Fernanda631 05/07/2023
Canção de Susannah (A Torre Negra #VI)
Canção de Susannah (A Torre Negra #VI) foi escrito por Stephen King.
“Canção de Susannah” veio em um momento muito significativo na vida do autor: em 1999, Stephen King estava andando por uma estrada perto de sua casa quando foi atropelado por um motorista imprudente. O acidente o deixou gravemente ferido. O livro seis e sete da série 'A Torre Negra' foram escritos no momento em que o autor estava com fortes dores, o que teve um impacto na sua concentração e resistência.
O foco principal do romance, o que o próprio título já entrega, está na personagem Susannah. Seu corpo foi sequestrado por Mia, uma entidade que a habita e carrega uma criança não natural através dela. As relações de Susannah com Mia são na maior parte contraditórias, mas Stephen King consegue fazer com que o leitor tenha simpatia por essa personagem tão complexa e doida.
A luta de Susannah é em grande parte mental. A sua luta interior é onde o autor apresenta os elementos de terror da história, além do horror corporal de uma gravidez paranormal, que já é uma situação desconfortante por si só. O enredo dessa personagem em muitos momentos me deixou um pouco distante, tudo parecia louco demais.
'Canção de Susannah' oferece muitas linhas narrativas bem divididas. Roland e Eddie em 1977 e Padre Callahan, Jake e Oy que estão tentando alcançar Susannah em 1999. A loucura do tempo não me deixou perdido na história, muito pelo contrário, eu achei que ficou tudo mais interessante e divertido. Depois do volume anterior, em que Stephen King entregou uma verdadeira odisseia de loucura e doideira, esse volume ficou super confortável de ler.
Stephen King soube capturar um determinado tempo e lugar em nossa realidade e o autor também é brilhante com suas caracterizações. No geral todos os membros do ka-tet são fantasticamente bem elaborados e muito simpáticos, eu gosto dos personagens dessa saga e esse é um dos motivos de gostar tanto de 'A Torre Negra'.
A história de Roland e Eddie é a mais cheia de ação, o que foi de muita serventia para o ritmo do livro. Padre Callahan, Jake e Oy avançam a trama para outras áreas, trabalhando para resolver a missão do ka-tet antes do sequestro de Susannah, mas quando a história tem o foco nesse enredo a coisa ficava um pouco chata e já não ajuda que suas aventuras sejam mais curtas e menos agitadas.
Roland e Eddie em sua missão em 1977 acabam encontrando em seu caminho o próprio Stephen King. Eu acho que a inclusão do autor de si mesmo funciona bem, mas não achei tão legal quanto no volume anterior. Leitores ávidos da série ficarão completamente encantados ou extremamente irritados com esse movimento corajoso do autor.
Ele é bastante honesto sobre sua própria história de alcoolismo e vícios em outras substâncias, que é muito de se respeitar, tecer seu próprio personagem nesta saga imprevisível de maneira real e sincera, só reforça sua genialidade.
Depois do grosso volume anterior, o autor oferece um 'Canção de Susannah' mais curto e direto ao ponto o que eu gostei muito. Parece que o Stephen King escreveu os 3 últimos livros de uma vez, um próximo do outro para terminar a história e eles encaixaram de uma vez muita coisa que estava faltando.
Embora eu não considere esse volume ruim, o seu manejo é problemático, eu achei ele o mais fraquinho de todos até agora, não curti muito de 'Canção de Susannah'. Ainda sim, é um prazer voltar para este mundo e conviver um pouco com esses personagens loucos.
Enquanto Lobos de Calla tem uma grande preparação para um final arrebatador, Canção de Susannah fica o tempo todo num ritmo frenético. Confesso que quando vi que Susannah teria MAIS UMA personalidade, fiquei com medo. Medo de como a personagem ficaria e como a história andaria. Três pessoas dentro de uma só? Aliás, se contar com o bebê, QUATRO pessoas dentro de uma só.
Mas King não desaponta. Eu adorei o modo como tudo ocorreu, e o amadurecimento e evolução de Susannah são incríveis. Acho que o que tornou esse livro meu preferido da série é que, depois de tanta introdução, tantos problemas, tanta ‘contação de história’, agora estamos focados muito mais na jornada para a Torre. E estamos chegando muito perto também. Conhecemos os personagens tão bem que ficamos completamente envolvidos com o livro, torcendo para que aconteça o melhor e ficando angustiados juntamente com eles, fazendo também parte desse grande ka-tet.
O interessante disso é realmente ver a evolução da escrita do King. Pode ver, quando falei sobre o primeiro livro, reclamei que fiquei confusa o tempo todo. E, se não fosse Stephen King, eu teria largado a série por não ter entendido nada do primeiro livro. Agora, esse livro aqui é meu preferido, por enquanto. A escrita do King está completamente diferente e eu simplesmente não consegui largar até acabar! Não senti ‘cansaço’ e nem fiquei pensando ‘nossa, para de enrolar e conta logo o que eu quero saber’. Legal, também, que no final temos umas anotações de diário que ele fez, o que nos dá uma ideia de como seria aquele livro dele “Sobre a Escrita”.