larissa 02/12/2020
Wyrd bið ful ãræd
"O destino é tudo, gostava de dizer Ravn, o destino é tudo. Ele até dizia em inglês: ?wyrd bið ful ãræd.?
Desde o começo do ano, eu tenho dado quatro e cinco estrelas para 90% dos livros que eu leio. Eu tinha zero senso crítico e achava que tudo me agradava. E agora, quase no fim do ano, quando fui reavaliar minhas leituras e pesquisar para analisar mais criticamente, vi que nenhum era realmente cinco estrelas. E isso me deixou frustrada, afinal, depois de 70 livros não serem cinco estrelas, porque o 71° seria?
Mas foi.
Tendo me apaixonado por fantasia medieval e ficção histórica, pesquisei e pesquisei muito, até que achei um cara chamado Bernard Cornwell. Sem pretensão nenhuma, eu me vi querendo ler todos os livros dele, e no fundo eu senti que os livros dele seriam favoritos e que ele seria o meu autor favorito.
E aqui estamos nós.
Eu sou apaixonada por história, e eu amei a contextualização e a ambientação em volta do livro. A descrição das paisagens, das guerras, os elementos inseridos e os elementos reais inseridos, a mistura de realidade com ficção, foram de tirar o fôlego.
O dilema de sou inglês ou dinamarquês te prende, e há uma luta psicológica acerca de religião muito engenhosa. Não tem nada desinteressante acontecendo, é tudo contado de uma forma lírica e detalhada, cada coisa é importante e elas são tecidas de um jeito muito...muito muito (eu realmente não sei uma palavra pra me expressar).
Excedeu em muito minhas expectativas.
Ele explorou muitos pontos mas deixou outros inexplorados, oque dá espaço para outros livros. Não achei nada cansativo (tem um ótimo ritmo). A narrativa, do Uhtred do futuro nos contando como tudo aconteceu deixa tudo mais curioso. Os arcos são curtos e objetivos (ele não desvia do que se propôs a entregar, mas também não só fica naquilo), e as tramas são trabalhadas em conjunto de uma forma muito inteligente. Gostei das táticas de guerra, como a política das cortes foi trabalhada.
Eu gosto da violência da guerra e eu amei todas as cenas de batalha (principalmente as com as paredes de escudos). Os diálogos são perspicazes, e por serem poucos, todos acrescentam algo a história. Ele trabalhou bem as personalidades e não ficou perdido no meio de tantos personagens. Fora que não tem coisas que não convém (como um romance). Os personagens não são genéricos e nada é previsível, pelo contrário, é muito original (ele não usa fórmulas genéricas ou esteriotipadas). Eu senti com os personagens, me senti dentro da história, me senti confortável nesse mundo que já existiu mas é fictício, torci por eles e muitas falas que me fizeram refletir.
Poucas coisas na história me incomodaram (se é que alguma de fato me incomodou), então é cinco estrelas. E agora o Bernard Cornwell é meu autor preferido (e eu quero ler todas as obras dele). Assim como o Uhtred de Bebbanburg entra na lista de personagens literários favoritos.
Uma dupla inseparável até o fim de janeiro? Eu e Bernard Cornwell.