@blogleiturasdiarias 03/03/2019Resenha | A Canção das ÁguasPrimeiro enredo lido sobre piratas, e saio contentíssima com o encontrado. Sarah Tolcser nos leva profundamente ao mundo marítimo dos navios, seres do mar, lendas e aventura. A Canção das Águas surpreende os fãs de fantasia!
Caroline Oristea faz parte do povo das barcas. Crescendo ao meio das águas, dos barcos e tripulação marítima, aos 17 anos ela ainda não ouviu o chamado do Deus do Rio, o qual sempre esteve presente na sua família passando esse "dom" de pai para filho. Quando seu pai é preso por recusar a transportar uma carga misteriosa, Carô decidi fazer essa viagem no lugar do seu pai, para assim salvá-lo e tirá-lo da prisão. Mesmo sem a ajuda do Deus do Rio, ela decide enfrentar essa missão.
O que Carô não esperava, é que o simples fato de carregar uma carga misteriosa mudaria completamente sua vida. Ela agora se vê envolvida em uma trama política e amorosa que coloca em risco sua vida e todos que estão a sua volta. Afinal que carga misteriosa é essa?! Que missão de importância lhe foi dada?! Será que o Deus do Rio enfim vai tocá-la?!
Nunca tinha entrado em um enredo tão específico quanto esse. Cheio de termos próprios do cotidiano de quem trabalha e vive num barco, foi inicialmente difícil me ambientar. Isso porque os nomes, objetos e componentes não tem explicação na narrativa. A autora coloca a informação e cabe a nós leitores procurar, se quisermos entender melhor. Na minha opinião um glossário com essas explicações ajudaria — e não se faz presente. Por exemplo, em momentos que se falava nas necessidades de fazer ajustes no barco ou até mesmo quando a autora faz a diferenciação de um modelo para outro, se não houver conhecimento prévio ou interesse em pesquisar, o contexto fica um pouco perdido. Mesmo com esse transtorno inicial, foi fácil me adaptar e fazer com que o desenvolvimento andasse. Não somente, me fez gostar bastante dele.
“Existe um deus no fundo do rio. Algumas pessoas podem lhe dizer que isso é só uma história. Mas nós, povo das barcas, sabemos que não é bem assim.“
A mistura dos elementos mágicos — deuses do rio e do mar, a existência de magia — com a ambientação náutica foi certeira. Sarah soube entrelaçar esse pontos de forma natural, como se não existisse um sem o outro, o que te prende do início ao fim. Achei interessante ela criar um mundo próprio a partir desses itens, pois conversará com o leitor que espera algo diferente. Adicionado do fato de termos um romance construído gradativamente — o que particularmente amo — torna o exemplar interessante para quem busca esse tipo de assunto.
Carô é que me foi a grande surpresa. A idade da protagonista me trazia certos receios pois livros que trazem personagens nessa faixa etária tendem a serem intensos nas emoções. E não que ela não seja. Diferentes de outras obras, existe um amadurecimento permeado em ações e decisões que ela toma para si. Forçada a amadurecer por causa dos acontecimentos, ela caminhou bem nas escolhas que fez. Existe algumas discrepâncias quando o romance floresce, porém que dá para relevar.
O maior ponto positivo e atrativo do exemplar é a quantidade de aventuras e situações tensas. São raros os momentos da história não ser mexida — até mesmo nas páginas iniciais temos uma movimentação dinâmica, mostrando a proposta do volume. É cheio de reviravoltas eletrizantes, então espere vários instantes de respiração presa.
O final surpreende, ainda que também se encaminha para algo que podemos prever. Ele não é aberto já que fecha esse ciclo apresentado, deixando um certo gancho para o sucessor — sim leitores, é uma duologia. Fiquei feliz e foi uma obra que não esperava grandes coisas — tinha ouvido certo comentários negativos — onde me vi amando a leitura.
"– A magia não torna um homem mau – disse ele. – É apenas uma habilidade. Não é inerentemente boa nem má. É o que há no coração que o torna mau, como acontece com todo mundo."
De uma forma geral, as fãs de fantasias esperem um prato cheio de emoções. Se a temática sobre piratas, embarcações, aventuras em alto mar é do seu interesse, temos o exemplar perfeito. Apesar das ressalvas, eu o favoritei por todo seu contexto de escrita, forma de construção do enredo e personagens que me conquistaram. Mais que recomendado!
Na parte física, Plataforma 21 arrasa né?! A capa é linda! Confesso que foi a primeira coisa que me chamou atenção para a obra, e sua parte internar não tem nada a perder. Com mapa que nos auxilia na leitura, e detalhes nos inícios de capítulos, fica difícil não gosta da edição. Reforço o fato de faltar um glossário para melhor entendimento dos termos inseridos, entretanto vejo que foi opção da autora. A narrativa é feita primeira pessoa pelo ponto de vista da Carô.
Se a Plataforma 21 não atrasar ou decepcionar — deixemos esse assunto sobre decepções para outra postagem — o segundo volume sai ainda esse ano, o qual tenho grandes expectativas e quero ler! Espero que tenham gostado!
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