Neve

Neve Orhan Pamuk
Orhan Pamuk




Resenhas - Neve


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Anniutotchka 24/10/2021

Pesado e melancólico
É um livro extremamente marcante, com certa melancolia e um clima pesado. Parece que durante todo o livro você já sabe o que vai acontecer, então o que vc aprecia e descobre é o processo que levou ao fim do livro. Belíssimo.
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Goldenlion85 12/10/2009

Parei volto mais tarde...
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Samarithan 02/05/2020

Todo mundo tem o seu floco de neve
Em meados dos anos 90, o poeta turco Ka, retorna ao seu país de origem 12 anos após o exílio que passou na Alemanha, depois de deixar Istambul, ele decide visitar a pequena cidade fronteiriça de Kars, com o pretexto de fazer uma reportagem sobre uma onda de suicídios entre jovens islâmicas. Ao chegar no local, Ka fica preso na cidade devido a uma nevasca, e vai descobrir que a região passa por um momento conturbado, com o confronto muitas vezes sangrento entre os islamitas radicais e o Estado que pretende ser secular. O medo dos radicais chegarem ao poder por meio da democracia é o gatilho para o golpe militar que acontece em Kars, e os confrontos ficam cada vez mais violentos, com uma onda de crimes sendo cometidos dos dois lados.

Apesar do forte teor político que permeia a obra, a narrativa mantém um foco nos sentimentos e no lado psicológico dos personagens, em especial o protagonista Kars, um homem solitário e melancólico, que ao descobrir sua paixão por Ipek (uma antiga colega da escola), enxerga neste relacionamento uma última oportunidade de ser feliz na vida. Mesmo sem querer, Ka se torna um dos protagonistas dos conflitos políticos, religiosos e étnicos da região, tentando contornar o violento choque entre as diferentes facções.

Um trecho muito interessante do livro, ainda bem no início, quando Ka pergunta ao proprietário do jornal da região, o motivo da cidade, que foi tão próspera no passado, agora ser um lugar pobre, decadente e repleto de pessoas infelizes, ele recebe a seguinte resposta:

"Durante o período otomano, nenhum dos povos que decidiram ficar na região, saiu por aí batendo no peito e gritando "Nós somos otomanos!". Os turcomenos, os lazes da cidadezinha de Posof, os alemães que foram expulsos para cá pelo Czar - todos estavam aqui, mas nenhum sentia orgulho de se proclamar diferente. Foram os comunistas e sua rádio Tiflis que incitaram o orgulho tribal, e fizeram isso porque queriam dividir a Turquia. Agora todo mundo está mais orgulhoso...e mais pobre."

O livro tem vários outros trechos e reflexões marcantes, um dos aspectos que me prenderam na leitura foi conhecer um pouco de uma cultura e um povo totalmente diferente da nossa realidade, apesar de achar que intrinsecamente, os problemas humanos permanecem os mesmos independentes do credo ou etnia. Ka por exemplo, quando mais novo era um jovem idealista capaz de morrer por seus ideais políticos, após passar 12 anos de exílio e perceber que não chegou a lugar nenhum com isto, não crê mais em nenhum destes ideais, e pretende levar sua vida sem se envolver com política, mas esta, como sabemos, age como um câncer que vai corroendo tudo que toca, sendo praticamente impossível permanecer totalmente alheio a ela.

Os diferentes personagens, cada um com uma visão de mundo diferente, enriquecem a obra com diálogos e questionamentos interessantes sobre a vida, felicidade e Deus, servindo muitos vezes até como um alívio, diante da crueldade e violência da realidade.

Orhan Pamuk criou um romance intrincado, expondo as engrenagens de uma sociedade complexa e conflituosa, mas que nas inquietações espirituais e artísticas de Ka, consegue manter a beleza de sua narrativa. Primeiro livro que leio do autor, já na expectativa para ler outros!
Ginete Negro 02/05/2020minha estante
É um livro muito bom. Recomendo "Meu nome é vermelho".


Samarithan 02/05/2020minha estante
Estou na dúvida entre Meu Nome é Vermelho e Istambul, qual leio primeiro!


