O Muro

O Muro Jean-Paul Sartre




Resenhas - O Muro


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Mille Reis 15/08/2020

Contos
Apenas o primeiro conto, dono do nome do livro, O Muro, me prendeu na leitura. Todos os outros passaram sem me chamar atenção.
O último eu nem queria terminar, precisei de esforço para tal.
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jota 31/05/2020

Minha avaliação: 4,5/5,0 – MUITO BOM
Cinco histórias mais ou menos curtas compõem este volume: O Muro, O Quarto, Erostrato, Intimidade e A Infância de Um Chefe. Foram escritas por Jean-Paul Sartre (1905-1980) às vésperas da Segunda Guerra Mundial e trazem temas que lhe são peculiares, quer dizer, suas histórias entrelaçam literatura e filosofia. Aqui, sobretudo, ele trata dos muros reais e existenciais que permeiam nossas vidas: eles podem ser um paredão de fuzilamento, as paredes de um quarto escuro, os obstáculos que se interpõem num relacionamento, a dificuldade de comunicação entre as pessoas, o preconceito etc. Isso posto, acho desnecessário apresentar Sartre mais a fundo: se aqui ele aparece como ficcionista, é muito mais conhecido como filósofo existencialista (a existência precede a essência), um patrimônio da cultura francesa. Mas é preciso dizer também que Sartre escreve muito bem, claramente, mesmo quando trata de coisas abstratas: seu texto flui, o leitor não fica entediado nunca. Ou quase nunca, pode ser...

Em O Muro, as paredes de uma cela cerceiam a liberdade de uns poucos prisioneiros durante a guerra civil espanhola (1936-1939). A um deles, Pablo, é oferecida a liberdade desde que informe aos guardas franquistas (leia-se fascistas) o esconderijo de outro combatente que desejam capturar. Os demais prisioneiros serão mortos contra um muro (paredão de fuzilamento). Pablo tem de escolher entre trair o amigo, entregar seu esconderijo, ou morrer fuzilado. A escolha é um dos temas centrais da filosofia sartreana (mesmo quando nada escolhemos estamos fazendo uma escolha, a de não escolher) e essa história termina não filosoficamente, mas ironicamente... [Avaliação: MUITO BOM]

O Quarto conta uma história da burguesia francesa: Eve é casada com Pierre, que transformou-se num alienado e a chama de Agathe. Os pais dela foram contra o casamento e agora querem que Eve se separe do marido, que Pierre seja internado num sanatório. Ele passa a maior parte do tempo num quarto escuro e entre coisas reais e outras tantas imaginárias vai vivendo sua vida. Os pais acreditam que a filha não o abandona porque eles se dariam muito bem na cama. O casal vai convivendo com os muros que se ergueram entre eles mesmos (seus conflitos) e entre eles e os pais de Eve (suas imposições). Sartre retrata uma situação, não explica como as coisas chegaram a esse ponto ou irão terminar, não há revolta nem reviravolta... [Avaliação: BOM, quase MUITO BOM]

Em Erostrato temos o estranho e insignificante funcionário Paul Hilbert como personagem, um sujeito fraco, medroso e de poucos contatos sociais. Sexualmente a coisa é pior ainda: ele não se relaciona com ninguém, paga prostitutas para se exibirem, humilha-as e goza na cueca ou então se masturba em frente a elas. Um dia conhece a história de Erostrato (ou Heróstrato), um grego que querendo tornar-se ilustre não achou nada melhor a fazer do que incendiar o templo de Éfeso, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Hilbert pensa então que pode fazer algo parecido para ser reconhecido e valorizado. Tem um revolver e pretende matar alguém, porque acredita que todos já estão mortos mesmo (palavras de Sartre). Primeiro pensa em matar uma família a passeio, depois, num banheiro público atira num homem e, acuado, reserva uma bala para se matar. Como escreveu alguém, viver é destruir, derrubar as paredes e os muros que aprisionam: no caso, a porta de um banheiro... [Avaliação: MUITO BOM]

Intimidade, quarto texto, é sobretudo uma história existencialista, trata principalmente do relacionamento entre um jovem casal, Henri e Lulu, que não vai muito bem. Henri é impotente, e uma amiga dela a aconselha a deixá-lo, gozar a vida melhor. Mesmo que tente fazer isso, e Lulu faz, ela não consegue esquecer completamente Henri. Lulu passa por diferentes estágios: esposa, amante, amiga, porém as coisas ficam meio confusas nessa história. Mas seu início é antológico, não resisti e o transcrevo aqui:

