poetisa 24/05/2022
Ao estar lendo O mistério do Trem Azul, Agatha Christie, percebo que a autora não tem o hábito, em suas narrativas, de descrever cenários, o que não faz com que você leitor sinta estar faltando algo na história ou que a falta do mesmo acarrete substancialmente em alguma perca de sentido. Outra característica sua é ao descrever o pensamento de cada interlocutor e algum movimento dos personagens, ela faz de modo muito sutil, quase que impercetível ao leitor, e se esse não está tão intertido na leitura, tomado por atenção de fato a ela, não percebe tal manobra usada pela autora. Fiquei extasiada ao ver a tamanha sutileza com que descreveu dois movimentos do personagem:1"ele retirou um fiapinho mínimo de seu chapéu, deu um sorriso confortador ao milionário, e deixou a sala". 2 "houve uma pausa; depois M. Poirot inclinou-se para a frente, indireitou a régua que estava sobre a escrivaninha e dirigiu-se diretamente ao milionário". Algo aparentemente tão simples e sem importância, mas que ao ler você nota muitas informações ali discretas num simples gesto da personagem: personalidade, pensamento oculto, dando a parecer que ele M. Poirot, não está se importando com os acontecimentos, mas na realidade ele se põe cauteloso para não permitir que os outros personagens saibam o que ele ali está de fato sentindo. E com isso não sendo necessário escrever ao leitor, em uma narrativa minuciosa: pensamento, gesticular... a cena por si só nos leva a tudo isso, a esse perfeito entendimento, chegando até mesmo nos apresentar outra característica do personagem sem que se use do artifício da descrição para isso.
Então caímos no que falei em textos anteriores: a desnecessidade de descrever determinadas cenas, o agir e o pensar dos personagens; como também sobre ser um bom leitor.
Ah Eunice! Mas aí você está falando de uma Agatha Christie, rainha do romance policial e tendo seus livros apenas perdido em vendas para os de William Shakespear e a bíblia.
Sim! De fato, então lhes apresento
Deco Rodrigues, escritor iniciante, o qual escreveu um romance de poucas páginas chamado "Três Contra Todos", onde a leitura e o livro em si é maravilhoso por ter acertado a mão na forma narrativa descritiva com que produziu sua obra.
O que quero chamar a atenção a vocês é que, cair em exageros descritivos, seja dos personagens, seja do cenário ou de suas fala, ao meu ver empobrece a história narrativamente. E essa escritora era fantástica.