Ginete Negro 02/05/2020minha estante
"Meu nome é Vermelho" é espetacular.




jota 19/05/2014

Amor em tempos de islamismo e secularização
Kars, pequena cidade turca nos confins da Anatólia Oriental, anos 1990. Uma tempestade de neve impede a circulação das pessoas para outros pontos do país e o poeta Ka, exilado na Alemanha e que tinha vindo a Istambul para o enterro da mãe, fica preso ali. Estava em Kars como jornalista, para escrever sobre uma onde de suicido de jovens muçulmanas que ocorria ali.

O livro de Orhan Pamuk começa assim: Ka está preso em Kars pela neve e nós ficamos presos na leitura, conduzidos que somos pelo autor dentro dos vários caminhos desse romance altamente político. Que, em sua essência, corre pelas vias da secularização europeia da Turquia e pelos costumes e tradições islâmicos e otomanos, bastante presente no país então ( e ainda hoje, na verdade).

O rigor do inverno em Kars não aplaca o calor que move os conflitos étnicos e religiosos na cidade e conforme a história avança as relações entre os habitantes, governo e forças de segurança se deterioram. Assassinatos e suicídios se tornam mais frequentes, especialmente quando estão em cena o fanatismo e a radicalização dos militantes islâmicos. No meio de um golpe político dado por militares e cidadãos pró-ocidente, corre a história de amor de Ka e Ìpek (uma antiga colega de escola). E aos poucos Ka se vê envolvido no movimento político, ainda que involuntariamente.

Neve avança e retrocede no tempo, sai de Kars, vai para Istambul e Frankfurt, volta e traz o próprio Orhan Pamuk como personagem. E pode parecer que esse livro volumoso (são quase quinhentas páginas), pelos temas que aborda, seja de leitura difícil ou aborrecida, mas isso não é verdade.

Pelo contrário: Neve prende nossa atenção o tempo todo especialmente porque Pamuk conta suas histórias com a maestria que lhe conferiu o Nobel de literatura de 2006. Merecidamente.

Lido entre 05 e 18/05/2014.
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Amanda.Castro 18/06/2020

Perfeito!
Um livro que a cada detalhe traz uma crítica diferente de forma sutil e inteligente.
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Paula 28/05/2020

infinito
Uma decepção, na verdade. A história tem tudo pra ser ótima mas a escrita é muito arrastada, cheia de histórias paralelas que demoram muito a se desenrolar.
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Paulo Henrique 14/12/2021

Um livro gostoso de se ler
Esse não é o melhor livro que li esse ano, porém é um livro muito gostoso de se ler, cheio de conteúdo histórico que aujuda a enteder a Turquia. A mistura de ateus, com islamistas fanáticos, defensores de um estado conservador entre outros tornam a história envolvente. Fique pensando em como dever ser difícil viver em um país onde o que ocorre com você depende demais de religião e política.
Se eu fosse escrever um livro gostaria que fosse com a escrita usada nesse obra, leve, com vocabulário acessível e construção simples.
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Bruna 13/01/2021

Ouvi falar de Orhan Pamuk, por dois jornalistas que admiro, eles o citaram em um post como sendo o escritor preferido de ambos.

Somando- se ao fato de nunca ter lido nada de um escitor turco, minha curiosidade foi aguçada e logo; cá eu estava, com o livro Neve nas mãos e espectativas infindas.

Que prazer conhecer mesmo que tardiamente a escrita de Pamuk, onde ele descreve o personagem Ka, um poeta exilado na alemanha, que volta para Kars interior da Turquia, onde está acontecendo suicídio de mulheres islâmicas, então ele vai investigar, nesse interím ficando preso na sua cidade natal por causa de uma forte nevasca.

E o desenrolar da história, o ramance entre ele e Ipek desenvolve no meio de uma revolução que ele faz parte involuntariamente.

O livro é cheio de narrativas políticas, questões sociais e ambientadas no meio de um cenário de pobreza e opressão.

Narrado por Ka , em tempo atemporal, e que no final, seu amigo aparece narrando através das leituras das cartas deixadas por Ka, fazendo essa dualidade da narrativa interessantíssima.

Recomendo fortemente.

