Driely Meira 15/12/2017
Decepcionante
Se você chorar porque o sol desapareceu da sua vida, as lágrimas vão impedi-lo de ver as estrelas. – Rabindranath Tagore, página 123
Recebendo uma oportunidade que pode mudar sua carreira, a jovem Eliza viaja para Rajputana, na Índia, para fotografar a família do marajá (como um “rei”) em seu “habitat natural” e enviar para o acervo da coroa britânica. Ela hospeda-se então no castelo da família do marajá, onde deveria ficar por um ano, e passa a fotografar tudo ao seu redor, desde a família até as pessoas mais pobres. Mas ali não era exatamente um lugar seguro para ela, considerando os sentimentos que o irmão mais novo do marajá lhe trazia, e também os velhos costumes do povo local. Só que ela não podia ir embora. Ainda não.
Eliza tinha morado na Índia com seus pais quando criança, mas sua mãe a levou para a Inglaterra após a morte de seu pai, e desde então, ela não havia pisado em solo indiano. Ao voltar para o país, Eliza sente-se em casa, como se ela devesse ter estado ali desde sempre. Mas as pessoas do palácio não são tão gentis quanto ela esperava, (principalmente porque havia em muita gente o desejo de independência da Índia, e havia também o medo de que algum golpe pudesse ocorrer) já que ela é inglesa e represente tudo o que eles odeiam: o domínio inglês.
Além disso, Eliza era viúva. Seu marido havia morrido num acidente de ônibus, mas isso era irrelevante para a cultura local. Na antiga cultura indiana (realmente espero que isso tenha ficado no passado), era obrigação da mulher cuidar do marido, então quando o mesmo morria primeiro, ela deveria suicidar-se deixando ser queimada numa fogueira. Quando isso não acontecia, as mulheres eram amarradas e enfiadas na fogueira do mesmo jeito. Somado isso ao fato de que parecia que sempre havia alguém observando Eliza, ela não estava se sentindo muito segura, apesar de ter Jayant ao seu lado.
Aquele não era um mundo confortável para ela ou para mulher alguma, pensou, refletindo sobre sua própria segurança. Ela também era viúva. Qual seria a sensação de ser executada de forma tão sofrida? A dor insuportável, o medo, a brutal crueldade deveriam ser muito piores do que imaginava. – página 101
Como eu disse antes, estava bastante curiosa para ler este livro, principalmente por ele se passar na Índia, país que quero muito visitar um dia. E ainda mais por se passar na Índia quando a mesma ainda era colônia inglesa, e quando vi que Eliza estaria em contato com a “realeza” de Juraipore (lugar fictício), a curiosidade só aumentou. Eu nem estava esperando tanto do livro, apesar da curiosidade que sentia em lê-lo, mas, ainda assim, eu acabei me decepcionando.
Começando pelo fato de que os personagens não foram totalmente desenvolvidos, de maneira que eu sentia que mal conhecia Eliza e Jayant (principalmente ele), então eu não sentia afeição por nenhum deles e nem conseguia engolir o romance que foi surgindo entre os dois. Isso não significa que eu não torci para que tudo desse certo no final, isso eu sempre faço, mas eu não queria que eles terminassem juntos, pois a maneira como se tratavam não me agradava.
Sendo um rajá, Jayant deveria se casar com uma princesa ou alguém que estivesse na mesma posição social que ele, e sendo o sucessor de seu irmão (caso o mesmo morresse), era ainda mais importante que se casasse com alguém à altura. Ele falava o tempo todo sobre como os casamentos indianos não eram regidos por amor, e sim dever, mas se esquecia de tudo isso quando estava com Eliza, e não bastando ter ficado próximo a ela quando não deveria (ambos sabiam que um romance era impossível, e que deveriam manter distância um do outro) ele ainda a magoou quando não precisava tê-lo feito. Então não, eu não gostei nada de Jayant, e também não consegui gostar muito de Eliza ou de qualquer outro personagem.
Somado a isso, achei a escrita da autora muito cansativa, de maneira que a leitura foi um pouco arrastada, e eu demorei para engatar na mesma. Na verdade, não havia nada para me prender à história; nenhum personagem encantador, nenhum acontecimento que me deixasse tensa ou com as emoções à flor da pele, nenhum romance apaixonante. Nada. Sem contar que o final me deixou com o queixo caído, pois me pareceu muito fácil e isso realmente não bateu com o restante da história. Ao meu ver, ficou um pouco sem sentido, e eu só fiquei feliz porque consegui finalmente finalizar o livro.
Eu sei que eu deveria ter desistido dos livros da autora, mas vi que ela escreveu mais um (A separação) que ainda não foi publicado por aqui, e mesmo que nem Antes da tempestade nem O perfume da folha de chá tenham me encantado ou se tornado histórias que me marcaram, ainda assim eu quero ler A separação. Mas prometo não criar expectativas, e nem ficar torcendo para que a história seja melhor que as outras duas. Vamos ver no que dá.
site: http://shakedepalavras.blogspot.com.br