Resenhas - A Bússola de Ouro

Jorge 27/09/2009

Impressões sobre "Fronteiras do Universo"
Resolvi fazer uma análise um pouco impressionista de "Fronteiras do Universo" de Philip Pullman. Trata-se apenas de uma pequena ponderação de elementos positivos e negativos com que me deparei durante a leitura.

Pelo lado positivo, o primeiro ponto que me chamou a atenção foi a maestria com que o autor desenvolveu o enredo. Às vezes, quando a história adquire um bom ritmo, é até difícil parar de ler. Essa, sem dúvida, é a marca do bom escritor. Quando o livro tem essa qualidade, muitos de seus defeitos podem ser perdoados. Mas o que exatamente prende minha atenção como leitor? Acho que é a combinação entre um encadeamento de eventos inteligente e um pouco imprevisível (que me leve sempre a perguntar "O que vem a seguir?") com personagens que despertem meu interesse. Em Fronteiras do Universo, os personagens são muito bem construídos, a começar pela protagonista, cuja personalidade é complexa e cativante. A Senhora Coulter também é uma personagem excepcional. No que tange aos personagens, o autor foge muito bem do maniqueísmo.

No decorrer dos três livros, há momentos líricos e de uma beleza ímpar. Isso se deve principalmente à forma muito apropriada com que o autor desenvolveu seus mundos paralelos. Assim, mesmo sendo uma obra que poderia ser rotulada como "low fantasy", o autor consegue criar uma sensação de Maravilhoso que é a marca registrada do gênero Fantasia. E após a longa jornada por universos paralelos e pelo além, o leitor se depara com um final particularmente impactante, apesar de não ser muito surpreendente. Já li críticas sobre o final escolhido pelo autor com base no fato de que não é muito plausível. Não é mesmo. Por outro lado, sou forçado a concordar com Pullman quando afirmou que a história não teria nem um décimo da sua força se o final fosse diferente.

O pior defeito do livro, na minha opinião, é o aspecto propagandístico. O autor exagerou um pouco em sua defesa do ateísmo e em sua crítica ao cristianismo. O livro se parece com Narnia, que também exagera, só que no sentido oposto. A vontade de defender certo ponto de vista está muito presente no livro, mas eu, como leitor, não quero ser doutrinado. O livro seria melhor se abrisse espaço para ambigüidades. Se o autor escapa bem do maniqueísmo quando desenvolve seus personagens, mergulha neste problema ao defender uma tese sem hesitações. Em Fronteiras do Universo, a religião é uma coisa ruim, sem aspectos redentores. É uma ferramenta de opressão conduzida por seres mal-intensionados. Para muitas pessoas religiosas essa abordagem deve ser bem irritante, mesmo porque não corresponde à verdade dos fatos. A religião, como tudo na vida, tem pontos positivos e negativos.

Outro problema são as falhas no enredo. Por exemplo, a mudança da Senhora Coulter me pareceu brusca demais e pouco convincente. Também não me convenceu a súbita disposição dos fantasmas de serem "desintegrados". Dá para aceitar que alguns deles quisessem. Mas "a vontade de existir" é algo muito fundamental para a maioria das pessoas, algo de que é difícil abrir mão sem um motivo muito forte. Existem muitas outras falhas semelhantes ao longo do livro.

Pesando os prós e o contras, Fronteiras do Universo é uma leitura que vale a pena para quem é fã do gênero e não se incomoda em ler uma obra que defende claramente (e sem ambigüidades) determinado ponto de vista.

Yuri Ikeda 08/09/2017

Sobre a nova edição da Suma
Infelizmente parece que a editora deu com uma mão e tirou com a outra. Se por um lado ela fez essas belíssimas capas, por outro ela não incluiu as interessantes ilustrações, feitas pelo próprio Pullman, que abriam cada capítulo nas edições anteriores.

Não tive tempo de analisar o texto quando folheei essa edição na livraria, mas uma coisa boa que vi é que voltaram para a grafia "daemon", sendo que aquela terrível edição com a capa do filme, e por causa deste, tinha mudado injustificavelmente para "dimon", como é na versão brasileira do filme. Só por isso o saldo desta edição nova provavelmente é positivo.

