Crônicas Fantásticas 14/09/2020
Ordem Vermelha – Filhos da Degradação
Resenha por Ana Oliveira
Título: Ordem Vermelha – Filhos da Degradação – Volume 1 | Autor: Felipe Castilho | Editora: Intrínseca | Gênero: aventura, ficção, literatura brasileira | Páginas: 448 | Ano de publicação: 2017 | Nota: 4,0/5,0
O que fazer quando uma grande aventura épica se mostra a sua frente cheia de curvas e sobes e desce, como uma montanha russa emocionante? A gente se joga nela!
Comecei a ler “Filhos da Degradação” sem pretensão alguma. Nunca tinha ouvido falar do livro e nossa outra colunista, a Brena, sugeriu que lesse o livro para o esquenta CCXP. Topei. E ainda bem que topei! “Filhos da Degradação” me cativou ao ponto de desejá-lo ter em minha estante física.
O autor, Felipe Castilho, leva-nos por uma história repleta de cultura, aventura e, acima de tudo, luta por ser um ser vivente. Como boa jogadora de RPG tentei a todo custo fazer ligação entre as raças do livro e as raças que conheço do universo de D&D. Algumas eu consegui, como sinfos, anões, humanos. Mas os kaorsh até agora são um enigma para mim. Pelas imagens de divulgação, que achei na internet, é como se fosse um tipo de humano mais alongado e com capacidades camaleônicas (que eu amei). Acho que se fosse um personagem do livro de Castilho seria uma kaorsh.
A mitologia que o autor engenhosamente monta no livro, logo no primeiro capítulo, deixa-nos a par da criação do mundo e das raças: os seis deuses primordiais acabam por desembocar em uma única deusa altiva e soberana, que descontente com a criação, pune a cada uma das raças de modo implacável. E assim temos o início da nossa história, da nossa jornada.
Acompanhamos ao todo 6 personagens principais. Contando primeiro com Aelian e Raazi, logo são inseridos Ziggy e Harum. Humano, kaorsh, sinfo e anão, respectivamente. O autor dividiu o livro em 3 partes, mas pensando agora, não sei se a minha divisão do livro bate com a dele. De toda forma, temos o primeiro arco, onde os personagens são apresentados, uma pulga atrás da orelha – pelo menos da minha – é plantada e um grande acontecimento fecha esse arco.
Na segunda parte, nós já temos um grupo meio que formado. A história está mais coesa e nos mostra que o que é contado vai muito além das vidas dos personagens centrais. Há um questionamento acerca da sociedade em que eles vivem, do modo como a deusa rege tudo e de como deveria ser a vida dos viventes naquela cidade. Tudo bem próximo a nós que lemos, mesmo sem viver em Untherak.
Na terceira parte, temos algumas reviravoltas que nós (ou pelo menos eu) não esperávamos. Alguns outros personagens são adicionados aqui, como Aparição e Venoma, dando-nos a sensação de que finalmente o grupo está completo. Apegamo-nos aos personagens e nos vemos chorando uma, duas, três vezes com os desdobramentos.
Toda vez que leio um livro, eu discuto ele comigo mesma e tiro algumas conclusões do que já li até aquele momento na história. Claro que às vezes o enredo envereda por um caminho totalmente diferente e me surpreende, nem sempre minhas conclusões dão onde os autores realmente vão. Posso dizer que com 2 partes do livro minhas conclusões chegaram onde o autor chegou. E a última parte me pegou desprevenida e me tirou o fôlego e as lágrimas.
Muitos plot twist que nos deixam sem fôlego e tendo que correr para recalcular a rota… Aviso: se você é do tipo que não aguenta desapegar, cuidado. Este livro pode te fazer chorar bicas.
No mais, posso dizer que as surpresas são sempre bem-vindas, e que acabei entendendo que algumas coisas tinham que acontecer para enriquecer o livro. Posso dizer que me senti lendo um daqueles livros estrangeiros que eu tanto gosto, com o orgulho de saber que toda essa qualidade é genuinamente brasileira. Ah! Quase esqueço de comentar, mas há um estilo de dança-luta típica dos sinfos, que pelo gingado descrito, lembra muito a capoeira. Será que o autor acabou levando nossa “arte-marcial-jogo-coreografia” para dentro da literatura, imortalizando-a para sempre como a kaita?
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