Entre Irmãs

Entre Irmãs Frances de Pontes Peebles




Resenhas - Entre Irmãs


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Annyele3 31/01/2023

PERFEITOO,merecia mais reconhecimento
Livro simplesmente maravilhoso, INCRÍVEL, INCRÍVEL,a história é muito interessante e consegue prender a sua atenção,te deixa cada vez mais curioso pra saber oq vai acontecer.

Os drama dos personagens vão ficando cada vez melhores, você se sente apegada a eles.

Muito bom pra quem quer começar a ler livros nacionais.

Recomendo, principalmente pra quem gosta de estudar história,se passa durante a Era Vargas e trás acontecimentos históricos muito interessantes.

Tudo no livro é bom,ele causa emoção e paixão,sabe aquele livro que te faz esquecer da realidade e tudo que importa é saber o que vai acontecer com os personagens??? Entre Irmãs é esse tipo de livro, PERFEITO ??
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Ludy @emalgumlugarnoslivros 20/02/2019

A costureira e o cangaceiro
Entre irmãs - Frances de Pontes Peebles
576 páginas/Arqueiro


" ... uma lembrança compartilhada para guardar. Caso uma se esquecesse do ocorrido, a outra estaria ali para ajudá-la a recordar."

As irmãs Emília e Luzia vivem no sertão de Pernambuco com a tia, são costureiras.
Emília é uma romântica sonhadora e quer algo a mais para o seu futuro.
Já Luzia não tem esperança, ela tem um braço aleijado que a impede de ser alguém.
Até o dia em que Luzia cruza com o bando do Carcará; daí em diante tudo muda, Luzia é levada e Emília precisa recomeçar.

A história se inicia com um prólogo envolvente.
Então voltei no tempo; com os capítulos intercalados entre as irmãs, fui descobrindo como tudo aconteceu.
Vi essa relação linda que há entre elas, uma relação que a maioria das irmãs tem: entre amor e farpas.
Mas os cangaceiros se colocam no meio delas e levam Luzia, dando um tom mais empolgante.

Entre irmãs é um romance histórico e que se passa nas décadas de 20 e 30.
De um lado, vi a perspectiva de Luzia representando o sertão, um povo esquecido pelos governantes e que só é lembrado quando é útil.
Do outro, vi a perspectiva de Emília representando os privilegiados; mas não pensem que ela estava no melhor lado, porque ela estava em um ninho de cobras.
Mesmo distantes, elas mantinham uma ligação invisível. E era através dos jornais que elas sabiam sobre a vida da outra.
E assim fui conhecendo uma outra época e uma outra realidade.
Como é viver no sertão, na seca, na caatinga, em meio ao coronéis e cangaceiros.
E tem o lado político, a revolução de 30 e como tudo isso afetou a vida de ambas.
Tanto Emília quanto Luzia vão crescendo, mas também vão mudando.
Uma se perde, a outra tenta se encontrar.

Frances tem uma escrita precisa e rica em detalhes, fica nítido o quanto ela pesquisou.
Meu único problema foi com a narrativa lenta e que requer muita atenção.
Exceto por isso, é um ótimo livro!
Frances mostra a força e a importância da mulher em uma época em que mulher não tinha voz.
Entre irmãs não é apenas sobre duas irmãs que se amam, é sobre a busca pela liberdade e a prisão que ela se torna.
Vale a pena fazer essa leitura!

#resenhaemalgumlugar

site: @emalgumlugarnoslivros
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Tainara.Mello 10/09/2021

Não assisti ao seriado que passou na tv inspirada no livro , o livro é incrível . Uma história sobre cangaçeiros que te prende .
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Luis.Carlos 13/05/2019

SEN-SA-CIO-NAL
Entre Irmãs é um daqueles livros envolventes que todo leitor sonha de encontrar ao entrar em uma livraria, denso, bem escrito, com personagens que vão entrando no seu círculo íntimo. Li por indicação em uma viagem de férias que fiz ao interior do Ceará o que incrementou minha experiência das localidades da narrativa.
Simplesmente o melhor livro que li em 2018, uma jóia encadernada.
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Ana 22/02/2018

Quando eu terminei de assistir Entre Irmãs — no formato de minissérie que passou na Globo —, fiquei tão mexida com a história das irmãs Luzia e Emília que não consegui parar de pensar na adaptação por muito tempo. Foi só um tempo depois que me toquei que o filme/minissérie foi baseado em um livro, publicado originalmente como A Costureira e o Cangaceiro, e que minha querida editora parceira havia relançado essa obra tão maravilhosa. Hoje, dias após ter finalizado a leitura, ainda penso nas melhores costureiras de Taquaritinga do Norte com um aperto no peito.

