Queria Estar Lendo 19/09/2018
Resenha: Um Vento à Porta
Um Vento à Porta é o segundo volume da série iniciada em Uma Dobra no Tempo. Escrito por Madeleine L'Engle e publicado aqui pela Editora Harper Collins - que cedeu este exemplar para resenha -, acompanha as consequências da aventura iniciada por Meg e seu irmão, Charles Wallace, através dos mistérios dos infinitos universos que existem por aí.
Esta resenha pode conter alguns spoilers do primeiro livro!
Na trama, algumas semanas se passaram desde que Meg resgatou seu pai - mas a ameaça da sombra misteriosa ainda paira sobre a Terra e sobre todas as galáxias. Quando Charles Wallace começa a enfraquecer por uma doença misteriosa, cabe a Meg, Calvin e algumas novas figuras desvendar o que quer que esteja deteriorando a saúde do garotinho - salvá-lo significa salvar o mundo todo.
Mais uma vez, Madeleine conseguiu conduzir uma história peculiar, divertida e fácil; os personagens são colocados em cenários fora do comum e confrontam explicações e termos bizarros conforme avançam na jornada de descobrimentos. Eu considero parte da experiência acompanhar toda a perdição da Meg em relação a esses infinitos universos; achei um pouco chato, em determinado momento do livro, o quanto nada fazia sentido e o quanto as figuras místicas queriam manter o mistério sobre a protagonista, para que ela chegasse até a resposta (como em toda típica narrativa fantástica), mas as peças se encaixam com o tempo, e rola aquele clique dentro do seu cérebro assim que as respostas destravam para a personagem.
"- Não é só em galáxias distantes que acontecem coisas estranhas e ilógicas."
Meg está bem melhor do que no primeiro volume; ainda não é a rainha da simpatia, mas tem mais empatia e mais momentos de maturidade do que os pitis birrentos de antes. Ela realmente evoluiu com a aventura vivida em Uma Dobra no Tempo, e este livro serve para contemplarmos o que ainda existe para crescer.
Charles Wallace aparece pouco, mas serve como o incentivo para toda a missão principal. Enfraquecido, mas determinado, ele continua o garotinho genial e sensível que gosta tanto de entender o mundo e suas peculiaridades; e o modo como o mundo reage a ele, tratando-o como inferior exatamente por ser diferente, dá espaço para uma parte da crítica da narrativa.
"- Nem sempre é dos grandes ou dos importantes que depende o equilíbrio do universo."
Calvin ficou um pouco apagado aqui, servindo mais como âncora para Meg do que tendo um arco dele, de fato. Não é ruim, mas espero ver mais do personagem individualmente no próximo volume.
Figuras inéditas são introduzidas ao contexto principal da trama, e servem tanto como guardiões da Meg e do Calvin quanto guias - e até mesmo personagens que precisam aprender. Eles também fazem parte do desenvolvimento. Também estão ali para resolver os mistérios.
"- Tendemos a pensar que coisas são novas porque acabamos de descobrir que existem."
Progo e o Professor são essenciais para Meg e Calvin e para o entendimento da missão como um todo. Eles representam figuras bíblicas bem óbvias e estão ali pelos questionamentos, mas principalmente para o teste de fé, de perdão e de amor.
Eu gosto bastante de como a Madeleine insere religião e ciência num mesmo âmbito, e como consegue fazer com que funcionem tão bem. É inovador e extremamente perspicaz que ela use termos científicos tão grandiosos para, logo em seguida, abrir um diálogo sobre o poder da família e do amor e do perdão, ainda mais quando consideramos que esses dois temas não andam bem de mãos dadas.
A edição da Harper Collins é essa coisa linda, tal como as outras da série. Eu amo tudo a respeito da diagramação e da capa e de como eles trataram a reedição com tanto amor e cuidado.
Um Vento à Porta é uma sequência mais do que satisfatória para os eventos iniciados em Uma Dobra no Tempo. Vai deixar os fãs satisfeitos e pedindo por mais.
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