Marcus 26/04/2023

"Para ser uma mentirosa experiente não é preciso ter grande imaginação, muitos mentirosos não têm imaginação, é isso que faz com que suas mentiras sejam convincentes."
No livro acompanhamos Lyra em um mundo que parece muito com o nosso exceto por alguns detalhes como, por exemplo, todas as pessoas são conectadas com seres que possuem a forma de algum animal (os chamados daemons), são seres com quem as pessoas compartilham sentimentos, pensamentos, personalidade, duas partes de um só ou, como diria Fábio Júnior, as metades da laranja. A protagonista não conhece os seus pais e sua vida de traquinagens (palavra digna da sessão da tarde junto com supimpa, tiras e cocô) muda quando ela pega em suas mão um objeto raro, a Bússola de Ouro. Tentei fazer um apanhado básico aqui sem dar muito spoiler kkkkkk
O livro é excelente, sempre tive vontade de ler por causa do filme e foi um dos primeiros livros que marquei como "Quero Ler" aqui no skoob e finalmente decidi criar vergonha na cara e entrar nessa nova trilogia, poxa, que livro incrível, se mostrou mais profundo do que eu imaginava e bem revoltante diga-se de passagem, em várias passagens eu tive vontade de entrar no livro e estapear alguns adultos 🤬 #$%!& de lá, é isso, vale muito a pena ler.

Bella 03/01/2009

Achei massante, mas quando vi o filme, percebi que dá pra ficar pior.

Kahh 04/08/2020

Que universo incrível!!!
Sempre tive receio de começar a ler bússola de ouro, por conta do filme e da série, medo de não me animar, mas esse universo é único, muito bem explorado e escrito, deixando aquela vontade de conhecer e se aprofundar mais.
Tem muita coisa que mudaram no filme e na serie, por isso vale muito a leitura, o final desse livre é incrível.
Estou super ansiosa pela continuação, onde veremos Lyra explorar outro mundo, e descobrir mais sobre o pó, alem da profecia, que a cerca, podendo levar a destruição ou a salvação dos mundos!!!

Me perdi na leitura 16/05/2021

Que criança é a Lyra
Eu já assisti o filme e estava um pouco receosa com livro, mas eu amei demais, me lembrei de várias partes do filme durante a leitura e esse final, socorro, vontade de começar o segundo volume agora mesmo!

Juan 01/12/2022

Uma das melhores obras de fantasia e ficção científica!
Atenção, o texto a seguir é repleto de elogios acerca de uma das melhores obras de fantasia já criadas!! Sem spoilers!!

Bom, essa obra faz parte de uma saga de livros chamada ?Fronteiras do Universo" sendo três livros ao todo, esse é o primeiro deles. Eu comprei esse livro já faz um bom tempo e estava enrolando para começar a ler, mas a ideia do fórum livre me deu o ânimo que me faltava. E porque eu comprei esse livro? pelo simples fato de que eu amo as adaptações dele, tanto o filme, quanto a série. O filme se chama ?A Bússola de Ouro? e é de 2007, já passou diversas vezes na tv, e eu lembro que quando eu era mais novo eu achava incrível (ainda acho na verdade), tanto que eu queria morar nesse universo, já a série, eu descobri ela bem no começo desse ano, e eu basicamente maratonei e terminei as duas temporadas dela em 2 dias, e sério, virou a minha série preferida, é muito, muito boa mesmo, eu super recomendo se você gosta de fantasia, aventura, suspense e ficção científica, se chama ?His Dark Materials? ela é bem recente, de 2019, e é da HBO, inclusive vai lançar a terceira temporada agora em dezembro, que é a adaptação do terceiro e último livro da saga.

Ok, depois dessa introdução, acho que vocês já imaginam o que vem a seguir, eu surtando de alegria relembrando de toda essa história.