“Lulu dormia nua não só porque gostava de se acariciar com as cobertas, mas também porque lavagem de roupa custa caro. A princípio Henri protestou; não se deve dormir nu, isto não se faz, é nojento. Acabou, porém, por comodismo, seguindo o exemplo da mulher; ele era correto como uma estaca quando se achava no meio de outras pessoas (admirava os suíços e particularmente os genebrinos, achava-os altivos porque eram impassíveis) mas negligenciava as pequenas coisas, por exemplo, não era muito asseado, raramente mudava de cuecas; quando Lulu as punha na roupa suja, não podia deixar de observar o seu fundo amarelado à força de roçar contra o rego das nádegas. Pessoalmente, Lulu não se incomodava com a sujeira: dá um ar de intimidade, cria certos sombreados familiares. No côncavo dos cotovelos, por exemplo. Não gostava dos ingleses, dos seus corpos sem personalidade, sem nenhum cheiro. Sentia, porém, horror às negligências do marido, porque refletiam um carinho excessivo por si próprio. De manhã, ao acordar, ele se sentia sempre terno, a cabeça cheia de sonhos, e o dia claro, a água fria, o pelo áspero das escovas lhe faziam o efeito de brutais injustiças.” E por aí vai, mas não tão divertido como nesse início, e se complica um pouco depois, porque a existência humana é complicada... [Avaliação: BOM, quase MUITO BOM]

Finaliza o livro uma narrativa bem mais longa do que as anteriores, uma novela mesmo, segundo alguns especialistas, A Infância de Um Chefe. Sartre conta aqui não apenas a infância de Lucien Fleurier, um filho da pequena burguesia industrial francesa dos anos iniciais do século XX, também sua juventude. Como o pai, ele pretende ser um chefe, no caso, dos operários da indústria paterna em uma cidade do interior da França. Ao contrário do pai (que pensava que um chefe devia fazer-se obedecer e amar), Lucien pensa erradamente que os filhos dos proprietários devem ser sempre chefes e os filhos dos operários, operários como os pais, ou seja, cada qual nasce para ser o que já lhe foi determinado antes. [Assim, Lucien parece pensar que haveria um “muro social”, o destino impedindo a mobilidade das pessoas.]

Mas antes que se chegue a esse ponto temos toda a infância do pequeno Lucien, que é tratado como uma bonequinha pelas amigas da mãe. Mais tarde, jovem, é deflorado por um homem mais velho, um pensador que admirava e por isso aceitou o ato, mas depois, aflito, pensa ser um pederasta, coisa que não deseja ser nem assumir, o que o envergonharia profundamente. Já estudante em Paris, ao beijar Maud, uma garota e depois ter com ela relações sexuais e gostar, assume que não, não é homossexual. Por essa época também admite seu profundo antissemitismo (junto com amigos, chega a espancar um judeu na rua, sem que ele lhes tenha feito qualquer coisa), o que o torna ainda mais antipático ao leitor. E a alguns colegas, em outro episódio, quando se recusa a apertar a mão de um brilhante estudante judeu numa festa.

Lucien pensava também que queria se casar cedo, com uma moça de pele clara, casta, virgem, com quem teria muitos filhos (com Maud não, ele diz que ela transava com todo mundo). E se impacientava para poder continuar a obra do pai, assumir a chefia da indústria: será que o sr. Fleurier ainda viveria muito ou morreria logo? Por fim, deixaria crescer um bigode... Resumidamente, e muito, assim era o personagem Lucien Fleurier. Sartre, ao contrário, não era racista, antissemita, e mesmo que tivesse algumas ideias em comum com o filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) quanto ao existencialismo, escreveu um famoso ensaio publicado em 1946, A Questão Judaica, em que discutia o racismo e o condenava, claro. O antissemitismo estava arraigado à sociedade francesa à época da invasão nazista ao país. [Avaliação: texto MUITO BOM, embora muito longo]

Lido entre 23 e 30/05/2020.

