Bia Santana | Viciados em Leitura 18/01/2018
Bom!
Sabe quando você pega um livro cheia de expectativas e ele te surpreende de um jeito incrível? É maravilhoso, certo? E quando você pega o livro cheia de expectativa e ele não é aquilo tudo que você imaginava? Pois é, também acontece isso às vezes e dessa vez meio que aconteceu comigo. Eu li O perfume da folha de chá e fiquei encantadíssima, aí quando Antes da tempestade saiu, com essa capa maaaaaaaravilhosa, eu fui seca nele! Mas, infelizmente ele demorou muito pra me prender, muito mesmo.
Nele nós vamos conhecer Eliza, que viaja para a Índia, mais precisamente para Rajputana, para fotografar a família do marajá para o acervo britânico. Eliza ficará hospedada no castelo da família do marajá ao longo de um ano fotografando tudo e à todos, a vida e os costumes, mas, não tão livremente como desejava e imaginava.
Anos atrás ela já havia morado na Índia, mas sua mãe a levou de volta para a Inglaterra após a trágica morte de seu pai. Desde então ela não havia voltado à Índia e, por incrível que pareça, quando volta, ela se sente em casa, como se aquele ali fosse o seu lugar, mesmo com a hostilidade de algumas pessoas no castelo e a constante sensação de estar sendo vigiada.
Ela sente a hostilidade de alguns por ser inglesa, já que muitos desejavam a independência da Índia e eram contra o domínio inglês. Ela também vivia horrorizada com costumes que haviam sido proibidos pelos ingleses, mas que ainda acontecia muito, que era o assassinato das mulheres viúvas. Era muito bizarro, porque como as mulheres viviam somente para os maridos, cuidando e idolatrando-os, quando eles morriam, elas deviam entregar também a própria vida. Algumas iam por vontade própria até, mas muitas outras eram arrastadas e amarradas, queimadas junto aos maridos. E Eliza era viúva.
Então, no correr das páginas a gente vai acompanhando a vida nada fácil de Eliza. Ela terá a companhia de Jayant, filho da rainha e irmão do marajá, que por ser mais aventureiro, tem a mente mais aberta. Juntos, ele vai mostrando as belezas e também as mazelas do povo à ela, que vai fotografando tudo. Nessas andanças ela começa a ver uma realidade que não conhecia, começa a ver a pobreza bem ao lado de castelos cheios de ouro e os dois decidem montar um sistema para ajudar aquela população.
Claro que esse convívio dos dois, traz uma paixão pra lá de proibida e que virá com inúmeros olhares e julgamentos sobre eles. Então coloque aí mais uma dificuldade para a vida de Eliza. Além disso tudo, a gente vai descobrindo coisas de seu passado, coisas pelas quais ela se sentia culpada e que são desvendadas, surpreendendo a própria Eliza e nós leitores.
Eu acho que o livro só foi me prender lá pelo capítulo 10, 11, já quase na metade do livro, quando as coisas entre Eliza e Jay foram se mostrando possíveis e complicadas, diferente de O perfume da folha de chá, que, desde o início nos apresenta romance, mistério e segredos. Apesar do começo lento, o livro se tornou bom, o que fez valer a leitura. A minha dica é que, se você ainda não leu nada da Dinah, que você comece do começo rsrs, pelo O perfume da folha de chá, depois leia Antes da tempestade.
Será que Eliza e Jay conseguirão ficar juntos, passando por todos os costumes, tradições e por todos que são contra a esse relacionamento? E será que Eliza conseguirá concluir seu trabalho? E mais, será que o trabalho dela é mesmo apenas fotografar a família do marajá, ou passar informações sobre eles para os ingleses? Ficam aí os questionamentos, para descobrir você precisa ler. ;)
"Se você chorar porque o sol desapareceu da sua vida, as lágrimas vão impedi-lo de ver as estrelas." Rabindranath Tagore
"À medida que se enfurnavam nas viela estreitas e ela via a vida rudimentar que as pessoas levavam naquele lugar desolado, a extrema pobreza a deixou chocada. Como podia existir um castelo tão rico enquanto aquelas pessoas definhavam numa penúria absoluta? Em algumas vielas havia crianças completamente nuas, e ela mal conseguia evitar pisar no filete de água imunda que corria por uma vala no meio da rua. As pessoas ali eram mais magras, e a miséria estava gravada nos sulcos dos rostos; ver a diferença entre aquela parte do vilarejo e a outra deixou-a muda. Não havia nada de romântico naquilo, mas Eliza tirou fotos de tudo: dos pobres, dos abandonados e dos aparentemente esquecidos. Veio-lhe a ideia de que, registrando o sofrimento dos pobres, poderia conseguir dar voz aos que não eram ouvidos."
"Só conhecem o amor aqueles que o amor destrói." Rumi, Masnavi
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