Silvana 25/07/2021
Lady Georgina Maitland nunca esteve dentro do padrão de beleza de sua época. Diferente das outras mulheres que tem os cabelos louros e lisos, ela tem os cabelos vermelhos alaranjados e frisados. Isso poderia ser um grande problema na hora de conseguir um bom marido. Isso e sua idade avançada de 28 anos, já uma solteirona. Mas agora ela já não tem que se preocupar com essas coisas. Sua tia lhe deixou uma bela herança. A propriedade de Woldsly e toda a renda gerada por ela para ser administrada por Georgiana. Por isso ela não precisa se preocupar mais em arranjar um bom marido, agora ela é dona de sua própria vida e não deve satisfação de seus atos a ninguém, mesmo sendo uma dama da sociedade, e filha de um conde. Tudo que ela precisa é de um bom administrador que cuide de seus interesses. É assim que ela conhece Harry Pye.
Nos seis meses que Harry tem cuidado da propriedade, ele tem feito um bom trabalho. Harry é uma pessoa eficiente e discreta e por vezes passa despercebido. Mas então surge alguns rumores envolvendo o nome de Harry e Georgina se vê obrigada a se envolver. Ela sai de Londres e vai para Yorkshire enfrentando alguns percalços no caminho, como uma forte chuva que derruba sua carruagem e ela tem que passar a noite em um chalé só na companhia de Harry. E quando chega a Woldsly ela fica sabendo que alguém está envenenando as ovelhas da propriedade de seu vizinho, Lorde Granville e que o principal suspeito do crime é seu administrador.
E as suspeitas só aumentam quando Lorde Granville vai até a mansão Woldsly exigir que Georgina tome alguma providencia e reconhece Harry de uma desavença entre eles e o pai de Harry que aconteceu há dezoito anos. Mas Georgina não acredita na culpa de Harry e não deixa que ele leve Harry preso. E para provar sua inocência Harry vai ter que descobrir quem é o verdadeiro criminoso e Georgina diz que vai investigar junto com Harry. Mas essa aproximação entre eles não é nada boa, porque começa a crescer uma atração incontrolável entre eles e uma relação entre os dois está fora de cogitação já que Georgina é uma dama e Harry seu criado.
"— Seja como for, um cavalheiro não continua a cortejar uma dama que não pode retribuir seus sentimentos.
— Então, na minha opinião, o senhor tem dois problemas, milorde — disse Harry.
Os olhos de Tony se estreitaram.
— Primeiro, a dama retribui, sim, meus sentimentos, e segundo — Harry se virou e encarou o conde —, eu não sou um cavalheiro."
Esse é o segundo livro da trilogia dos príncipes. E diferente das outras séries de época que sempre aconselho a ler os livros na ordem, neste a ordem não faz diferença porque apesar dos personagens principais, os protagonistas masculinos, aparecerem nos outros livros, a participação é tão pequena que não faz nenhuma diferença para as histórias. A autora seguiu a mesma linha do primeiro livro com protagonistas fugindo completamente dos clichês do gênero. A questão da beleza não é novamente relevante já que os dois não são descritos como bonitos. Georgina pelo contrário foge do que era considerado belo na época. E Harry foge de todos os padrões porque para começo de conversa ele é um empregado e não tem um título, nem um que seja falido para contar história.
A Georgina é uma sonhadora que ama contos de fadas, até a alusão ao Príncipe Leopardo na história é ela quem faz, já que é ela quem conta a história ao longo do livro para o Harry, mas que curiosamente não acredita em casamentos e finais felizes. E ela é uma solteirona, o que seria um clichê, mas aqui ela não precisa desesperadamente de um marido. Acabei me identificando muito com ela nessa parte já que apesar de amar contos de fadas e viveram felizes para sempre, nunca tive vontade de me casar. Harry chamou minha atenção como falei por não ser um cavalheiro, acho que ele é um dos poucos mocinhos de época que leio que não é um, ou que pelo menos não faça parte da sociedade. E dai fica essa questão das coisas nunca darem certo entre eles por causa dessa diferença social. Questão que ainda existe nos dias de hoje, mesmo que não exista mais essa questão da nobreza, mas é bem dificil uma pessoa rica casar com alguém que more em uma comunidade por exemplo.
Eu li várias resenhas falando que esse segundo livro era bem mais fraco que o primeiro. Eu não achei, gostei da mesma forma. A história é diferente e começa a ser contada de uma maneira que quem é acostumado com o gênero estranha um pouco, porque ela já começa com os personagens ficando presos debaixo de uma chuva e não tem aquela apresentação de cada um deles no começo da história, comum nos livros do gênero. A narração é em terceira pessoa e passa por vários personagens, mas em sua maioria acompanha a Georgina. Os irmãos da Georgina roubam a cena em várias partes, queria mais deles na história hehe. Quanto a edição, está tão linda quanto a do primeiro livro e essa capa é de arrasar. Tem tantos detalhes na capa que a gente fica perdida olhando ela. Enfim, é um livro que recomendo muito aos amantes do gênero.
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