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Alê 23/09/2009

O livro começa bom..
O autor começa bem, mas patina muito e se perde na história.
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Adriano 22/01/2021

Drama turco existencialista
Romance étnico, religioso, político e existencialista. Ocidente e Oriente em conflito no protagonista e das personagens que vivenciam uma ruptura destas tensões numa cidade pequena, pobre e isolada da Turquia oriental. Durante três ou quatro dias (?) sob intensa NEVE um poeta vagueia pelas ruas, com seus devaneios existenciais, usando a poesia para pensar sobre Deus, amo e a felicidade. Muito bem construído e informativo dos dramas políticos da Turquia e de seu embate interno entre estado e religião.
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Higor 23/12/2019

'Lendo Nobel': sobre o choque entre política e religião
Depois do maçante ‘O castelo branco’, eu precisava de outro livro de Orhan Pamuk para superar minhas expectativas, ou atestar que ele não era pra mim. Sem rodeios, atribuí a responsabilidade para seu magnum opus, ‘Neve’, com capa bonita e nomeado pelo autor como seu “único livro de cunho político”.

Para minha surpresa, no entanto, apesar de ser seu livro mais famoso, ‘Neve’ é um livro com um número surpreendente de abandonos e resenhas negativas – mais do que eu esperava encontrar, visto que eu imaginava ter uma fama diferente.

A complexidade e elegância da escrita de Pamuk, conhecida em ‘O castelo branco’ se faz presente, embora muito mais lapidada; enquanto lá era apresentada de maneira corrida e apressada, aqui não há o menor receio em detalhar o que seja, tanto que, enquanto nas menos de 200 páginas de ‘O castelo branco’ são passados mais de 20 anos, ‘Neve’, com suas quase 500 acontece em três dias.

O poeta Kerim Alakusoglu, estilizado como Ka, volta para Istambul para o enterro da mãe, após 12 anos exilado em Frankfurt, Alemanha. Sua atenção é voltada, no entanto, para Kars, uma cidade, uma cidade onde o suicídio de jovens garotas muçulmanas é frequente.

O que seria uma leva de pesquisas para uma reportagem internacional se torna algo muito maior: em decorrência de uma tempestade de neve, a cidade fica ilhada, ninguém sai e nem entra, e por conta desses pequenos eventos um golpe militar local é desencadeado.

Não demorou muito para que tanto a trama, quanto a escrita de Pamuk tenham me cativado de vez. Enquanto muitos apontaram a escrita como densa e cansativa, talvez por conta da riqueza de detalhes, eu apenas me sentia imerso na história e temeroso do que aconteceriam tanto às jovens, quanto a Ka e a própria cidade nesse intervalo de três dias.

Com um forte embasamento político e religioso, o que pode vir a incomodar alguns leitores, ‘Neve’ questiona sobre a interferência religiosa em um Estado, assim como o posicionamento do Estado ante situações religiosas, se uma se sobrepõe a outra, ou se ambas devem se complementar. O choque entre as civilizações oriental e ocidental, tema da vida de Pamuk, se faz presente aqui também, na persona do protagonista, turco que renegara o país para se exilar na Alemanha, causando fúria dos nativos com seu retorno.

No entanto, nem tudo são flores: embora complexa e refinada, a narração de Neve, com seu narrador onipresente, tem certos furos que não convencem, trazendo, ao invés disso, certos questionamentos. É o que faz com que o livro não ganhe nota máxima.

Mesmo com erros até gritantes, ‘Neve’ é um livro incrível sobre temas árduos, que muitos ignoram ou preferem não encarar. Situações gritantes de intolerância que acometem um país do outro lado do mundo, mas que, volta e meia, são vistos por aqui.

Este livro faz parte do projeto ‘Lendo Nobel’. Mais em:

site: leiturasedesafios.blogspot.com
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PARA TODOS OS LEITORES 30/01/2019

Bem mais ou menos...
Neve. Autor: Orhan Pamuk.

Sei que resenhas não começam assim, seguindo as regras de nossa língua Portuguesa.. ( mas aqui não é para fazer resenhas tradicionais)

Então, Preciso urgente de pessoas que também leram o Neve para conversar rs.