Bem, logo no começo do livro, somos apresentados a nossa protagonista Lyra Belacqua, uma garota encrenqueira de 11 anos, que mora em uma faculdade, sendo criada por catedráticos e funcionários da faculdade, ela tem um melhor amigo chamado Roger, um ajudante de cozinha. Por mais que ela sempre arranjasse bagunça, e levasse bronca dos adultos, ela levava uma vida muito boa, até que um dia seu melhor amigo some, e com o objetivo de encontrar ele, ela sai em uma viagem bem perigosa, e acaba descobrindo que estão sequestrando crianças e as levando para algum lugar, mas o que eles querem com tantas crianças? qual o seu objetivo? quem está por trás disso? por que crianças? Então, eu não vou responder nenhuma dessas perguntas, pois se tem uma coisa que deixa a leitura mais prazerosa ainda, são os plots e os mistérios que você vai descobrir ao longo do livro, sério gente, são muitos, e todos se encaixam e fazem a história fazer mais sentido, e nossa cabeça começa a explodir com as informações "porque disso? minha nossa? Como eu não pensei nisso antes?"

Daqui em diante essa resenha vai consistir em eu tentando convencer você a ler esse livro!

Primeiro que a forma de escrita do autor é muito leve, por mais que às vezes tenhamos palavras mais rebuscadas pelo fato de alguns personagens serem estudiosos, é algo muito sutil e de fácil compreensão, é uma leitura que prende, quando você vai ver já terminou o capítulo.
Os cenários, gente sério, isso eu vou até querer comparar com a série, como eu falei antes, a história começa com a protagonista na faculdade onde ela foi criada, e daí em diante ela segue viagem por muitos lugares, atrás do seu amigo, e gente, a forma como é descrito os cenários, dando atenção ao pequenos detalhes, tudo tão bem pensando, é tão bem feito que você imagina o lugar, você se vê de frente para tantas paisagens bonitas ou estranhas, e sim tem muitas, e se você for ver a série, os cenários são exatamente iguais, todos aqueles detalhes, a beleza, tudo, toma vida e isso é incrível, juro, eu fiquei chocado.

O desenvolvimento das personagens é outro fator impecável no livro, os personagens são muito humanos, ou seja, não são perfeitos, eles tomam atitudes que fazem total sentido com o contexto em que eles vivem e com as suas idades, a Lyra, por exemplo, ela age de acordo com uma garota de 11 anos, por mais que ela tenha sido instruída e educada por pessoas ?cultas? por assim dizer, ela faz muita besteira, e isso não é algo ruim, principalmente quando a gente vê o amadurecimento dela, principalmente no decorrer do livro, ela começa a ter que tomar decisões muito importantes, que antes ela nem pensava que um dia ia se preocupar, chega até um ponto que ela diz que não aguenta mais ser tão responsável, e que só queria voltar a brincar nos telhados da faculdade. Os adultos por sua vez, agem de acordo com os seus interesses, todos têm motivações diferentes, e são capazes de tudo para conseguir o que querem, e sim, esteja ciente disso, eles são capazes de absolutamente qualquer coisa mesmo, chega a dar medo.

Outro fator muito importante: O apego aos personagens, sério, eu digo com tranquilidade que é um mais perfeito, carismático e único que o outro, não tem como não se encantar, e por mais que seja perigoso se apegar a personagens, e muito bom também, afinal, quem não quer torcer para que dê tudo certo para o seu personagem favorito? O lado ruim é quando as lágrimas caem, e isso infelizmente acontece alguma vezes nesse livro.

Os protagonistas e os vilões: É muito interessante ver a relação entre todos esses polos, de mocinhos e vilões, porque se você parar para pensar, todos têm motivações um tanto quanto racionais, que fazem muito sentido, não estou passando pano, acho que você vai conseguir diferenciar o certo do errado nesse livro (eu espero) mas o legal é também entender o que leva o outro lado a isso sabe? por mais que muitas das respostas só são dadas só no segundo livro (que eu sei todas pois assisti a série)o livro faz questão de caminhar junto de você, de forma que você consiga entender o rumo que a história está tomando.

Ok, eu já falei dos personagens serem todos incríveis, mas essa ainda não é melhor parte, é uma história fantasiosa, ou seja, estamos falando de almas separadas do corpo, na forma de um animal, ursos enormes de armadura que falam e agem racionalmente, tártaros, feiticeiras, clãs, itens mágicos, mundos paralelos, são muitas as coisas pelas quais você vai se encantar e ficar curioso ao ler esse livro, e se tem uma coisa que eu posso garantir, é que fica cada vez melhor.

