Marina Fernandes 19/10/2018Bonito, tocante e... decepcionante :/Preciso confessar que esse livro foi uma grande decepção para mim. Como um todo, ele não é inteiramente ruim, algumas partes são bem bonitas e tocantes, mas a decepção que senti no final neutralizou a maioria dos sentimentos bons que o livro havia me proporcionado. Mas, vamos começar do início...
As parte de Noel são chatas e extremamente dispensáveis. Acharia mais legal se, algum dos cientistas forenses que achou os restos mortais dos Romanov, apenas narrasse sua descoberta e a história se desenvolvesse a partir daí, tendo essa parte do cientista apenas como uma introdução, já que é de suma importância para o começo dos boatos da sobrevivência de Anastasia e Alexei. Mas a autora se prolongou demais com a história desnecessária de Noel, criando um sentimento entre ele e Anastasia, que aos meus olhos, foi totalmente mal fundamentado. Eu realmente não consegui entender sua cega paixão pela grã-duquesa que viveu séculos antes dele. A razão que foi apresentada pela autora foi a de que as dores dos dois eram semelhantes, e isso aproximou ele da história dela. Mas eu já acho que não são coisas totalmente relacionáveis, ainda mais para fazer crescer um sentimento tão forte como Noel diz ter.
As partes narradas por Anastasia definitivamente salvaram o livro. A autora soube captar e descrever os sentimentos da grã-duquesa com perfeição, levando-me até a crer que ela realmente tenha sentido algo muito semelhante. As palavras dela me tocaram bastante, e me fizeram experimentar uma porção de sentimentos, dos mais variados, desde admiração à profunda pena, tendo em vista a tragédia que ocorreu à família da jovem. E tenho que fazer uma ressalva aqui para a cena do assassinato da família. Ela ainda me provoca arrepios. Me senti profundamente triste e de luto, e a forma como a autora descreveu a sequência de acontecimentos foi absolutamente fantástica. O único pecado cometido, não só nas partes de Anastasia, mas em todas, foi o excesso de descrição, o que cansou um pouco a leitura.
As partes de Alexei estão bem abaixo das de Anastasia em minha ordem de preferência. Gostei como ele trouxe vários elementos históricos à sua narrativa, mostrando que, mesmo estando distante da política de seu país (por ser uma criança), ele percebia o que estava acontecendo. Uma coisa que me desagradou, porém, foi a autora levar essas descrições históricas mais para o futuro, tendo uma parte em que ela citou até que a situação em que a Rússia estava levaria à guerra fria, uma guerra que ocorreu muito tempo depois do assassinato dos Romanov. O czarevich cita bastante também o misterioso Rasputin, o que achei muito bom. Outro ponto negativo, foi a desconexão entre o desenvolvimento do personagem de Alexei ao longo livro e a forma como ele próprio narrou suas partes. Quando ele era descrito em partes que não fossem as suas, em especial as de Anastasia, ele era visto como uma criança pequenina, mas, em partes narradas por ele mesmo, não parecia uma criança narrando, nos levando a esquecer o personagem de Alexei que já havia sido incrustado, anteriormente, em nossas imaginações. Ainda, gostei da forma como a autora tratou da doença do garoto e descreveu as sensações dele e a forma como Rasputin o ajudava; sendo relevante destacar também a relação descrita entre ele e Anastasia, um dos pontos muito positivos do livro e que conquistou um espaço em meu coração.
As partes de Vladmir também foram muito boas e esclarecedoras. Nas partes do soldado bolchevique, especialmente, a autora exagerou nos elementos descritivos, fazendo com que grande parte da leitura se tornasse chata e dispensável. Porém, gostei bastante da forma criada para explicar seu propósito na história e o aprofundamento que foi dado a esse personagem, envolvendo mais ainda o contexto histórico da época. O relacionamento dele e Anastasia é um ponto fortíssimo do livro, sendo ele simples, bonito e verdadeiro.
Finalmente, o desfecho da história conseguiu estragá-la quase que integralmente, ao meu ver. A proposta do livro era especular, de maneira ficcional, como teria sido se Anastasia, Alexei e Vladmir tivessem sobrevivido. Mas, ao lermos o final, vemos que a proposta apresentada ao leitor não foi concluída. Eu me senti enganada, e não gostei da sensação. Além disso, a mensagem que a autora quis passar com a reviravolta do final não ficou tão clara para mim, o que o levou a ser mais decepcionante ainda.