Quando me lembro desse livro , penso alguém me falando: " Oi? Você não gostou de Neve, do Orhan, Ganhador do prêmio Nobel de literatura? Olha, então você não leu direito.. lê dinovo.! ?

Bom, vamos lá.... Contando um pouco da história:

Este livro conta a história de Ká, ( poeta que precisa de uma inspiração para criar novos textos) ele retorna de Frankfurt para sua cidade Natal, Istambul, com o intuito de verificar a onda de suicídios de jovens muçulmanas.

Durante sua estadia, em Istambul a cidade era acometida por uma forte nevasca e é neste cenário que temos um dos elances do livro: O romance entre Ka e Ipek, sua colega de infância ( e rola muita coisa por aí).

Não só de romance vive esse livro, ele possui um viés político com um golpe de estado e traços culturais mostrando costumes e forma de viver do povo turco.

É uma leitura linear, densa, que não emplaca, desde o início é extremamente massante.

Por tratar-se de um livro escrito por um ganhador do Nobel de Literatura, confessamos que não esperávamos um livro tão repetitivo.

Tudo bem, me julguem!
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Lívia 24/11/2020

Pamuk não decepciona
Este é o terceiro livro que leio do autor. Depois da leitura de "O Museu da Inocência" decidi ler tudo que esse homem já escreveu, tão maravilhosa que foi a experiência de leitura. E agora, não foi diferente, o que me faz concluir que Pamuk não decepciona.
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O enredo tem é ambientado na Turquia no final da década de 90, especificamente em uma cidadezinha extremamente fria, pobre e decadente chamada Kars ( que, em turco, significa neve). O protagonista é um poeta turco que, após 12 anos de exílio político na Alemanha, decide retornar à Turquia, após descobrir que a moça por quem foi apaixonado na época da escola estava agora divorciada e ele decide então tentar uma chance. Desse forma, ele chega a cidade dizendo ser um jornalista enviado de um jornal alemão para investigar a onda de suicídios cometidos por jovens moças islamitas.
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O protagonista chama-se Ka e chega a Kars à época das eleições municipais, em que o candidato que está mais próximo de ser eleito vem de um partido islamita radical. Aproveitando-se do fechamento das estradas que dão acesso a cidade, os chamados secularistas que desejam livrar a cidade do comando dos religiosos fundamentalistas dão um golpe e assumem o poder, mesmo sabendo tratar-se apenas de alguns dias, já que com a reabertura das estradas, tudo voltará ao normal.
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Toda história se passa em um intenso clima de tensão entre secularistas que desejam aproximar o país dos costumes ocidentais e religiosos islamistas que não aceitam que as mulheres andem com a cabeça descoberta e nem ideias ocidentais que, segundo eles, advém do ateísmo.
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É importante levar em consideração que esse não é um livro para ser lido de forma rápida num fim de semana. Aqui tem-se um livro "cabeça", para ser apreciado ao longo de pelo menos alguns dias. A escrita de Pamuk é um misto de delicadeza, sensibilidade e poesia, que prende o leitor por sua beleza, além de muitos, muitos, muitos detalhes. Não é à toa que ele recebeu um Nobel.
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Vale muito a pena a leitura. Livro rico sobre costumes e cultura turcas.
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Daycir 30/12/2011

Tédio.......
Tem tudo pra ser bom...
Comecei animada.....
Mas no deslanchar das 300 páginas mais ou menos eu cansei.....
Sem noção, não entendi onde o autor queria chegar.....
Tão difícil me desanimar.......
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Mauricio (Vespeiro) 31/08/2017