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arthur966 19/02/2020

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lucien quero sair na porrada com voce. não é um debate. é soco, porradaria, quero quebrar uma garrafa na sua cabeça.
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Letuza 20/06/2019

Amei
Livro impactante, provocante. É um livro de contos. São cinco contos, que abordam temas como morte, doença, loucura, intimidade e formação da personalidade... o primeiro conto chama-se O Muro e trata do tema Morte! É um conto curto, mas intenso. Todos os outros contos abordam de alguma forma ?o muro?, ou melhor, os muros com os quais nos deparamos. Doenças, rejeições, fracassos, medo, decepção. E como reagimos diante desses muros. Paralisamos, voltamos, ultrapassamos? Escolhemos. ?A escolha é possível, em certo sentido, porém o que não é possível é não escolher. Eu posso sempre escolher, mas devo estar ciente de que, se não escolher, assim mesmo estarei escolhendo.?
Jean-Paul Sartre
Leitura super recomendada!
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Oswaldo 11/04/2019

Sartre é fantástico
Sartre, pra mim, é fantástico. Três homens presos e informados que serão mortos no dia seguinte. A última noite. O que pensam esses homens? E como entendem o tempo que viveram? É opressivo, angustiante, mas maravilhoso.
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Rodiney 07/09/2017

Muito além do muro
O conto "O muro" que serve de título da obra composta por cinco contos é muito bom, mas é preciso ultrapassá-lo para encontrar, na minha opinião, os melhores personagens em outros contos. Falo de Lulu e Lucien. Lulu e Lucien são personagens bem atuais. Lulu é a moça sufocada pelo marido impotente e dependente, pela amiga esclarecida e autoritária e pelo amante bon vivant. Lulu não consegue se ver livre desse cerceamento emocional, ideológico e sexual. Num momento ímpar, parece que Lulu conseguirá se libertar dessas amarras quando diz: "- Eu te detesto. Detesto Pierre, detesto Henri. Que é que vocês querem de mim? Vocês me torturam." Entretanto isso é apenas um momento de bravura que é obscurecido em seguida por sua capitulação: "- Desculpe-me, eu estava nervosa. Não pude suportar vê-lo naquele estado (referindo-se a Henri), ele me fez mal." Podemos fazer facilmente um paralelo aos nossos dias, onde moças como Lulu da Paris dos dias de Sartre são torturadas por várias ideias que estão na moda e que exigem completa submissão. Lucien é o jovem que decide experimentar o mundo de maneira livre. E esse experimentar faz com que ele transite do niilismo ao freudismo. As várias relações que irá travar nesse percurso servirão para formar sua personalidade. Diferente de Lulu, Lucien tem mais ousadia e amor-próprio. Mantém-se aberto às novas experiências sem abrir mão de sua moral. E Lucien vai passando por cima como um trator e com a mesma rapidez aproxima-se e distancia-se de várias ideias. O niilismo coloca-o diante da morte e sugere-lhe o suicídio, mas as ideias de Freud faz com que abandone o suicídio para compreender com mais profundidade a existência. O freudismo em seguida é abandonado e ironizado como filosofia pueril e segue em nova experiência política com uma "turma" monarquista-nacionalista bem radical. Em algum momento seu antissemitismo faz com que se distancie dos camaradas políticos e mantém novamente certo isolamento. Todo esse percurso de Lucien tem como objetivo seu auto-aprendizado em se formar em chefe, industrial, patrão. Lucien sofre arranhões que permanecerão como cicatrizes eternas, mas consegue manter sua autenticidade. Lucien é a figura do indivíduo que sofre embates de todos os lados que desejam direcionar suas ações e ideais, mas, diferentemente de Lulu, Lucien faz valer sua subjetividade.
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mardem michael 15/06/2017

Ode ao existencialismo
Esse livro possui 5 contos escritos pelo filósofo francês Jean Paul Sartre. Esses contos são permeados pelo seu pensamento existencialista e que me deixaram muito reflexivo e por vezes angustiado. Apesar de reconhecer que todos os contos tem uma profundidade humanística incontestável, gostei apenas de 2 dos contos. Que são: "O muro" onde o leitor é imerso na angústia de jovens presos durante a segunda guerra mundial e que estavam prestes a serem executados. O outros conto é "Erostato". Neste, Sartre nos coloca na cabeça de um assassino em série que fala de suas motivações e ódio ao ser humano. São contos incríveis que me fizeram pensar muito sobre a minha existência. Um ode ao existencialismo.
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Bruno 'Empathy' Kuhn 12/03/2016