Emília e Luzia são duas jovens do interior de Pernambuco que foram criadas pela tia Sofia após a morte precoce dos seus pais. As irmãs não podiam ser mais diferentes: além das características físicas totalmente opostas, enquanto o sonho de Emília é se casar um cavalheiro e se tornar uma dama da sociedade para ir embora de uma vez do lugar onde vive, Luzia já aceitou o seu destino desesperançoso. Após um acidente ainda criança, a jovem ficou com o braço deformado e, obviamente, para os padrões daquela época — a história se passa nas décadas de 20 e 30 —, não despertava o interesse de nenhum rapaz.

Porém, a vida das irmãs toma um rumo totalmente diferente quando um bando de cangaceiros invadem Taquaritinga do Norte. Antônio, o Carcará e líder do grupo, se encanta com a personalidade de Luzia e resolve levá-la consigo. Não gosto muito de dizer que ela foi obrigada a acompanhar os cangaceiros, porque a todo momento Peebles deixa claro através dos pensamentos da personagem que ela foi por livre e espontânea vontade — até hoje não decidi se foi por medo de um dia ficar sozinha ou se foi porque ela também se encantou pelo Carcará.

Algum tempo depois da partida da irmã, tia Sofia acaba morrendo de desgosto. Sozinha e sem perspectiva nenhuma, Emília é "salva" por Degas Coelho, um estudante de Direito que mora em Recife e é da uma família extremamente respeitada na Capital. Assim, apesar de as coisas não acontecerem exatamente como ela imaginava, Emília se casa com Degas e, num piscar de olhos, se torna a sra. Coelho. Com uma narrativa em terceira pessoa que intercala os pontos de vista entre as duas protagonistas, vamos acompanhando os percalços de Emília para se integrar à sociedade ao mesmo tempo em que Luzia vai se tornando a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros.

Frances de Pontes Peebles conseguiu, com maestria, intercalar o real com o ficcional. Isso porque, apesar de todos os personagens terem sido criados pela autora, ela inseriu fatos históricos que realmente aconteceram, como a Revolução de 1930 (movimento que chega ao poder encabeçado pelo político gaúcho Getúlio Vargas), o direito do voto feminino até mesmo a atividade da frenologia, uma teoria que dizia que era possível determinar o caráter e o grau de criminalidade das pessoas pela forma da cabeça. O mais legal de tudo é que em nenhum momento essas informações se tornaram cansativas, tudo era parte essencial da história de Luzia e Emília.

E por falar nas protagonistas, é impossível falar delas sem citar da força que ambas carregam consigo. Luzia, de longe minha personagem preferida, enfrenta não só o machismo dos cangaceiros — em certo ponto, acaba conquistando o respeito de todos —, mas também a caatinga, que era tão impiedosa quanto os homens. Emília, apesar de não passar fome ou sede, acaba se vendo mais sozinha que nunca, pois o casamento não é nem um pouco o que ela esperava. Além disso, tem que enfrentar, a todo momento, uma sociedade hipócrita e cheia de segredos.

Preciso confessar que, no começo, achei muito estranho o fato de a editora ter alterado o nome da obra, principalmente por minhas partes preferidas serem as relacionadas à Costureira e o Carcará, mas o título Entre Irmãs é realmente muito mais pertinente. Apesar de estarem separadas, vivendo vidas totalmente opostas, Emília e Luzia nunca deixavam de pensar uma na outra. Era uma sensação diferente e emocionante vê-las acompanhando a vida de cada uma apenas através dos jornais. O amor, a preocupação, o sentimento de cumplicidade e confiança nunca deixaram de existir, e é justamente por isso que, ao meu ver, o livro juntava a vida das duas.

No Brasil, o cangaço é considerado como um fenômeno de banditismo, por causa dos crimes e da violência extrema cometidas pelos bandos. Mas, pelos olhos de Luzia, eu só conseguia enxergar seres humanos tão frágeis quanto quaisquer outros, que sentiam fome, frio, dor e tristeza. Na maioria das vezes, eles só queriam justiça, e eu conseguia entendê-los. Apesar da matança e da crueldade, eu não conseguia ficar contra o bando de Carcará. Para ser sincera, eu sentia ódio dos políticos por caçarem o bando, ódio das pessoas que julgavam, ódio de quem queria medir a cabeça do Carcará, de Luzia e do resto dos seus seguidores para comprovar o mau-caratismo deles.

