e observar a vida de Anna enquanto mulher. O passado e o presente dela nada mais são do que um compilado bem escrito e um detalhado contexto da situação da mulher em 1760 na Inglaterra, um país desenvolvido, ao mesmo tempo que tradicional ao extremo.
Essa é a história de um amor construído, que a cada capítulo rompe uma barreira, embora o desejo do Conde pela Anna seja imediato e desencadeado apenas pelo sorriso dela.
A interação entre Anna e Edward de Raaf é ótima e a escolha do nome do cachorro dele vai arrancar muitas risadas. Esse também é o elo de construção da amizade entre eles, a confiança, a interação e a liberdade para serem eles mesmos, sem a exigência de uma aparência perfeita, um título ou condição social.