Fernanda631 31/07/2023
Os Trabalhos de Hércules
Os Trabalhos de Hércules foi escrito por Agatha Christie.
Trata-se de um dos livros de contos da Dama do Crime, que traz casos do detetive Hercule Poirot. Intrigante e divertido!
Hercule Poirot já havia se aposentado da polícia belga, mas ainda continuava sua carreira como detetive. Ele estava pensando em se aposentar desta também, porém estava na dúvida de como fazer isso, quando uma grande ideia lhe ocorreu ao conversar com um amigo seu, o Dr. Burton, professor de Oxford.
Eles estavam discutindo sobre o primeiro nome de Poirot, Hercule, e o Dr. Burton desejava saber por que haviam escolhido um nome pagão para ele assim como para o seu irmão, Achille, ambos com origem na mitologia grega.
Ele começou a falar, então, de como acontecia de várias pessoas terem um nome que significava algo, porém elas não se assemelharem em nada com ele, chegando a claramente inferir que Poirot era muito diferente do herói da mitologia, principalmente no aspecto físico, o que deixou o detetive cada vez mais indignado.
Hércules, cuja força descomunal foi sua maior aliada para realizar doze trabalhos que lhe garantiram a imortalidade. Poirot está disposto a amenizar tamanha diferença, resolvendo assim encerrar sua carreira com doze casos que remetessem à odisseia mitológica de seu colega de nome, contudo usando sua inteligência e astucia descomunal.
Após terem continuado ainda a conversar sobre aquilo por certo tempo, o professor decidiu ir embora, porém deixando algo que não esperava atrás de si: uma Ideia. No final da conversa, ele havia feito menção aos 12 Trabalhos de Hércules, dando uma brilhante ideia ao detetive de como ele poderia concluir a sua carreira antes de se aposentar.
E assim ele começa com O Leão da Nemeia, em que dois sequestros misteriosos de cães da raça pequinesa são relatados, com relativamente grandes quantias de dinheiro sendo pedidas para o resgate. Um caso que aparentemente nada tinha de especial, mas que acabou por desvendar uma série de mais de 15 sequestros de pequineses, além de possivelmente ter impedido um assassinato.
Depois desse e de vários outros casos que se seguem, Poirot deverá enfrentar diversas aventuras e perigos, e, talvez, chegar até As Profundezas do Inferno para solucionar cada um deles.
É claro que nem todos foram fantásticos, mas dentre eles, vários se destacaram por serem curtos e conterem ainda assim uma grande revelação no final, tendo mais profundidade do que imaginado anteriormente. O único problema era que alguns acabavam rápido demais e, às vezes, tinham uma conclusão deveras resumida, ou um tanto confusas, por terem sido deixadas em aberto em alguns aspectos.
Todos eles se relacionam com cada um dos 12 trabalhos, e seguem uma linha de desenvolvimento semelhante à de cada trabalho. Em alguns casos, tais semelhanças foram bem visíveis, combinando perfeitamente com a história do mito, enquanto em outros parece que foram um pouco forçadas, e só se conectavam em pequenas partes.
No início, Poirot disse que esses casos seriam bem selecionados e ele só aceitaria aqueles que verdadeiramente lhe chamassem a atenção, e que tivessem alguma semelhança com os de Hércules. Porém, ao longo da narrativa, percebemos que nem todos foram realmente grandiosos como o detetive esperava, e na verdade, o que realmente chamava a atenção em cada um deles era o fato de serem justamente simples e, muitas vezes, um pouco peculiares.
Todos os casos foram protagonizados por Poirot, com exceção de alguns que contaram com a participação de outro detetive da região, ou algum ajudante de sua escolha. A maioria é resolvida rapidamente, e com destreza pelo genial detetive, e somente uns poucos demoraram mais de um mês, o que mal dá para se notar em vista de que cada conto contém, mais ou menos, 20 páginas.
Um ponto a se destacar são os cenários predominantes em cada conto e a região em que eles se passam, além dos vários assuntos tratados (desde política até desaparecimento de cães, casos de loucura e roubos de obras de arte), o que garante maior diversidade e variedade na obra, sem deixar que esta se torne muito cansativa.
Outra coisa que achei interessante foi que, durante o decorrer desses contos, pudemos conhecer um pouco mais sobre Hercule Poirot, o que raramente eu via em outros livros da autora, apesar de ter lido apenas uma pequena parcela deles. Considerei isso algo fascinante, pois ele é um personagem bem curioso e de uma personalidade singular, que foi pouco explorado nas outras obras dela.
Ele é um pouco mais orgulhoso e arrogante do que eu imaginava, porém não posso deixar de admitir que esse é um dos fatores que deixa toda a história mais divertida.
A linguagem utilizada é como a da maioria dos livros da Rainha do Crime, simples, direta, e levemente cômica em algumas partes, e a leitura se dá de forma fluida e agradável, podendo esse livro ser lido em pouco tempo e sem dificuldade alguma.