Diane Ramos 14/02/2018
MENINA VENENO (Carina Rissi)
Se tem uma coisa que eu curto são releituras de contos de fadas, sendo assim, quando soube que a Carina Rissi iria lançar Menina Veneno fiquei bastante entusiasmada, principalmente, pelo fato do livro ser uma versão moderna de meu conto de fadas favorito: Branca de Neve! Só que desta vez, conhecemos o ponto de vista do vilão, o que deixa tudo um pouco mais interessante, já que esse é o lado que nunca chegamos a conhecer direito, pois, esses contos geralmente deixam “as mocinhas” no centro das atenções e nunca sabemos de fato o que existe do outro lado da força... Comecei a leitura com as expectativas bem altas e logo nas primeiras páginas percebi que estava diante de uma obra extremamente divertida!
O livro traz a história de Malvina, uma mulher linda, rica e famosa. Conhecida como “a rainha das passarelas”, seu nome sempre está circulando os tablóides de fofoca e revistas de moda, tornando assim Malvina um sinônimo de beleza e alvo de desejo e inveja. Além de ter uma carreira simplesmente brilhante, Malvina foi casada por alguns anos com o famoso piloto de Fórmula 1, Henrique Neves, o que abrilhantou ainda mais sua vida. Porém, nem tudo são flores e após um trágico acidente, Malvina acaba ficando viúva e Henrique deixa à seus cuidados sua filha Bianca Neves até que ela completasse a maioridade.
Malvina nunca se deu muito bem com sua enteada, porém, as coisas começam a esquentar quando Bianca rouba sua campanha mais importante e se torna a mais nova garota Menina Veneno. Quando a super modelo percebe que está “perdendo território” para Bianca, aquela garotinha insossa e sem graça, Malvina começa uma jornada em busca de conquistas e poder para permanecer para sempre no topo das paradas.
Será que Malvina é realmente uma madrasta malvada ou Bianca é que é uma sonsa fingida? Todo mundo já conhece o lado da mocinha, agora, chegou a hora da vilã dar o seu ponto de vista. Nada mais justo que escutá-la, certo?
Menina Veneno é narrado em primeira pessoa pela vilã (ou não?!) Malvina Neves e a autora usou aquele tipo de narrativa que dá a sensação que o personagem conversa diretamente com o leitor, interagindo com ele. Particularmente, não curto muito leituras assim, acho que fica meio forçado e ás vezes até irritante... Se Carina Rissi não tivesse usado toda essa interação creio que a leitura tivesse sido mais interessante, pois, a história tem muito potencial, os personagens são legais, os acontecimentos foram bem planejados e os diálogos divertidíssimos, a minha única ressalva mesmo é que não me dou muito bem com esse tipo de narrativa.
Achei muito interessante a ideia de trazer uma releitura de um conto de fadas sob o ponto de vista da vilã, afinal, estamos tão acostumados a sempre olhar para o mesmo lado da moeda e nunca percebemos que existe um outro lado, uma outra versão. Em Menina Veneno temos a chance de desconstruir o conto de fadas Branca de Neve e, confesso que adorei a vilã! Malvina Neves é uma mulher genial, brilhante, carismática e, mesmo tendo algumas atitudes duvidosas, é impossível não querer acompanhar sua jornada e descobrir o que ela vai aprontar! Nunca pensei que fosse dizer isso, mas, a mais pura verdade é que amei a “Madrasta”!!!
Além de divertir o leitor com um humor irônico inigualável, Menina Veneno ainda abre os olhos do leitor sobre algumas questões como a ganância, o desejo de poder, status e a tão sonhada fama. Mas, mais importante ainda, nos mostra como na vida ás vezes se ganha outras se perde, afinal, nunca somos capazes de controlar tudo. Malvina é uma pessoa que tinha a vida que toda garota sonha ter, mas, ela nunca se satisfazia com nada e, assim, acaba se enrolando em todas as suas armações para ter cada vez mais e mais e, é claro, coloca em risco tudo o que já conquistou... Será que devemos usar todas as armas para ter uma vida perfeita ou devemos pegar mais leve e aproveitar todo dia como se fosse o último?
Enfim, Menina Veneno é um livro delicioso, leve, divertido e que pode ser lido em apenas uma tarde preguiçosa regada a tortinhas de maçã (?!). Recomendo o livro pra quem curte releituras de contas de fadas e pra quem está em busca de uma leitura mais descontraída.
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