La Oliphant 30/05/2018
Eu conheci a Jenn Bennett muito por acaso, quando eu estava na saraiva uma vez e me deparei com outro livro dela, Night Owls. Desde então eu me tornei uma apaixonada por sua escrita e pela forma como ela criava os seus personagens e, quando a Plataforma 21 começou a divulgar o lançamento de O Cara dos Meus Sonhos (ou quase), eu fiquei bastante animada para compartilhar com mais pessoa a escrita maravilhosa dessa autora. Em O Cara dos Meus Sonhos (ou quase), Bennett traz um romance adolescente que começa na internet e, acreditem quando eu digo que o relacionamento de Zibelina e Alex não vai te decepcionar.
O enredo de O Cara dos Meus Sonhos (ou quase) é narrado em primeira pessoa e nós temos a chance de conhecer muito sobre a história da Bailey. Apesar de vir de uma família com uma situação financeira razoavelmente boa, Bailey não é uma garota popular e nem está em busca de fazer parte de grupos de amigos. Seu passatempo favorito é assistir filmes e, foi assim que ela começou a conversar com um garoto da Califórnia chamado Alex. Claro que ela não sabe tudo sobre ele porque, bom… a internet às vezes pode não ser um lugar seguro, mas isso não a impede de se mudar para a casa do pai que, por coincidência fica exatamente na mesma cidade em que o tal Alex mora.
“Seus dedos dançam sobre minha mão,o toque de uma fina teia de aranha, e ele traça desenhos suaves na minha palma aberta, sinais de código Morse, insistindo gentilmente, enviando milhares de pulsos de correntes elétricas pelos meus nervos.”
Particularmente eu achei a ideia da Bailey inteligente. O pai dela tinha plena consciência de que ela estava em uma busca secreta pelo Alex e, ela sempre tomou um certo cuidado para não falar sobre isso com ninguém, o que não a colocava em risco caso Alex se tornasse um maluco qualquer da internet. O que eu não estava mesmo esperando nesse enredo foi que Bailey se interessaria por Porter, deixando todas essa história de conhecer o Alex de lado e, eu achei esse plot twist interessante. Não é todo dia que vemos uma personagem principal optar pelo real ao invés do virtual.
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Eu gostei muito da forma natural que os relacionamentos desse livro se desenvolvem. A maior parte dos Young Adults tem uma tendência de forçar certas relações, o que não acontece nesse romance de Bennett. A aproximação de Bailey e Porter me pareceu bastante natural, ainda mais para dois personagens que estavam trabalhando juntos e tendo várias oportunidades de se conhecerem melhor e de corrigirem as más impressões causadas no primeiro encontro. Ver esses dois personagens se aproximando e compartilhando suas inseguranças e medos foi uma das coisas que eu mais gostei no enredo de O Cara dos Meus Sonhos (ou quase).
A escrita de Bennett é muito gostosa, o que torna ainda mais fácil que a gente se conecte com os seus personagens. Eu gostei da personalidade da Bailey, de ela não ser o tipo de garota que se isola do mundo. Aliás, para um romance adolescente, todos os dramas do enredo são plausíveis e os personagens não são adolescentes birrentos que querem as coisas do jeito deles como acontece em grande parte dos livros do gênero. Eu senti um tom de realidade muito bom em O Cara dos Meus Sonhos (ou quase), não só em relação aos personagens principais do livro, mas também em relação aos secundários, que tiveram suas histórias muito bem apresentadas – o que foi uma surpresa.
“Talvez o poeta Walt Whitman tivesse razão. Todos de fato nos contradizemos e temos multidões dentro de nós. Como é que poderemos descobrir quem somos de verdade, então?”
Mas nem tudo são flores no mundo da literatura e até mesmo um dos seus autores favoritos podem cometer erros e, um dos motivos de eu não ter conseguido dar cinco estrelas para esse livro foi o plot twist entre Bailey-Porter-Alex. As coisas começam a ficar claras no livro por volta do capítulo 20, mas eu não estava esperando que personagens que pareciam ser maduros até então, fossem ter reações tão infantis logo no clímax do livro, o que aconteceu com Porter. Isso me deixou bastante decepcionada com a história, porque eu acho que o conflito poderia ter sido resolvido de uma forma completamente diferente. Talvez, Bennett ainda precise amadurecer algumas ideias, não sei.
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Outro ponto que me deixou bastante incomodada foi a falta de profundidade em relação ao personagem que tinha um problema com drogas. Eu acho que se vamos falar de um assunto tão pesado em um livro adolescente, é preciso que a história tenha embasamento e profundidade para causar um certo impacto em quem está lendo. Infelizmente, em O Cara dos Meus Sonhos (ou quase), isso é tratado mais como um “conflito” que atrapalha os personagens principais, do que realmente um “problema” que precisa ser resolvido dentro da história. Acho que é algo que a autora poderia ter trabalhado de outra fora ou só não trabalho, sabe?
Ainda assim, Jenn Bennett me entregou uma leitura muito gostosa de se fazer. Bailey é uma personagem muito fácil de a gente se identificar e todo o seu relacionamento com Alex-Porter realmente acaba prendendo o leitor até o final do livro. Também gostei muito de que a autora tenha escolhido deixar várias pistas da identidade do Alex ao longo do livro para que o leitor pudesse descobrir quem ele era muito antes da personagem principal. Isso, inclusive, me deu aquela ansiedade boa de “pelo amor de deus, como ela ainda não percebeu”, sabe?
“É difícil pensar na semana seguinte quando não se tem certeza de que vai sobreviver ao dia de hoje.”
Jenn Bennett ainda não é uma autora de YA que muitos de vocês conhecem, mas se você for como eu e simplesmente adorar esses romances adolescentes que começam na internet e se desenrolam naqueles dramas gostosos de filme de sessão da tarde, eu tenho certeza de que O Cara dos Meus Sonhos (ou quase) vai ser uma leitura tão maravilhosa para você, quanto foi para mim. Ah, e não esqueça de deixar aqui nos comentários se você já conhecia a escrita da Jenn Bennett e o que você achou do enredo desse YA, ok?
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