Apesar das quase 600 páginas, a leitura flui muito naturalmente. A escrita de Peebles é tão ágil que, quando a gente percebe, 100 páginas já se foram numa velocidade incrível. A história em si não foi nenhuma surpresa para mim — aliás, a adaptação de Breno Silveira segue quase fielmente a saga criada por Frances, o que eu amei —, mas ainda assim me surpreendi. A partir dos detalhes, Frances de Pontes Peebles apresenta uma trama tão bem alinhavada quanto as costuras de Emília e Luzia.

site: http://www.roendolivros.com.br
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driliotti 24/10/2021

Eu demorei mais que eu esperava pra terminar esse livro. Mas valeu a pena a demora.
A história das duas irmãs é incrível de boa.
A escrita é cheia de detalhes, da pra imaginar tudo com riqueza.
Eu torci por alguns personagens. Achei o conteúdo histórico sensacional.
Achei a construção da história em partes muito boa, mesmo que parasse na parte da Luzia, os acontecimentos continuavam corretamente na parte da Emília, achei isso um ponto muito bom.
Achei detalhes fortes na história, coisa que aconteceram em 1930, mas poderia tranquilamente ter acontecido em 2021.
Tiveram partes que foram arrastadas, mas valeu muito a pena a leitura.
Ao passo que uma irmã foi viver na caatinga, e a outra na cidade grande, era de se esperar que a irmã que foi pra cidade grande se "deu bem", quando na verdade ela acaba vivendo uma vida cheia de regras, e meio sem graça.
A irmã da caatinga já não, viveu "aventuras", conheceu mais amor que a outra, apesar de na minha concepção a relação Costureira X Carcará, não ter nada de romântica.
Eu tive MUITA compaixão pelo Degas, porque eu imagino de verdade que a história dele era muito recorrente na época de 30.
Odiei profundamente cada personagem que ou culpava a Emília pelas atitudes do Degas, ou julgava a Costureira como criminosa cruel, só porque ela era mulher.
No geral, a história é incrível. Exige tempo e atenção. Mas é boa.
Eu só não dei 5 estrelas pra esse livro, porque ele realmente foi um tanto difícil de ler, mas isso foi pra mim claro.
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Biia Rozante | @atitudeliteraria 26/01/2018

Me surpreendeu.
Demorei para iniciar a leitura de ENTRE IRMÃS mesmo sendo um livro ao qual estava super ansiosa para ler. Ainda que eu seja uma leitora ávida me intimidei por seu tamanho, é aquela velha história de se ter muitos livros para ler e não querer ficar preso a apenas um por muito tempo – quanta ignorância de minha parte -, até porque mesmo contendo mais de quinhentas páginas o li em um final de semana e a leitura foi surpreendente.

O cenário é o Brasil da década de 20 e 30, mais precisamente o nordeste brasileiro, a transição da republica velha até a ascensão de Getulio Vargas. Duas irmãs que só tem uma a outra. Que após a morte de seus pais foram viver com uma tia. Ali aprenderam sobre o ofício de corte e costura, religião e economia. Emília é uma jovem de beleza encantadora, do tipo sonhadora e romântica, que sempre nutriu o desejo de se casar com o amor de sua vida e se mudar para a capital. E Luzia é a menina desengonçada, atrapalhada, religiosa e aventureira que após a queda de uma arvore ainda na infância ficou com um braço torto, ganhado o apelido de vitrola, vista por muitos como inútil e incapaz de ser “mulher de alguém”. Jovens que pouco possuem em comum, a não ser o talento pela costura e o amor que nutrem uma pela outra. Que terão seus caminhos separados, mas que jamais se esquecerão.

“Lá no alto o céu era uma imensidão escura. Luzia se sentiu pequena diante dele, e teve medo. Mas se lembrou daqueles passarinhos que libertava, tanto tempo atrás. Lembrou que, depois que ela abria a portinhola, eles sempre ficavam parados, hesitando, na beirada da gaiola. E, então, saíam voando.”

Do outro lado temos cangaceiros. Não qualquer um, o mais cruel e temido de todos, Carcará e seu bando, que por onde passam espalham medo e devastação, que ao pousar os olhos sobre Luzia se encanta e não pensa duas vezes em levá-la junto a eles – escolha que ela toma de livre e espontânea vontade, ela se junta ao bando porque quer. Emília por sua vez fica para trás e precisa lidar com a morte da tia, uma sociedade crítica e injusta, aceitando assim um casamento sem muito amor e uma partida para a cidade grande – que mesmo sendo o que ela tanto sonhava -, se revela um grande arrependimento depois. Vidas separadas pelas escolhas e o destino, onde uma se torna expectadora da outra e seguem nutrindo o carinho que sentem e torcida para que a outra esteja bem e feliz. Duas realidades completamente diferentes, onde uma tenta ser aceita e se ascender socialmente, enquanto que a outra precisa se endurecer e sobreviver em meio a um sertão cruel, imprevisível e cangaceiros. É como seguir lendo duas histórias distintas, mas que ainda assim se paralela.

