spoiler visualizarLeo Biasotto 20/02/2023
Tem pó em todo lugar (espirro!)...
A Bússola de Ouro é um livro que promete. Seja por ser uma fantasia aclamada pela crítica, seja pela sua última adaptação produzida pela HBO ou pelas novas capas lindíssimas. O fato é que Pullman consegue contar uma história aparentemente infantil mas que traz consigo elementos pesados e de cunho filosófico e metafísico.
Acompanhamos a criança Lyra e seus pensamentos ao longo de quase toda a narrativa, e vimos o mundo como ela vê: enorme, desconhecido e empolgante. Muitos diálogos são simplistas e batidos, mas outros trazem consigo uma carga que pode passar despercebido a alguém mais jovem, à primeira leitura. Isso fica claro nas discussões sobre o porquê dos daemons (uma criação perspicaz do autor) não serem mutáveis pra sempre - tal qual seus próprios donos - ou sobre como, ao tentar fugir de suas essências, os ursos vêem sua derrocada.
Mais do que pela narrativa frenética, sem barriga, com suas cenas de ação empolgantes, A Bússola de Ouro me conquistou pelo que o autor deixa implícito nas entrelinhas. Consegue, com bastante coerência, misturar elementos religiosos e científicos ao criar seu mundo com suas regras próprias, o que pra mim é o que define se um livro de fantasia é bom ou não. Com excessão do final, especialmente o último capítulo, corrido e bagunçado, Pullman agrada e conquista o leitor.