5 contos com seus respectivos Muros.
“Bem posso suportar um pouco de dúvida: é o preço que se tem de pagar pela pureza”. Tive que retirar uma frase do livro pra poder demonstrar o quão interessante e profundo ele é. Fantástico, extremamente 'cru', personagens extremamente complexos e bem-definidos. Nunca vi personagens tão profundos, tão bem criados, principalmente em "A Infância de Um Chefe", em que enquanto o personagem passa pela infância e puberdade, pode-se observar o 'amadurecimento' de uma personalidade terrivelmente egocêntrica e baseada em diversos traumas e conflitos internos. Simplesmente uma viagem aos diversos Muros que dividem pessoas, seja por visão de mundo, ideologia, sanidade e ou condição social; de qualquer forma, ainda são muros. E o desespero humano que acompanha cada pessoa que se depara com tais muros é algo palpável no livro, demonstrando diversos pontos de vista de forma neutra, deixando livre o pensamento do leitor. A leitura é desafiadora, mas garanto que vale a pena quando se entende o sentido.
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guidix3 10/02/2016

Acho que para primeiro contato com um livro de Sartre, fui bem. Mas tenho em mente que terei que ler em outra ocasião para compreender melhor ainda.
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Ana Russi 03/06/2015

A primeira história (O Muro) é tensa e instigante!
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Crøw 08/02/2015

O livro apresenta cinco ótimos contos, pequenos mas que realmente me fizeram refletir que o destino é inevitável, e principalmente a morte. Bom demais, do meu ponto de vista filosófico, comecei a ver as coisas por outro lado uahauhuaha
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Carol 08/08/2013

Maravillhoso!
Um fato muito comum em (quase) todos os contos do Sartre, é que os personagens, depois de terem percebido a insignificancia da vida, depois de teram aceito que eles são os únicos responsáveis por seus atos, são inundados pela vida, que toma conta de seus atos e pensamentos, os obriga a aceitar, do nada, as coisas como elas são.
E, de fato, a vida é assim. É mais fácil aceita-la. Já que nada tem importancia, que importancia tem perder a autonomia de seus atos (ou pelo menos a consciencia disso)?
Talvez isso seja um processo natural, assim como perder o espírito jovem revolucionário, onde pouquíssimos conseguem mante-lo.
É impossível chegar a uma idade avançada com niilismo. Se se chega, é porque não era um niilismo genuíno.
Ou talvez Sartre escrevesse finais assim para controlar a onda de angústia de seus leitores, e evitar uma febre de suicídios como ocorreu com Goethe, no lançamento de Werther.

Mas não, não quero meu vazio preenchido com comodidade.
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Gabriel 07/12/2011

Nesse livro Sartre nos contempla com cinco contos nos quais:
- O muro: narra as ultimas horas de um homem e seus dois companheiros, presos por motivos políticos e nas horas precedentes de sua execução.
- O quarto: onde uma esposa não abre mão de acompanhar seu marido, mesmo este com uma doença mental degenerativa.
- Erostrato: um homem enojado dos seres humanos decide fazer algo grandioso e célebre.
- Intimidade: onde outra esposa, que aguenta problemas de seu marido ha alguns anos possui o dilema se deveria larga-lo ou não.
- A infância de um chefe: o conto, de todos, o mais existencialista, onde é acompanhado amadurecimento de um futuro chefe que herdará a industria de seu pai, desde a sua infância até o momento em que este ultrapassa definitivamente a barreira que o separava da vida adulta. Nesta são acompanhadas também suas duvidas, dilemas, questões existenciais e desvirtuamentos políticos.
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Andre.Crespo 16/03/2011

Nada contra Sartre, mas não estou com ânimo para ler um livro dele. Outra vez lerei, com certeza.
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Pedro 05/01/2011

Muito bom.
Maravilhosa a maneira como o autor penetra no pensamento dos personagens no conto O Muro. Ele faz com que viajemos junto com ele pelos meandros da mente humana e de sua enorme capacidade de raciocinar entre o bem e o mal. Faz-nos sentir como se fôssemos os personagens. Muito bom.
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