Duas jovens fortes, determinadas, que muito irão sofrer e precisar enfrentar. Cada uma a seu modo, mas não por isso menos impactante e doloroso. Emília exala simplicidade, sonhos e vontade de conquistar algo que a leve além, em alguns momentos a enxerguei como a mais frágil e me enganei, porque ela se revela muito mais determinada e decidida do que eu esperava. Já Luzia, essa me deixou arrepiada, mesmo tendo um braço torto ela não se limita, muito pelo contrário, vai à luta, enfrenta, afronta, sofre muito, sobrevive a uma seca assustadora e... Só lendo para sentir.

“(...) Certas coisas, porém, nem valia a pena consertar."

ENTRE IRMÃS é mergulhar em conflitos familiares, que fazem nossas emoções duelarem, é conhecer uma realidade que mesmo sendo tão real e presente até hoje por diversas vezes fechamos os olhos e só ignoramos. O fato é que é difícil falar desta obra sem mencionar toda sua riqueza cultural, a retratação do cangaço. A autora não poupou esforços para nos situar na época e misturou ficção com fatos reais, portanto é um livro rico, que nos ajuda a compreender e conhecer um pouquinho mais sobre a nossa própria história. Preciso mencionar também o machismo tão presente, ler uma obra que retrate isso só reforça o quanto já conquistamos, o quanto essa luta é importante e o longo caminho que ainda temos a percorrer. Além claro de falar de amor, amor entre irmãs que mesmo longe uma da outra jamais se esquecem, seguem torcendo, e se questionando como a outra está. Sobre se encontrar, descobrir seu lugar e se firmar ali. Sobre as muitas reviravoltas, dificuldades e obstáculos que sempre encontraremos no caminho, independente das escolhas que fizermos.

Eu gostei muito da leitura, me surpreendeu absurdamente, mas serei honesta e direi que alguns excessos nas descrições e detalhes me incomodaram por tornar a leitura um pouco cansativa. Falando sobre famílias, direitos das mulheres, preconceito, violência exagerada, cangaço, força, política e muito mais... ENTRE IRMÃS é uma obra envolvente, um misto de emoções, intensa, densa, um retrato da sociedade da época, de atos e ações que refletem até hoje.

O enredo está muito bem construído e estruturado, é notória a quantidade de pesquisa que a autora fez. Os personagens são bem desenvolvidos e apesar do foco ser as irmãs, todos os demais também conseguem passar sua mensagem e ter certa notoriedade. Os cenários foram muito bem explorados e essa facilidade da autora em descrever o lugar e os fatos nos permite se sentir inseridos na época, vivendo aquelas emoções. Acredito que a autora tenha usado de licenças poéticas para algumas cenas o que só enriqueceu ainda mais seu enredo. É uma obra repleta de referencias históricas, cheia de reflexões e muitas emoções. Vale muito a pena a leitura.

site: http://www.atitudeliteraria.com.br/2018/01/resenha-entre-irmas-frances-de-pontes.html
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Tibúrcio 25/08/2019

