@blogleiturasdiarias 22/04/2019Resenha | Um Beijo à Meia-NoiteEloisa James aos poucos está me conquistando em todas seus lançamentos. Com mais uma grata surpresa, Um Beijo À Meia-Noite foi uma leitura maravilhosa. De forma sutil podemos perceber a presença do conto Cinderela, que fez a história se tornar única.
Kate Daltry após a morte da mãe e depois do pai, tem a vida completamente mudada. Aos 23 anos, vivendo com a madrasta Mariana e sua irmã Victoria, ela não participa do meio-social há muito tempo pois fadada a cuidar da propriedade da família, não tem tempo para coisas consideradas fúteis. Em um plano mirabolante, onde ela deverá participar de um baile e se passar pela irmã, Kate estará em apuros quando conhecer o príncipe Gabriel.
Gabriel é um príncipe que tem responsabilidades e um cargo que não quer. Obrigado a cuidar de uma propriedade que precisa de dinheiro para reformas e manutenção, ele não vê outra saída além de um casamento arranjado. Por isso a rejeição inicial e falta de interesse de Kate é fascinante, em um ambiente onde todos o bajulam. Presos na rede da paixão e desejo, perceberão que nem tudo pode ser como querem. Será capaz de Kate revelar quem realmente é? E Gabriel, abrirá mão de suas responsabilidades?
Realmente quebrei a cara pensando que a mistura de contos de fada e romance de época não iria dar muito certo. Isso porque muitas releituras que vejo deixam bem escancarado de onde veio a ideia original, e muitas vezes acaba não atraindo minha atenção. No entanto, aqui a autora trabalhou de forma mais indireta essa situação. O desenvolvimento não demonstra logo de cara de onde vem sua inspiração, e a medida que se lê as nuances vão aparecendo. É um enredo que encanta, que nos faz torcer para que o casal principal possa ultrapassar suas barreiras e dificuldades, e que tem uma leitura muito fluida. Terminei o volume muito rapidamente pela junção de ótimos elementos, ótimos acontecimentos e ótimos personagens.
"Um pensamento incontrolável lhe veio à mente: a Srta. Daltry era o modelo de drama atraente. Mas obediente? Ele se virou para a tia com um sorriso magnífico. Jamais." pág. 72
E falando sobre eles, tanto Kate quanto Gabriel são apaixonantes — o segundo acredito que muito mais, mesmo que inicialmente se mostre arrogante. Kate para mim é uma das mocinhas mais completas que encontramos no gênero, no sentido de que ela demonstra ser quem é. Pelo seu passado de vida, pelas seus percalços superados, ela não tem medo de escancarar sua veracidade. E Gabriel, que além da beleza adora a personalidade distinta da nossa protagonista, torna-se literalmente um príncipe encantado.
Mais do que já falei, a autora ainda nos presenteia na narrativa com elementos para lá de inusitados e mirabolantes, que por incrível que pareça funciona. Temos um tanto de animais de estimações cômicos e exóticos, uma cena erótica para lá de diferente, uma fada madrinha que literalmente é madrinha, uma irmã que no final não é tão malvada e assim por adiante. Então temos sim a presença dos componentes de Cinderela, contudo todas de alguma forma foram alteradas para encaixar-se perfeitamente no contexto transmitido.
E no final — estilo conhecido dos romances de época — temos o ápice do drama e tensão, que deixa nosso coração na boca a espera do final feliz ser concretizado, ou não. Me apaixonei de uma tal forma que não esperava, e só não supera o antecessor porque a temática da medicina de época é meu xodó do gênero.
De uma forma geral, altamente recomendável! Admito não saber a justificativa da Eloisa ainda não ter estourado no país — talvez o mesmo receio que eu tinha seja o de todas, que é apostar em um nome desconhecido em que os livros não são baratos — porém vejo que ela possui todos os pontos que tornam uma obra inesquecível. Leiam!
"Havia vida real naquele quarto. E, lá fora, nada além de um conto de fadas. Precisava lembrar-se disso." pág. 264
Na parte física, a capa é um belo clichê né!? Não desgosto mas também não adoro. São representativas e se interligam com a parte interna, ainda que na minha opinião elas limitem muito o conteúdo — quem vê logo remete a Cinderela e mais nada. A diagramação é a padrão da editora Arqueiro, espaçada e simples, e não encontrei nenhum erro de revisão ou ortográfico. A narrativa é feita em terceira pessoa pelo ponto de vista da dupla principal intercalado.
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