Advertência: Você terá poucas chances de ler um livro tão chato quanto este!
Escolhi “Neve” porque quis ler uma obra de escritor contemporâneo ganhador do Prêmio Nobel de Literatura (2006). Imaginava que isso me garantiria qualidade no estilo, na narrativa e, de quebra, uma boa história. Errei feio. Orhan Pamuk, o laureado autor, escreveu um livro longo, chato demais, arrastado, muito mal escrito e de cunho essencialmente político, grosseiramente maquiado por um romance conduzido por personagens insípidos. Eu não conhecia o trabalho do escritor turco. Trata-se um militante político (daqueles insuportáveis) que faz das suas obras bandeiras esfarrapadas em defesa de causas específicas (desconfio que por exclusiva autopromoção). Processado (em 2005) no próprio país por “insultar e desacreditar a identidade turca”, foi ameaçado por muçulmanos e trabalhou nos bastidores para que saísse da perigosa obscuridade. Conseguiu, através de forças políticas de oposição ao governo, a indicação e consequente honra do Prêmio Nobel. Não pretendo entender quais caminhos o levaram a tal êxito, mas desconfio que o Nobel (um conjunto de instituições suecas e norueguesas) pode ceder a influências políticas, mais sedutoras que efetivamente a qualidade literária. Enfim... A melhor parte do livro foi conseguir terminá-lo (depois de tê-lo interrompido para ler “Dunkirk”). Resta-me agora esquecê-lo.

“Neve” conta a história de Ka, um poeta turco, exilado em Frankfurt (Alemanha), que volta a Istambul (Turquia) para o enterro da mãe. Lá consegue ser contratado para ir até a pequena Kars, cidade fronteiriça à Armênia, para investigar e escrever sobre uma série de suicídios de jovens islâmicas. Na verdade, mostra-se um pretexto para procurar Ipek, antiga colega de universidade por quem nutre algum interesse. Chegando lá, uma nevasca se intensifica, fechando as saídas da cidade por três dias. É neste feriado forçado que tudo acontece. Ka apaixona-se por Ipek, envolve-se com a conturbada política local justamente no momento que uma trupe de atores de teatro prepara um golpe para tomar o poder da cidade.

Se a narrativa de Pamuk tem qualquer elegância ou riqueza, não será encontrada neste livro. Uma atenuante seria a possibilidade (justificável) de esta qualidade ter sido perdida em meio às traduções, uma vez que a obra foi escrita em turco, uma língua bastante complexa. No entanto, esta desculpa é inaplicável à horrível construção dos personagens e às quase 500 modorrentas páginas em que eles se perdem. A começar pelo narrador da história: trata-se do próprio autor, Orhan, incluindo-se como personagem. Um despropósito detestável que nunca vi dar certo! (Aceito indicações de sucesso.) Para piorar, é um narrador onipresente, o que seria impossível, pois ele escreve o livro baseado nas anotações póstumas do personagem principal. Aliás, o protagonista Ka é deprimente. Um homem infantilizado, inseguro, pouco refinado, em crise existencial, personalidade dúbia, índole pouco confiável, mas que é idolatrado e imaculado pelo narrador. Não obstante, “aprendi” neste livro que os homens turcos são chorões e se apaixonam por qualquer mulher. Sendo ela bonita, então vale tudo. Tudo mesmo. Ka chega a dizer que é melhor não conhecer uma mulher para casar-se com ela. Como assim? O autor trata da questão do uso dos mantos para cobrir a cabeça de forma superficial, filosofia rasa, sendo que é um tema que permeia praticamente toda a história. As personagens femininas não conseguem salvar o elenco. Cientes da sua reafirmada beleza valem-se apenas desta virtude para conquistarem e segurarem seus homens. O autor conta uma história sobre três dias na vida de um personagem tosco, descrevendo eventos no mínimo estranhos. Uma peça de teatro (transmitida pela TV para toda a cidade) que pretende ser um golpe político não parece subestimar a inteligência de uma população inteira? No meio disso, romances, traições, mentiras, religiosidade se contrapondo ao mundo secular, tudo colocado nos vagões de um trem descarrilhado. Um turbilhão de diálogos com inúmeras opiniões sobre os assuntos tratados, mas praticamente nada fica interessante, pois são proferidos por pessoas de pouca ou nenhuma cultura. Um sonho febril onde dezenas de personagens com ações risíveis dão o ar da graça e nenhum cativa.