Entre irmas
Entre Irmãs foi um livro que sempre me chamou atenção quando li sua sinopse. Óbvio que por ser nordestino há um peso maior de interesse sobre o assunto que ele traz como pano de fundo, o cangaço. Sempre que ia à livraria ficava namorando-o. Acabei baixando da internet a versão digital, entretanto ficou por algum tempo esquecido no meu Kindle. Foi só neste ano de 2019 que resolvi abri-lo. E que maravilha ter feito isso. O livro é espetacular. O romance é ficcional, mas poderia muito bem ser uma história real vivida na década de 1920.
O livro narra a vida de duas irmãs, Emília e Luzia. Elas moram com sua tia Sofia, na pequena Taquatiringa do Norte, sertão Pernambucano. Elas são costureiras de mão cheia. Emília sonha em casar-se e partir para longe de sua terra, na capital, igual às mulheres da revista Fonfon que ela guarda embaixo de sua cama. Luzia não nos apresenta seus sonhos, talvez estejam bem escondidos em seu íntimo. Ela acredita que nunca irá se casar em função do seu braço aleijado. Ambas levam uma vida tranquila na cidadezinha, como todas as moças do lugar, aprendem desde cedo os afazeres doméstico, vão à escola do padre Otto, costuram para a esposa do coronel Pereira, cliente fiel que as presenteou com um curso de costura.
Como já dito anteriormente, estamos na década de 1920, quando o cangaço viveu seu apogeu. Essa época também é marcada pelo coronelismo no interior do nordeste. Os coronéis ditavam regras e mandavam em todos, entretanto os cangaceiros representavam seus maiores inimigos. Carcará, o mais conhecido cangaceiro da época era o terror de todos esses coronéis. Foi com sua chegada em Taquatiringa que a vida das duas irmãs muda drasticamente.
Buscando serviços de costura para novos uniformes de seu bando, o cangaceiro chega à tia Sofia e suas sobrinhas. São elas que produzem todo o fardamento do bando. Ao termino do trabalho, Carcará decide levar Luzia consigo para desespero de tia Sofia e Emília. Com essa separação, tempos depois tia Sofia morre de tristeza e Emília fica sozinha.
A forma como o livro foi estruturado deixa a leitura fluídica e faz com que o leitor crie um vínculo afetivo com as duas personagens de maneira que não é possível haver preferência entre elas. Cada capítulo é centrado numa das personagens, criando uma espécie de colcha de retalho onde cada retalho tem uma parte da vida de cada uma das irmãs. Frances, tem uma narrativa bem descritiva, o que para muitos é motivo de incomodo, entretanto, a leitura é tão saborosa que o leitor não percebe as quase seiscentas páginas que o livro possui.
Quando comecei a escrever sobre esse romance, em uma das minhas pesquisas descobri que o texto originalmente foi publicado em inglês, The air you breathe. A autora, Frances de Pontes Peebles, é Pernambucana, mas desde os cinco anos de idade mora nos Estados Unidos. Ela contou numa entrevista que não se arriscaria a escrever mais que um e-mail ou carta em português, por isso não tinha como não escrever esse romance em inglês. A tradução da obra foi feita por Maria Helena Rouanet. Para isso foram retiradas mais de cem páginas do texto original, porém isso não interferiu na força que a história possui. O título original da obra era A Costureira e o cangaceiro, só depois da adaptação cinematográfica e televisiva, que a obra recebeu um novo título.
Confesso que não me agradou a adaptação. Entendo que deve ser dificílimo transformar um romance de quase seiscentas páginas em um roteiro para produção de um filme ou série, porém há mudanças que podem parecer frustrantes para quem já leu a obra. O filme não é ruim, tem uma produção bem feita, fotografia linda e atores excelentes, mas achei o roteiro fraco – lembrando que esta é uma opinião minha, não sou nenhum crítico de cinema; falo como espectador que inevitavelmente compara as obras. Quem não leu a obra – e que provavelmente jamais lerá este texto – certamente gostará do filme.
Em suma, Entre Irmãs foi uma maravilhosa surpresa de 2019. É um livro memorável. Consegue nos deixar inquietos e pensantes sobre sua história, sobre como teria sido a vida de cada uma das irmãs se não tivessem tomado caminhos tão diferentes. Luzia e Emília foram reais para mim. Houve momentos em que, verdadeiramente, quis abraça-las. Elas são exemplos de mulheres fortes que existem no nosso Nordeste e país inteiro. Valeu muito a pena esta leitura. Um dos melhores livros lidos este ano. Leiam.
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Driely Meira 01/03/2018

Um tesouro que deve ser lido por todos <3
Ela vai conseguir o que quiser. Vai fazer tudo o que puder, mas companheiros, sempre vai ser mulher! – página 305

Criadas pela tia, as irmãs Emília e Luzia não poderiam ser mais diferentes. Bela, morena e moderna para a época. Emília só queria se casar com algum cavalheiro (e não com os rapazes locais brutos e sujos) e se mudar para a capital (Recife). Já Luzia não tinha tantos objetivos na vida; sofrera um acidente quando criança e aleijara um de seus braços, o que significava que nunca iria se casar, então ela não se esforçava como a irmã. Na verdade, Luzia simplesmente fazia o que sentia vontade de fazer, era livre.

Tudo muda quando o grupo de cangaceiros do temido Carcará (conhecido por arrancar os olhos de suas vítimas) aparece em Taquaritinga do Norte e humilha o coronel local, além de levarem Luzia consigo. Ela havia chamado a atenção do capitão daquele grupo, e como logo a tia morreria e Emília iria embora, o que sobraria para ela? Sendo assim, Luzia aceita seu destino e acaba indo para o meio da caatinga com aqueles desconhecidos temidos por todos.