Uma dessas coisas que eu quero muito destacar, acho que é até a principal, são os daemons, basicamente, toda pessoa tem um daemon, eles são a personificação da alma da pessoa, literalmente todo mundo tem um, e ninguém é capaz de viver sem um, afinal é sua alma, tanto que se um daemon morre o dono morre, e vice versa, e a ligação entre os dois é muito, muito forte, afinal, é literalmente sua alma, e isso é algo muito importante para a história, é muito legal as diferentes formas como isso é abordado na trama.

Outro fator muito interessante são as críticas sociais, principalmente em relação ao governo nesse universo, que basicamente é comandado pela igreja, e por mais que sejam extremamente conservadores, eles também são muito corruptos, e é muito interessante ver isso se entrelaçando com o enredo do livro.

Por fim, só queria dizer que existem pouquíssimas diferenças do livro para série, é com certeza uma das melhores adaptações de livro que eu já assisti, então eu super recomendo que você leia o livro, e se gostar assista a série, ou contrário.

E é isso pessoal, esse foi eu tentando convencer vocês a lerem, agora eu deixo um quadro que eu fiz da Lyra em cima do Yorick Byrnison (um urso de armadura) e os 3 livros da saga ao lado, que eu comprei depois de de surtar de alegria ao terminar de ler o primeiro livro.

https://drive.google.com/drive/folders/1YxQpEwTgBpOFLTQQdB2_7hJ6Vp4XFrBw?usp=sharing

AmandaBortolotti 02/04/2021

A Bússola de ouro
Dei 5 estrelas para o livro porque além dele ser muito bom, ainda me surpreendeu!

Eu imaginei que serei uma leitura muita mais infantil e não é! A narração dos livros nos faz entender os pensamentos e sentimentos da protagonista como a criança que é. Contudo, a leitura trata de temas importantes de maneira leve mas nada infantilizada.

Lyra é uma menina que mora na Faculdade Jordan e foi criada pelos catedráticos e criados do lugar. Para a pequena, aquele lugar é seu pequeno reinado e ela se mete em várias confusões condizentes com sua idade.

Tudo muda em uma das raras visitas do tio Lorde Asriel a universidade e com o desaparecimento de algumas crianças da cidade. Lyra e seu dimon Pan, embarcam em uma aventura rumo ao norte e a verdadeira identidade da menina.

A protagonista é corajosa, forte e extremamente inteligente! Ela torna a leitura interessante e instigante. Não há como não amar Lira Belacqua e seu dimon Pantalaimon.

Erick.Rennan 30/08/2021

Multiverso para crianças
O cara meteu essa, fez uma história de multiverso pra infanto juvenil Hahaha. Bom, eu gostei bastante.

A história é bem boa, tem vários elementos diferentes e muito interessante. Fala de bastante coisa q geralmente é bem complexo de se explicar, mas como é bem superficial fica legal.

Um livro pra se ler rápido. A história é bem frenética, afinal, se uma criança de 11 anos vai salvar a [*****] do universo (1 deles pelo menos), não tem como não ser interessante.

Só não tira nota 10 pois tem muito resquício da "jornada do herói". Sei lá, incomoda um pouco quando o autor coloca descaradamente assim kkk.

Erika 18/04/2020

Nada infantil
A Bússola de Ouro é o primeiro livro da Trilogia Fronteiras do Universo. A história inicia quando Lyra Belacqua, uma garota órfã de 10 anos que vive em uma universidade em Oxford, presencia uma conversa entre adultos que teoricamente não deveria presenciar. A partir daí, muitas aventuras acontecem, junto a pessoas de várias tribos, ursos, feiticeiras e outros seres estranhos. Uma turminha do barulho.

O ambiente apresentado é bem fantasioso, e pelos fatos de ser protagonizado por uma criança e trazer muitos bichinhos fofinhos, pensei que se tratava de uma história infantil, mas o livro aborda temas bem sombrios.

