ANDER CELES 24/01/2022
Faltou alma! E faltou esqueleto! Um monte de pedaços...e só.
Muitas ideias misturadas, mas não costuradas. É assim que me senti lendo esse livro. Ideias boas, inclusive, mas que não fizeram sentido pra construção de narrativa. Sabe quando vc vai criar uma história, aí vc cria o banco de ideias, com tudo que seria interessante para uma história, mas não necessariamente para a mesma. Só que vc junta as ideias na mesma, forçando umas conexões que não convencem ou até mesmo se tornam irrelevantes para a trama principal.
Faltou esqueleto. Faltou um corpo principal para essa história. Foi um monte de mistérios dados aos pedaços, mas vc fica sem saber qual era o principal. O homem de giz? Qual foi a importância que teve o homem de giz pra história, gente? Nenhuma. Não dava camada nenhuma pra narrativa. Não ajudou a resolução de nada.
Personagens totalmente descartáveis, totalmente substituíveis. Uma história sem profundidade, parece a narrativa de casos de crime. Ler me lembrou bastante do livro "Boneco de Pano", que não te dá muito background das personagens, nem nada, parecendo um roteiro de filme. Só que o roteiro de filme tem a atuação das pessoas, que faz a gente entender qual é a de cada personagem. Se em um livro, onde vc não vê a atuação dos personagens, você não criar um bom embasamento pras personagens, fica tudo muito superficial.
E a respeito da comparação com "Boneco de Pano", isso fica apenas na questão de raso desenvolvimento das personagens, porque "Boneco de Pano" tem um esqueleto, vc entende o que tá acontecendo. O que não acontece aqui.
Aliás, haja inspiração da autora em outros livros, hein? Essa é grande fã de Stephen King. Usar o método passado-presente, infância-fase adulta, pra contar a história, foi brilhantemente feito pelo rei. Até Felipe Castillo tentou fazer isso em "Serpentário", com certo sucesso até o meio do livro. Mas aqui isso foi ruim. Atrapalhou a história. Poderia até ter alguns flashbacks do passado, mas deveria se concentrar no presente, na investigação de fato. Fora ter bebido da fonte de "It", a autora tbm se "inspirou" em "Pet Cemetery", em uma cena de velório que é exatamente a mesma da cena de velório do livro do King. Exatamente a mesma, nos mínimos detalhes.
Bom, resumindo? Ideia interessante, mas muito mal organizada. Não se trata de dar respostas prontas pro leitor, se trata de contar direito a história para que cada fato faça sentido.