Por mais que eu estivesse doida para ler este livro quando ele foi relançado pela editora, enrolei MUITO para lê-lo, o que me dá até vergonha, pois a editora havia me dado um e-book de cortesia, mas eu queria porque queria ter o livro em mãos, então acabei comprando-o e só então o li. O início demorou um pouquinho para me envolver; a história começa no ano de 1935, quando Emília já está vivendo “outra” vida, e se preocupa com o destino da irmã. Depois voltamos no tempo e acompanhamos as meninas durante a infância, e como a história apresenta o ponto de vista de ambas (em terceira pessoa) é muito fácil perceber que uma inveja a outra.

Ao longo do livro, vamos acompanhando Emília vivendo em Recife, no meio de famílias tradicionais e novas, tentando se encaixar numa sociedade que a vê apenas como a garota que veio do interior, e que poderia ter morrido por causa da seca. Ela sofre num casamento sem amor (haviam se casado porque ambos precisavam daquele casamento), vive com pessoas que a criticam o tempo todo, e pensa na irmã perdida para o cangaço, imaginando o que Luzia estaria fazendo, e se ainda estava viva. Depois que a irmã se foi, a tia de ambas (Sofia) morrera de desgosto, deixando Emília sozinha e desamparada.

“Uma boa costureira tem de ser corajosa. ”

Já Luzia passa fome, cansaço e sede no meio da seca da caatinga, onde aprende o que pode beber, comer e usar para curar doenças e infecções. Ao mesmo tempo em que tem a afeição e o interesse do Carcará, ela também possui o ódio e desgosto de outros cangaceiros que acreditavam que ter uma mulher no grupo dava azar, e mesmo após conquista-los aos poucos com seus bordados e sua coragem, ela ainda precisava mascarar seus sentimentos e não deixar transparecer muitas coisas, ou seria deixada de lado.

Eu custei a gostar de Emília, enquanto Luzia me conquistou desde o início. Talvez seja por ter se machucado e depois ter sido tachada de “Vitrola” – por causa da deformação do braço, - mas eu sentia uma afeição muito grande por Luzia, e gostava até mesmo de alguns dos cangaceiros. Acho que isso pode ter a ver com o fato de eu ter adorado a novela Cordel Encantado (rede Globo, 2011) e ter gostado dos cangaceiros de lá...haha’ mas eu simplesmente adorava os momentos em que a história focava em Luzia, e torcia muito para que ela conseguisse levar uma vida tranquila e decente depois de tudo aquilo.

Já com Emília foi um pouco mais difícil. Entendi que ela queria deixar a cidade fofoqueira para trás e recomeçar num lugar grande, onde seus sonhos coubessem, mas no início ela me pareceu um pouco fútil, e eu só fui começar a gostar dela quando vi que Emília lutava pelo o que acreditava, e até sufragista virou, participando de movimentos que lutavam pelos direitos femininos ao voto, e também tentou criar um negócio só seu, o que me deixou orgulhosa. Além disso, era ela quem se preocupava com os atos do marido (Degas) infiel e da irmã (conhecida agora como Costureira, tanto por ser ela quem fazia bordados nas roupas de seus companheiros como por ser ótima atiradora) cangaceira, o que era um fardo e tanto.

Sentiu um estremecimento de raiva. Estava habituada a ser objeto de falatórios – tanto em Taquaritinga quanto no Recife, as pessoas faziam fofocas a seu respeito. De um modo geral, porém, era por causa dos seus próprios atos, não dos de outra pessoa. Agora parecia que Degas e a Costureira podiam fazer o que bem entendessem, ao passo que a ela só restava se preocupar com as consequências. – página 480

Esse livro é simplesmente incrível, não acredito que haja outra palavra para descrevê-lo. Eu não sou fã de muitas descrições, mas Frances me conquistou com sua escrita, e eu me apaixonei pela história. Além de mostrar a relação linda (e verdadeira) entre as irmãs, o livro também mostra a pobreza e os problemas causados pela seca no Nordeste, passa pela Revolução de 30, a ditadura Vargas, a seca de 1932, a quebra da bolsa de NY em 1930 e alcança até mesmo o início da Segunda Guerra Mundial, quando Vargas se aproximou de Hitler, e depois seu suicídio. O livro traz também o movimento feminista sufragista, além de um costume horrível da época que consistia em cortar a cabeça de cangaceiros para medir seus crânios – acreditava-se que quando a pessoa possuía um crânio maior, isso demonstrava sua criminalidade.

