Alexia 19/08/2022
Dividida em três partes, essa obra traz um conto para cada história de mulheres do cotidiano que vivem os assombros de vidas reais ligadas não apenas à passagem do tempo, mas também às impotências e, sumariamente, às fragilidades que, de tempos em tempos, qualquer uma de nós, eruditas ou não, poderemos passar em algum momento da vida.
Três contos; três mulheres: "A idade da discrição", "Monólogo" e "A mulher desiludida". Uma vive a incerteza de suas idealizações para com o filho, o inconformismo sob viver com um companheiro acomodado e as questões da idade e do corpo; a outra - num texto sem vírgulas ou acomodações - adoecida, vive a solidão e a decepção por seus fracassos além do luto da perda de sua filha para o suicídio; e a última é acordada da ideia terrivelmente massiva de que o corpo de uma mulher sempre deverá estar padronizado, com isso, a protagonista se vê abandonada, privada do amor do marido e questiona a própria jornada.
A Mulher Desiludida traz uma leitura densa em demasia para alguns gostos, no entanto, extremamente necessária. Contudo, a compreensão não virá escrita e nem estampada em suas páginas, é preciso não apenas conhecer as histórias, mas enxergar por suas entrelinhas o quão necessitadas somos das chaves que só o feminismo tem para muitas de nossas portas. Eis uma obra sem vendas, belezas ou qualquer que seja a forma usada pelas sociedades de esconderem o real papel da mulher, em vida e pós-morte.