Os bichos fofinhos são os daemons, que representam a alma da pessoa fora do corpo. Humano e bichinho são ligados entre si de tal forma que se o bicho é agredido, o humano sente dor, se o humano bate as botas, o bicho também parte. Meu, o quanto isso é bizarro! A alma fora do corpo, totalmente exposta?

O foco principal é a possibilidade de existência de outros mundos paralelos ao nosso, e o acesso a um deles é explicado da forma mais bonita e triste, tudo junto. Eu me emocionei, sofri, mas queria ver.

No ambiente de Fronteiras do Universo, o Estado é governado por uma teocracia. Tudo é controlado pela igreja, inclusive experiências medonhas com crianças. Também rola uma interpretação de uma passagem da Bíblia que deve ter deixado os regiliosos ortodoxos de cabelo em pé.

Logo, não é uma história infantil! Tanto que a saga (His Dark Materials, em português Seus Materiais Obscuros) é inspirada em Paraíso Perdido, de Milton, uma epopéia que narra umas paradas que o tinhoso aprontou por aqui. Lerei um dia, mas não hoje porque ainda não me sinto preparada para isso não.

Resumindo minha experiência, amei! Apesar dos temas pesadões, o autor mostra a Lyra como uma criança normal mesmo. Não uma criança superdotada, mas uma garota questionadora, porém, com os seus muitos medos. Uma criança de verdade, sabe? Tudo está no ritmo certo, não ficou nada de fora, e foi explicado de maneira aceitável. Já comprei os outros livros da série, e eles vão cortar a minha fila de leitura com certeza.

rxvenants 25/03/2021

ABSURDO
ESTE LIVRO É UM ABSURDO.

Poucos livros novos (esse foi lançado em 95!) como esse me dão essa sensação de serem clássicos épicos. Não teve um momento depois dos 25% do livro que eu não conseguisse pensar como ele é grandioso num nível de Nárnia.

O que é irônico, considerando que A Bússola de Ouro é o completo oposto do livro de Lewis. Enquanto esse critica o Cristianismo, Nárnia exalta a religião em todos os poros do universo do livro.

A escrita de Pullman é FANTÁSTICA.
O desenvolvimento de personagens é tão incrível que eu cheguei a me sentir como parte da alma de Lyra mesmo. Tudo que ela sentia eu acabava sentindo com ela.

Eu fiquei maluca quando percebi como eu fiquei tão (se não MAIS) ultrajada quanto a Lyra quando ela finalmente reencontra Asriel e ele é um otário.
A gente fica o livro todo nessa sensação que ele vai ser incrível pois é a forma que a Lyra acreditava que seria, mas desde o começo vimos como ele era um merda e simplesmente esquecemos pois a Lyra tinha uma esperança diferente.
Foi muito doido perceber como eu estava tão entretida na leitura que realmente levei um soco no estômago pelas minhas expectativas de ele virar do nada um pai legal.

A Lyra é tão carismática que é difícil não seguir os mesmos princípios que os dela.
Eu amo que ela é uma criança inteligente e aventureira PRA CARAMBA.

Além disso, todos os personagens tem um brilho próprio e me apeguei a todos e amo odiar alguns deles.
Os conflitos que eles causam na gente e o amor também... eu sofro.

O final com os pais da Lyra!!!! O QUE FOI AQUILO????
De novo, é aquela coisa de se apegar à Lyra e ver as coisas pela perspectiva dela.
A gente passa o livro todo tendo essa ideia de que eles se odeiam, mas só porque é o que os outros personagens nos falaram. A Lyra, antes desse momento, nunca tinha visto de fato os pais juntos.
No final, eles têm essa dinâmica de amor ambicioso que eu certamente não esperava, mas faz todo o sentido do mundo.

Além do desenvolvimento dos personagens, a descrição dos lugares e os diálogo são incríveis também. Tudo tem essa aura de clássico de fantasia.

Tudo acontece bem rápido (o que eu até considerei como um problema até uns 35%, quando a Lyra é resgatada pelos gípcios), mas agora percebo que se fosse um pouco mais lento, eu não teria gostado tanto.