Me afeiçoei tanto às personagens que, quando o livro estava acabando, comecei a me sentir angustiada e melancólica, pois não queria me despedir das irmãs, e não queria aceitar que uma delas não conseguiria alcançar tudo aquilo que merecia, mas assim como fez com o restante do livro, a autora criou um final maravilhoso. Se eu chorei? Claro. Quis ler tudo de novo e torcer para que o desfecho houvesse mudado? Ô se queria, mas consegui aceitar e até vi um pouco de poesia na maneira como a história de uma delas acabou, foi um desfecho maravilhoso, e Entre Irmãs entrou para os livros favoritos da vida.

Me arrependo um pouco por ter enrolado tanto para lê-lo, mas acho que não poderia tê-lo feito em melhor época. Emília e Luzia me inspiraram com sua força, coragem, determinação e ambição. Elas sabiam o que queriam e foram atrás, conquistaram respeito em meio a um ambiente totalmente machista (ambas) e mostraram o que podiam fazer. Claro que não aprovei todas as ações de Luzia, principalmente depois de anos no cangaço, mas até um certo ponto, eu a entendia. Essa é uma história que eu não vou esquecer tão cedo, e é uma história que merece ser lida e apreciada por todos.

“Já que vivo das armas, vou morrer pelas armas, não é?”


site: http://shakedepalavras.blogspot.com.br
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Tamara 02/10/2019

Eu sou fascinada por livros históricos, especialmente no que diz respeito a história do Brasil, então, como esses ainda são lançados com pouca frequência, sempre que vejo algum que promete falar da nossa história corro para lê-lo, e, obviamente, com Entre irmãs foi assim, ainda mais pela propaganda intensa que a editora fez quando do seu lançamento. Porém, assim que começaram sair resenhas a seu respeito, elas me fizeram reafirmar minha vontade de lê-lo, mas ao mesmo tempo me assustaram, pois alguns diziam que Entre irmãs apesar de bom era um livro arrastado, e acabou que essas opiniões e mais o número de páginas me fizeram decidir que eu não estava no momento do livro ainda, e resolvi deixá-lo para outra hora. Porém, há pouco tempo eu saí de uma outra leitura que envolvia história do Brasil, e me sentindo na vib desse estilo, resolvi que finalmente chegara a vez de Entre irmãs, mais de um ano depois de tê-lo colocado na lista de futuras leituras.
Realmente, como eu já havia ouvido por aí, o início da história é um tanto arrastado, a ponto de eu imaginar que levaria muitos dias para realizar a leitura, mas, mero engano, pois assim que cheguei a quinze ou vinte por cento do enredo eu já estava completamente fascinada, e posso dizer que Entre irmãs é uma das melhores obras-primas a respeito da história do Brasil que já tive a oportunidade de ler, especialmente no que diz respeito a caatinga e o sertão nordestino, com o qual eu pude ter um contato muito vívido através da narrativa de Frances, como se eu estivesse vivendo lá, embaixo do sol forte, sofrendo a seca paralisante e andando naquelas terras quentes e infinitas.
Entre irmãs realmente não é uma história fácil, ela é vívida, detalhada, forte, impactante e realista e é um daqueles enredos que nos arrastam para dentro da vida dos personagens e conseguimos sentir tudo o que eles sentem, e isso nem sempre é fácil, pois na vida desses protagonistas há muitos sentimentos, muitas perdas, desolação e desamores, apesar das pequenas felicidades que surgem também. Além disso, este não é um livro daqueles que promete felizes para sempre, gente com vida maravilhosa ou com problemas medianos, não, aqui temos durante boa parte do enredo passagens de vida e morte, de lutas pela própria sobrevivência, bem como passagens sobre amores intensos e ódios que matam. Um dos pontos que mais me manteve presa a história foi o fato de acompanharmos duas vidas em paralelo, a de Luzia, a costureira que foi para o cangaço, andar e lutar entre os lugares traiçoeiros e escondidos da caatinga, e Emília, a irmã que conseguiu a riqueza com a qual tanto sonhara, mas isso a troco de altos custos para a sua vida... E assim segue, ora acompanhamos o capítulo de uma e estamos com a mente lá na outra, e depois os papéis se invertem, o que me fazia pensar "lerei só mais um pouco para saber no próximo capítulo o que acontece com Luzia", e vice-versa, e dessa forma, quando vi eu já estava no fim da história, apaixonada, encantada, triste pelo final e pelo modo como algumas coisas ocorreram e ao mesmo tempo satisfeita e com a certeza de que essa é uma obra das mais marcantes. A partir disso, posso dizer que Entre irmãs é um livro que vale muito a pena ser conhecido por todos os apaixonados por história e romances fortes e intensos, daqueles que nos levam para outra época a fim de mergulharmos em seus costumes, sua história política e social e nos fazem pensar sobre a história daqueles que vieram e lutaram antes de nós e por nós.
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Ana Gouvêa 27/02/2022

