Lina DC 04/06/2018"Volta para casa" traz para os leitores o retorno de personagens icônicos do autor Harlan Coben. Em um caso um pouco mais pessoal do que os anteriores, Myron, Win, Esperanza, Big Cindy, Zorra e Mickey vão embarcar em uma investigação que trará o pior do ser humano à tona.
A história é narrada em primeira e em terceira pessoa, sendo que dessa vez, é Win quem traz o tom mais pessoal no enredo.
Tudo começa dez anos antes, quando Brooke, a prima de Win, deixa seu filho Rhys e Patrick, um amiguinho dele, ambos com seis anos de idade com a babá em casa. Algumas horas depois, a babá é encontrada amarrada e as crianças estão desaparecidas. Não há pedidos de resgate. Não há comunicação entre a família e os possíveis sequestradores.
Win não é o tipo de pessoa que demonstra afeto ou sentimentos, mas quando algo acontece com alguém que ele admira ou se importa, Win move montanhas. Brooke é uma dessas pessoas. De certa forma, ela é bem parecida com o primo, evita demonstrações de sentimentos, é determinada, tenaz e forte. Então, quando Win recebe um e-mail anônimo falando da possível localização dos garotos na Inglaterra, ele resolve investigar sem falar para ninguém.
Chegando em Londres, mais precisamente na King's Cross, Win descobre que o local indicado é um antro de prostituição e logo avista um garoto que poderia ser Patrick. Com um grupo de homens cercando o jovem, Win precisa intervir e em seguida liga para Myron, pedindo por ajuda.
Myron está levando uma vida tranquila com sua noiva Terese e mesmo sem ter tido notícias há quase um ano do melhor amigo, sabe que o Win não é de pedir ajuda e por isso, nem hesita em voar até Londres.
A dupla vai se envolver com pessoas nada amigáveis do mundo da prostituição e após 10 anos, eles irão conseguir as respostas que Brooke tanto precisa saber. Ao trazerem o suposto Patrick para os EUA, mais perguntas serão levantadas. O que aconteceu com ele nesses últimos 10 anos? Onde ele estava? E principalmente: onde está Rhys?
"Uma imagem foi surgindo na tela: uma cela com paredes de cimento e, no centro dela, Patrick. Hematomas nos olhos. Lábios inchados e sujos de sangue." (p. 53)
Eu não me canso de tecer elogios aos livros de Harlan Coben, pois suas obras são simplesmente fantásticas. A série do Myron Bolitar tem um lugar especial no meu coração.Os personagens são tudo menos comuns. É só ler as descrições sobre Zorra ou Big Cindy que vocês irão me entender. Os protagonistas são sarcásticos inclusive nos piores momentos possíveis. A dinâmica de Win e Myron é de um companheirismo ímpar, uma amizade que não é forjada em grandes atos ou em conversas melodramáticas. Aí incluímos nessa amizade a Esperanza, uma mulher forte e que também não se encaixa nos padrões "normais" da sociedade e temos um grupo maravilhoso reunido.
Os capítulos são curtos, a linguagem é simples e direta. O autor não faz descrições longas que se arrastam por páginas e páginas. Quando necessário, temos dois ou três parágrafos descrevendo algo ou alguém. E o melhor de tudo são os casos investigados. São histórias que no final sempre trazem uma reviravolta e surpreende o leitor.
Além do caso em si, vamos sendo atualizados sobre a vida pessoal desses personagens tão queridos. O que eu achei interessante é que o autor também trouxe Mickey, o sobrinho de Myron (que teve alguns livros próprios), assim como os pais de Myron. Esse ambiente familiar faz com que a conexão emocional que sentimos com Myron torne-se ainda maior. Ele fala das suas preocupações com o envelhecimento dos pais, o orgulho que tem do sobrinho e em alguns momentos é nostálgico, contando sobre sua infância e adolescência.
"Vestindo um pijama de flanela, Patrick abraçava os joelhos enquanto balançava o corpo para a frente e para trás. Com os olhos espremidos, ele tapava os ouvidos com as mãos, os headphones abandonados no chão diante de si." (p. 133)