Cabine de Leitura 15/01/2019
Apesar de ver muitos e-book grátis no Amazon, não é sempre que baixo algum que valha a pena o tempo gasto com a leitura e nestes casos eu não hesito em excluir o livro, pois eu não sou obrigada!
A outra, foi um e-book que me conquistou por sua despretensão e pela sensação nostálgica que senti durante a leitura. A premissa dele é A Usurpadora escrita, sem tirar nem por.
Pra quem não sabe, A Usurpadora foi uma telenovela mexicana, de grande sucesso aqui no Brasil, reprisada inúmeras vezes pelo SBT e eu assisti todas, pois eu amo Paola Bracho (Gabriela Spanic) e Carlos Daniel (Fernando Colunga).
Mas chega de falar da novela e vamos ao livro, que é quase a mesma coisa rsrs.
A sinopse, como de costume, vem revelando grande parte da trama, agora fazendo um resumo do resumo fica assim:
Melissa Blake, é uma escritora famosa, que morre de medo da fama e tem aqueles sonhos que nossa vó teve, de ter uma casinha no mato, com um bom marido e uns filhos pra criar. Ela viveu com a mãe, quase uma hippie, que diz ter sido abandonada pelo marido e ponto.
Melanie Martin, mora em uma casinha com um bom marido e seus filhos, mas sonha com uma vida na cidade grande, de preferencia livre, leve e solta. Ela foi criada pelo pai, um antiquado policial que sofre vendo a falta de responsabilidade da filha.
Uma não sabe da existência da outra, mas quando descobrem que são irmãs gêmeas não tardam a se conhecer e ver o quão a vida da outra é perfeita. Nessa parte para quem assistiu a novela é de se virar os olhos, pois tudo é muito previsível e tedioso, com uns diálogos forçado entre as irmãs. Mas é quando finalmente elas trocarão de lugar que o livro despertou todas as minhas emoções.
Foi aquela semelhança que nos fez trocar de lugar. Uma querendo a vida da outra. Enganar a todos com nosso egoísmo.
No geral o livro vai acompanhar a rotina de Melissa no lugar da Melanie, tentando conquistar os sobrinhos/filhos e o perdão do cunhado/marido, uma vez que a cada página que se passa vamos descobrindo como Melanie é manipuladora, uma mãe desnaturada, uma esposa infiel e todos a sua volta não suportam sua postura diante da vida que leva.
Eu estava ali somente como uma substituta. Esperando a verdadeira Melanie retornar. Eu deveria apenas representar um papel. Não deveria entrar nele como se fosse meu por direito.
Confesso que o meu santo não bateu com Melanie desde o começo, ela soa inveja e presunção, mas depois que fui conhecendo sua família e descobrindo suas atitudes eu passei a odiá-la, ela é desprezível como mãe e extremamente egoísta. Em contra partida temos Connor Carter, o esposo. Gente, que homem, é o sonho de toda mulher. Um pai exemplar, marido prestativo e muito gato.
Tudo o que mais queria na vida era sair daquele lugar sufocante. Sonhei a vida inteira com isso, mas estava grávida e quando papai descobriu praticamente exigiu que Connor se casasse comigo.
A construção dos personagens é muito bem feita, vejo isso nas crianças que compõe a família Carter. Tudo é condizente com suas idades e com os traumas que cada uma carrega com relação a mãe relapsia que possuem. São três crianças que assiste a tempos o pai dormir no sofá e a mãe fazendo sabe lá Deus o que e onde.
Os personagens secundários também merecem destaque. Temos cunhada que não pode ter filhos vivendo em conflitos psicológicos. melhor amiga para retratar o ditado "diga com quem tu andas e eu direi quem tu és" e temos ex louca para o circo pegar fogo para ela reconquistar o príncipe. Não falta nada.
Falando em cunhada, Natalie é uma mulher prepotente, que se acha no direito em mandar nos filhos e na casa dos outros, porém isso tudo é o que Melanie nos faz acreditar e que passamos a ver dessa maneira, por influência. Com o decorrer da história vamos aprendendo a ver ela com outros olhos, tendo empatia por sua situação e compreendendo algumas de suas atitudes. Gostei muito como a autora trabalhou o psicológico de cada um dos personagens.
Gosto de Natalie independente do fato de termos filhos ou não. Mas ela... ela não esquece e, pio, desenvolveu esta obsessão por seus filho.
Assim como a eterna Paola Bracho, Melanie teve muitos casos amorosos e mesmo casada não consegue se manter fiel, sempre culpando as atitudes do marido por sua falta de caráter.
A autora conseguiu ser bem discreta e muito sútil com as cenas hots da trama, então se espera algo mais quente não vai encontrar. Aqui essas pouquíssimas cenas são mais sensuais e carinhosas, algo bem parecido como quando vivemos nosso primeiro amor.
E o desfecho, parece com o da telenovela? Sim, sim. Como quase tudo no livro. Mas isso não faz da leitura ruim, pelo contrário. A autora me cativou com algo que já conheço, me prendeu em sua trama pela minha sede de emoções e isso o livro todo desperta que é uma beleza e mesmo prevendo tudo eu me deixei levar pela escrita ágil dela.
A Outra, é uma livro que eu recomendo, para quem quer passar o tempo, para quem quer curar de uma ressaca literária, recomendo para quem assistiu A Usurpadora e gostou, mas também para quem não viu, pois é uma trama que vale a pena e o melhor de tudo isso... foi grátis.
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