Se você acha que a política brasileira é uma bagunça, ainda não conhece a turca. Kars resume um microcosmo da Turquia atual, uma profusão de conflitos raciais, políticos, sociais, religiosos e étnicos. Por que Pamuk escolheu esta cidade como cenário? Basicamente porque é um barril de pólvora cercado por gasolina. E onde poderia (tentar) ilustrar com mais propriedade as questões curdas (sua bandeira mais saliente), já que esta etnia sem país forma 40% da população de Kars (a cidade é real). Porém, as motivações dos personagens são tão obscuras e inexplicáveis que, apesar de reconhecer a complexidade daquela sociedade, nada do que foi levantado conseguiu me sensibilizar.

O texto é muito pobre e repetitivo. A ode à neve é de matar de tédio. Nos primeiros 16 capítulos (de 44), o protagonista devaneia sobre a neve de oitocentas formas diferentes. E mais oitocentas iguais. Peguei raiva da inocente música “Roberta”, de Peppino Di Capri, de tanto que ela é citada no livro, sem propósito algum, ultrapassando as barreiras do ridículo. O autor enrola, enche linguiça com gordura e jornal, somando páginas e mais páginas sem nenhuma razão. Personagens completamente inúteis aparecem para desaparecerem logo em seguida. Cada vez que alguém saía para um passeio pelas ruas de Kars, invariavelmente passava “sob os oleandros”, via as crianças brincando com bolas de neve, entrava numa casa de chá e enchia a cara de raki (bebida típica da Turquia). Mas muito pior foi ter que ler a descrição de cada endereço, de cada nome de rua da cidade, seus cruzamentos, dezenas de vezes, sempre que alguém estava indo de A para B, como se isso interessasse a alguém que não é de Kars e nem pretende visitá-la nesta vida. Por fim, o protagonista sofre da síndrome de incontinência poética. Seja no meio de um tiroteio, de uma guerra civil, na chuva, na neve, no momento em que a mulher da sua vida lhe diz “eu te amo”, o cidadão para tudo, pega seu bloquinho de anotações e começa a escrever uma inadiável e inevitável poesia. Desculpem-me, mas não pude deixar de associar com diarreia. E foram 19 durante todo o livro. Sempre de forma súbita. Houve quem reclamasse, mas - acredite - nenhuma delas é transcrita no livro. AINDA BEM! Seria o cúmulo ainda ter que ler poesias de um personagem tão insosso.

Nota do livro: 5,17 (2 estrelas).
Cezar 02/10/2017minha estante
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Cezar 02/10/2017minha estante
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JANAINA GUSMÃO 10/12/2018minha estante
Já li mais de 200 páginas e não tô suportando mais! Muito chato e arrastado.


PARA TODOS OS LEITORES 30/01/2019minha estante
Minha vontade era copiar toda a sua resenha e colar nos postes RS.... Eu confesso que tenho a mesma sensação!!! Deixou a desejar... Fiquei bem decepcionada.


Mauricio (Vespeiro) 30/01/2019minha estante
Também conseguiu se arrastar até o final, sob os oleandros e ao som de "Roberta"? Se ainda fosse um livro de 100 páginas...


Duchesse 02/03/2019minha estante
Nossa, achei exatamente a mesma coisa! Livro chatíssimo! Impressão de que estava perdendo tempo... Parabéns por ter conseguido chegar até o fim; eu não consegui...


Mauricio (Vespeiro) 03/03/2019minha estante
Ainda não sei se há méritos em concluir um livro ruim. O tempo perdido não volta mais, mas eu tenho costume de ir até o fim, mesmo que seja para aprender com os maus exemplos. Do Orham Pamuk não tenho mais vontade de ler nem a orelha de outros livros.


Duchesse 03/03/2019minha estante
Eu não consegui chegar até o fim, mas também não compro mais nenhum livro do Orham Pamuk. Tentei ler ?Istambul? e achei a mesma chatice...


PARA TODOS OS LEITORES 06/03/2019minha estante
E o Meu nome não é Vermelho? Será que é melhor?


Duchesse 06/03/2019minha estante
Nao li . Vou procurar para ver se desfaço (ou confirmo) essa má impressão


Mauricio (Vespeiro) 06/03/2019minha estante
Peguei birra até com estilo (chatíssimo) da narrativa. Eu não perco mais meu tempo com Orham Pamuk. Talvez alguém que se interesse muito pela cultura turca possa aproveitar um pouco mais. Não é o meu caso.




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