O livro te deixa em espectativa constante, principalmente por muitos personagens falarem da importância da Lyra. Você sempre fica esperando pela próxima grande coisa que ela vai fazer e como isso se encaixa no destino que foi escrito para ela.
Fiquei presa o tempo todo que li.

Sem falar também que o universo é PERFEITO.
Toda a história com os daemons, as descrições dos animais, seus contatos com os humanos... eu fiquei encantadíssima.
Muito interessante ver como os daemons se comunicam entre eles e como essas dinâmicas mudam dependendo das relações entre os humanos (a cena entre os daemons da Coulter e do Asriel!!!!).
Também fiquei super curiosa sobre o papel do aletiômetro e seu funcionamento.

Eu também não conseguia parar de pensar em como eu queria VER isso.
Fiquei muito animada pra ver a série pois o livro tem uma linguagem perfeita pra audiovisual.
Não lembro de ler algum outro livro e ter pensado a mesma coisa.
Eu sei lá, só combina muito com filmes e TV.

Além disso, a história de mundos diferentes, o Pó, a clara crítica às inquisições do catolicismo e a abordagem de religiões/culturas diferentes pelas perspectivas dos gípcios e das feiticeiras... tudo muito bem colocado no texto. Pullman realmente fez algo incrível nesse livro.

Eu com certeza tenho mais a dizer, mas é tanta coisa que passa pela minha cabeça, que sinto que preciso digerir antes de falar mais.

Ouço de todo mundo que os livros só vão melhorando e espero que assim seja. Estou super curiosa pra ver onde tudo isso vai dar e se chegaremos a ver a Lyra crescendo, o daemon da Lyra assumindo uma forma ou se para sempre ele ficará mudando, mesmo quando adulta.

No mais, é isto. Vou digerir tudo e começar o segundo.

Leiam se puderem, é realmente uma das melhores fantasias por aí.

Lucas José 16/01/2019

A bússola de ouro
A Bússola de Ouro é o primeiro livro da trilogia de literatura fantástica Fronteiras do Universo, do inglês Philip Pullman. A obra é voltada para o público infanto-juvenil, entretanto, perpassa por temáticas que podem escapar da percepção dos mais novos, possuindo um apelo ao leitor adulto.

O autor bebe da fonte de grandes escritores da língua inglesa, como John Milton e William Blake, valendo-se do imaginário sedimentado por esses escritores ao tocar em questões da mitologia cristã, que é abordada aqui de maneira polêmica e corajosa (levando em consideração o público-alvo), com um olhar crítico sobre as instituições que a impõem como verdade absoluta.

Acompanhamos a jovem Lyra, 12 anos, que vive em um mundo parecido com o nosso, porém diferente em vários quesitos. Nele, cada pessoa possui um daemon, um animal que é a manifestação da sua alma. Lyra perdeu os pais ainda muito nova e foi levada pelo seu tio, Lorde Asriel, para a Universidade de Jordan, em Oxford, onde foi criada e educada pela comunidade acadêmica. A sociedade do mundo de Lyra é controlada pela Igreja, conhecida como Magisterium, que impede avanços científicos perturbadores de sua ordem, principalmente aqueles relacionados à descoberta de mundos paralelos e à partícula elementar denominada Pó, que, para a instituição, está associada ao pecado original e à origem do mal.

O enredo segue alguns arquétipos das séries de fantasia infanto-juvenis. Assim, Lyra é uma heroína que passa por uma jornada de conhecimento e aventura ditada por uma profecia. Tudo se inicia quando algumas crianças começam a ser sequestradas pelos arredores da universidade e a protagonista se envolve no resgate delas. À medida que a estória se desenvolve, descobrimos que o rapto das crianças está associado a um projeto do Magisterium, o qual tenta evitar a influência do Pó sobre elas.

A força da obra está na base propulsora de todo o enredo, que é a abordagem teológica e filosófica feita pelo autor. Pullman ressignifica certas figuras da mitologia cristã de modo a desvelar algumas incoerências que estruturam o poder da religião e da Igreja. Ao fazer isso, constitui a sua obra como um discurso paródico, que dessacraliza o texto bíblico, monológico e autoritário, e permite novas perspectivas, dialógicas e inacabadas, sobre aquilo que é proibido e negado pelo texto primeiro e pelas instituições que nele se baseiam. Nesse diálogo com a mitologia cristã traçado pelo autor, entram também as vozes de outros grandes escritores, como John Milton, William Blake e Emily Dickinson.