Gostei e não foi pouco!
Ali no final, quando a gente acha que a história já trouxe reflexão e contexto histórico suficientes, vem um trechinho sobre gênero que mega me representa!
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Galáxia de Ideias 11/01/2018

Um misto de sentimentos

De um lado, Emília. A jovem sonhadora e apegada às revistas femininas, dona de cachos bem definidos e curvas que a tornavam cobiçada pelo universo masculino na pequena cidadezinha onde vivia, da qual tinha em mente sair assim que encontrasse o amor de sua vida. Do outro, Luzia. Aventureira e devota à seus santos, a garota desajeitada que recebia dos moradores da mesma cidadezinha o apelido de Vitrola, devido ao braço torto que provinha da queda de uma árvore. Para a primeira, casar-se com alguém que a amasse e a quem pudesse amar de volta, era a grande meta. Já para a segunda, esta não era uma opção. Além do amor e habilidade pela costura, a única coisa que as irmãs mantinham em comum era, talvez, o amor uma pela outra.


"Duas meninas, uma ao lado da outra. Ambas de vestido branco. Ambas com um missal nas mãos. Uma delas tinha um largo sorriso no rosto. Seus olhos, porém, não combinavam com a felicidade rígida que a boca expressava. Pareciam ansiosos, na expectativa de algo. A outra tinha se mexido no momento em que a foto foi tirada e estava, portanto, fora de foco. A menos que se olhasse bem de perto, e que fosse alguém que a conhecesse, ficava difícil saber exatamente quem era."


Desde à morte dos pais, quando ainda eram crianças, Emília e Luzia viviam com a tia Sofia. Suas vidas giravam em torno de tecidos, religião e economias que precisavam ser feitas para a boa vivência do trio. A chegada de cangaceiros à cidade, de um cangaceiro em especial, pode ser, entretanto, o que está prestes a virar a vida de Luzia ao avesso. Emília, por outro lado, encontrará a chance com a qual tanto sonhara de mudar-se para a cidade grande... mas a promessa de uma vida melhor pode se tornar apenas mais um de seus grandes arrependimentos, mais tarde.


"Emília fora negligente com a própria vida. Vivia tão ansiosa para deixar o interior que escolheu Degas sem analisá-lo, sem avaliá-lo. Nos anos que se seguiram à sua fuga, tentou consertar os erros inerentes àquele começo apressado. Certas coisas, porém, nem valia a pena consertar."


Após anos separadas e vivendo vidas que eram ainda mais distintas do que qualquer uma delas poderia imaginar, as irmãs serão novamente ligadas por algo muito mais forte do que os laços de sangue... e que as manterá unidas, ainda que fisicamente sigam distantes, pelo resto de seus dias.







Entre irmãs foi um livro que me despertou um misto de sentimentos contraditórios do início ao fim. Horas me apaixonei, horas me senti um tanto entediada.

Considero um dos pontos mais positivos do enredo as descrições feitas a cerca dos lugares e da época. Dá para notar que foi tudo muito bem pesquisado antes de ser descrito, a riqueza de detalhes nos cenários e pessoas nos levam diretinho à década de 1930 e tornam as cenas muito gostosas de serem lidas. O livro também aborda temas atuais e bastante interessantes, aos quais não nomearei para evitar spoilers, mas que incrementam as páginas. E, por fim, a lealdade, que é um sentimento constantemente presente no decorrer da história e que me despertou grande admiração.

As personagens da história, por outro lado, foram a cereja que faltou no bolo para mim. Não consegui me apegar ou cativar seriamente por nenhuma delas, embora tenha sentido um certo carinho por Emília e Luzia (principalmente pela segunda) ao longo dos capítulos. Mas penso que elas poderiam ter sido trabalhadas de forma mais aprofundada. Talvez, essa falta de profundidade que senti nos personagens, seja justamente o que me levou a cochilar em algumas partes. Confesso que também senti falta de um romance bem construído. Eu já imaginava que esse não seria o foco da história, claro, mas ainda assim fez falta. O único casal no qual eu comecei a enxergar pitadas de romance foi muito pouco desenvolvido para que eu pudesse, de fato, criar emoções relacionadas a isso.

É um livro de escrita super fluída e agradável, o que novamente o fez subir em meu conceito.

Posso concluir que entre irmãs, apesar de não estar em minha lista de favoritos, é um bom livro e vale a pena ser lido, especialmente por aqueles que curtam romances ricos em detalhes históricos.

site: http://www.rillismo.com/2017/11/resenha-entre-irmas-por-frances-de.html
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