Marlene C. 19/04/2018[Resenha] Interferências - Connie WillisBriddey Flannigan trabalha na empresa Commspan que é concorrente direta da Apple, seu namorado Trent, é um dos melhores partidos dentro da empresa, ela namora ele a apenas algumas semanas, mas sente que Trent é o homem da sua vida. Por isso, quando Trent sugere que eles façam um EED – procedimento cirúrgico que promete o aumento da empatia entre o casal e que consequentemente gera uma conexão emocional – ela aceita sem pensar duas vezes.
Briddey é uma jovem que já não aguenta mais a intromissão de seus familiares em sua vida e ela ver o EED, como uma via de escape. No entanto, como esse é um procedimento muito requisitado ela e Trent terão que aguardar em uma imensa fila de espera, o que dará a oportunidade aos seus familiares e conhecidos de opinar a respeito do EED.
Sua família é totalmente contra o procedimento, assim como o C.B. Schwartz, um nerd da computação que também trabalha da Commspan e aparentemente se preocupa muito com ela. Todavia, Briddey está decidida a fazer o procedimento e vai de boa vontade quando Trent consegue uma vaga de última hora, tudo ocorreu bem, a cirurgia foi um sucesso! ou não? Briddey agora terá um grande problema em mãos, pois, ao invés de se conectar com seu namorado, ela conectou-se emocionalmente a um conhecido.
“Só que algumas pessoas acabam conectadas demais, entende, principalmente quando se trata de relacionamentos.”
Interferências é um livro que se passa em um futuro não tão distante, onde a tecnologia avançou de um modo bem gradativo e está ainda mais presente na vida dos seres humanos. Essa é uma obra que levanta uma questão muito importante a respeito da tecnologia que é: até onde a comunicação é boa? A que ponto deve chegar esse mundo tecnológico, para que o ser humano perceba que há sim, pontos negativos em tanta comunicação.
Briddey é uma personagem que me encantou nas primeiras páginas do livro, apesar de que eu não concordo com diversas de suas atitudes e escolhas. Acho sim, que ela tem um parafuso a menos em ter aceito um EED tão rápido, mas quem sou eu para julgar? Ela estava apaixonada e acreditava que o procedimento mudaria totalmente a dinâmica do seu relacionamento, no entanto, preciso afirmar, que eu adorei o crescimento da personagem, ela é uma mocinha que se mostrou bem forte, apesar de ter passado por uma poucas e boas no decorrer da obra.
C.B. Schwartz foi um personagem que ganhou meu coração nas primeiras páginas, ele é um nerd da comunicação e trabalha no subsolo da empresa, por isso, não é visto com bons olhos pelos colegas de trabalho, no entanto, quando ele se abre para o mundo e mostra seu verdadeiro caráter, é impossível não amar esse personagem, não torcer pela sua felicidade e realização pessoal.
"Retiro o que disse antes sobre não receber nenhuma emoção de você - disse ele - Acabei de receber... E nem sei como definir... esse sentimento incrivelmente intenso de amor vindo de você. - Ele a abraçou - Você percebe o que isso significa, meu amor?
Sim, pensou ela. Significa que meus problemas são maiores do que eu imaginava."
Trent foi o personagem que no começo despertou um certo interesse da minha parte, em especial pelo fato dele está na linha de frente de um projeto que promete revolucionar o mundo da comunicação e competir diretamente com a Apple, que está lançando um novo aparelho inovador no mercado. No entanto, tirando isso, meu interesse pelo personagem morreu, ele é os típicos namorados estereotipados: bonito, inteligente e bem-sucedido, mas que apesar de suas qualidades, não conseguiu despertar a minha empatia ou até mesmo um certo carinho.
Os personagens secundários foram de grande participação na trama. Uma personagem em especial que eu gostaria de citar é: Maeve, ela é sobrinha de Briddey e sofre com uma mãe super protetora que controla todos os seus passos, dentro e fora do ambiente virtual, ela é uma menina inteligente e muito esperta, que apesar de estar sufocada pela mãe, sempre arruma um jeito de se “conectar” e burlar as regras.
"E você sabe para quem as pessoas mais mentem? Para si mesmas. São mestres absolutas da auto ilusão."
O romance entre os personagens é algo bem sutil e eu achei isso incrível. A relação de amizade e confiança que surge entre eles, vai dando lugar para um sentimento mais forte e impossível de ser contido. Os diálogos são maravilhosos e em sua maioria bem divertidos. A família da Briddey é realmente um evento a parte, dei muitas risadas com a interação entre os personagens.
A diagramação é bem simples. A narrativa é feita em terceira pessoa, alternada entre os personagens. A capa é linda e combina muito com a história e com a descrição dos personagens, as páginas são amareladas, não encontrei nenhum erro ortográfico, no entanto, achei a fonte um pouco pequena e apesar de não ter tido uma grande dificuldade na leitura, ela realmente me incomodou um pouco.
Interferências é um livro que mescla romance, mistério e ficção científica. Esse foi um livro que me pegou de surpresa e arrebatou meu coração, tudo sobre ele é incrível, desde os personagens até o desfecho final.