Como primeiro livro da série, A Bússola de Ouro cumpre bem o seu papel de introdução a esse novo universo, entretanto, peca com algumas facilitações narrativas e com uma velocidade rápida que pode aparentar uma falta de profundidade para alguns leitores. Esses pequenos defeitos podem ser irrelevados se considerarmos o público-alvo e a força da estória, que só se potencializa nos volumes seguintes da trilogia, penetrando ainda mais a fundo nas discussões teológicas e filosóficas.

Fica a dica não só desse livro, mas de toda a trilogia fantástica que, embora tenha como alvo o segmento infanto-juvenil, possui um conteúdo substancioso para o leitor adulto.

Rony 08/05/2020

Fronteiras da imaginação
20 EM 2020
Livro #7 - Primeiro de uma saga

Devo admitir que existem certas séries/sagas literárias que só permanecem na minha estante do Skoob até o momento porque elas estão lá desde o início - desde 2009!!! -, e eu sinto que estaria traindo o meu eu pré-adolescente se as excluísse sem ao menos dar uma chance. E agora, tendo finalizado minha leitura de A Bússola de Ouro, só consigo me arrepender de não ter lido antes. Não porque não funcione mais pra mim; eu estou totalmente fisgado e ansioso para saber o que acontece a seguir. Mas é que é um livro tão perfeito pra ser lido na idade da protagonista. Ele é narrado de forma tão envolvente, com diálogos permeando os capítulos tornando a leitura mais dinâmica, sem ficar excessivamente descritivo como seria tão fácil de acontecer com um livro desses.
E eu amo como o autor sabe moderar bem as doses de informação. Ele vai jogando diversas nomenclaturas que são naturais às personagens daquele universo, mas que são novidades aos leitores, sem jamais ficar confuso. E ele também sabe como distribuir os mistérios, não demorando muito para revelar os pais de Lyra ou quem é responsável por capturar as crianças, elementos que outro autor poderia ter usado como a grande virada da história (o que a teria deixado um tanto quanto datada).
Há sempre uma nova informação ou missão para nos deixar investidos na história e mantê-la sempre fresca.

Além do domínio narrativo, Pullman possui uma imaginação larga, o que me deixa com ótimas expectativas para os outros dois livros da trilogia. Curioso como que, ao chegar ao fim do primeiro, eu senti que ele foi na verdade uma grande introdução à uma história maior, mas sem invalidar a si mesmo enquanto jornada individual, o que, novamente, pontos para o autor.

É claro que a cereja do bolo é que essa história criativa e bem contada seja ainda por cima uma baita de uma analogia aos mecanismos utilizados por instituições religiosas para ceifar o espírito inquisitivo do indivíduo com o intuito de angariar seguidores. E, graças à habilidosa escrita de Pullman, este aspecto "indivíduo versus instituição soberana", tão recorrente em obras de fantasia infanto-juvenis, não soa vazio. Pelo contrário.

Eu não estou apenas com vontade de terminar a trilogia; Philip Pullman conseguiu a proeza de me deixar com vontade de parar tudo e mergulhar em todas as sagas que povoam minha estante do Skoob desde que criei meu perfil.

Tha Bertozzo 03/02/2023

Imersão na fantasia
No universo de Pullman, todos os seres humanos possuem dimons, animais polimorficos que representam a alma humana fora do corpo. Neste contexto temos Lyra, uma menina esperta que se aventura nos interiores da Universidade de Oxford. Tudo muda quando misteriosamente as crianças começam a desaparecer, e, entre elas, seu melhor amigo Roger. Lyra então embarca numa sequência de aventuras e perigos para salvar o amigo, enquanto descobre inúmeros mistérios que cercam o céu e a Terra, e que envolvem diversos outros universos. O desenrolar do livro é espetacular, Philip Pullman consegue misturar tópicos contemporâneos sobre religião e deveres com a mais pura fantasia. Ansiosa pelos outros volumes.