Fernanda631 23/01/2023
A Luz Que Perdemos
A Luz Que Perdemos foi escrito por Jill Santopolo e foi publicado em 2 de abril de 2018.
Em A Luz Que Perdemos somos apresentados à história de Lucy e Gabe, ambos se conhecem na faculdade em que estudavam em Nova Iorque, no dia do atentado terrorista ao World Trade Center, em setembro de 2001. A partir daí vamos acompanhando Lucy relembrando cada momento que ambos viveram nos anos seguintes, entendemos como o destino fez com que cada um seguisse por uma estrada diferente e como chegaram nos dias atuais, 17 anos depois daquele dia que ficou marcado na memória do mundo inteiro.
Com esse livro, me interessei pela sinopse e decidi embarcar nessa viagem pra Nova Iorque e conhecer um pouco mais de Lucy e Gabe e sua história de amor.
Esse é um romance que vai ganhando contornos dramáticos a cada nova página que viramos. É impossível não ler as lembranças de Lucy e não parar para refletir sobre a nossa própria vida e as decisões que tomamos para chegarmos aonde estamos hoje. E esse, sem dúvida alguma, foi o grande trunfo da autora para se conectar a nós, leitores. Toda a história foi escrita como se tivéssemos lendo um diário com as memórias de Lucy, conduzindo o leitor a algo que nem fazemos idéia do que pode ser.
O livro é narrado pela Lucy, em momentos que alternam o presente e o passado. Começamos exatamente no dia em que ela conhece o Gabe, em Nova York, na data de 11 de setembro de 2001, dia do atentado as torres gêmeas. Tudo que é contado para o leitor é através das memórias que Lucy decide compartilhar.
A perspectiva é sob o ponto de vista de Lucy, então só conhecemos a história sob a perspectiva dela, sem poder conhecer as motivações de Gabe, apesar de ser difícil culpar algum deles pelos erros. Mas até que ponto podemos considerar como erros quando se na verdade lidamos com a consequência das nossas próprias escolhas?
Gabe é filho de um pai ausente e abusivo, o que fez com que ele estreitasse os laços com a mãe, ainda mais quando o pai os abandonou. O que ele viveu na infância molda muito as escolhas que faz e respinga sobre os caminhos que o leva ao trabalho e o afastam de Lucy. Apesar da história ser contada pelo ponto de vista da Lucy, fica claro o quanto ele não quer reproduzir o que o pai foi e fez.
A partir do momento que eles se encontram na aula e interagem, devido ao atentado que aconteceu naquela manhã, vamos acompanhar a história de vida de duas pessoas que têm muita química, e essa química entre eles é algo muito obvio: Gabe é encantador, sincero, e a maneira que eles se encontram, se envolvem e já se separam nas primeiras páginas do livro, dá o tom de como essa relação entre eles vai se desenvolver.
Eles se reencontram na formatura e temos uma rápida noção de como estão as carreiras dos recém-formados. Seguimos acompanhando suas escolhas profissionais, e que temos certeza que o Upper East Side é realmente pequeno, pois eles esbarram novamente no aniversário da Lucy (seria o Gabe finalmente o presente que o universo resolveu entregar?). Como podem ver o livro é cheio de encontros e desencontros espaçados ao longo da história.
Quando Gabe alcança seu objetivo e resolve enfim seguir sua carreira, esse sonho só pode ser realizado à distância, e assim começam as escolhas de nossos personagens.
Enquanto Gabe vai atrás do sonho de fotografar pelo mundo aceitando um trabalho para fotografar a guerra no Iraque, Lucy cresce na carreira, produzindo um desenho infantil para a TV e se sente bastante realizada no trabalho, é ai que ela conhece Darren, um homem mais velho, encantador e que mostra o que ela poderia ter. Com isso aos poucos ela vai se abrindo a novas possibilidades de relacionamento com uma nova pessoa, mas o fantasma do que foi com Gabe vai acompanhando todas as linhas.
A leitura desse livro é simples, rápida e direta. Com pouco mais de 270 páginas a autora não faz rodeios, não enrola o leitor e vai direto ao ponto para todas as emoções que ela deseja despejar em cima de nós. O livro é uma poesia para as pessoas que gostam de histórias de amor.
Lucy e Gabe, apesar de se afastarem com o tempo, pois ele vira fotojornalista no Oriente Médio e ela continua buscando seus sonhos nos Estados Unidos, casando com Darren e tendo seus filhos, se reencontram ao longo desses 17 anos por várias vezes. A cada novo encontro, apesar da chama do primeiro amor, ambos ficam cada vez mais distante daquilo que o destino construiu naquele 11 de setembro e isso é angustiante para o leitor.
Foi nesse ponto que a leitura desandou para mim. Apesar do Darren ter seus pontos falhos dentro da relação que ele constrói com a Lucy, sem saber ele luta uma batalha que não tem a mínima chance de vencer, pois ele luta contra o ideal de uma relação do passado que ficou no "E se...?" Não é justo com ele, mas é isso que acontece. Lucy nunca teve o fechamento dessa relação, sempre ficou na possibilidade e nunca se realizou de fato, ficou apenas na idealização, e para o Darren é muito difícil lutar contra isso.
A postura que a Lucy tem em não deixar o passado para trás e o fato do Gabe reaparecer sem realmente ter a intenção de ficar de vez, faz com que a história seja injusta com todos os envolvidos. Eu sei que as pessoas não são perfeitas, e que o egoísmo é algo que está sempre presente, mas a escolha narrativa da autora trava o desenvolvimento da história, principalmente quando Lucy decide não racionalizar e apenas sentir diante de uma determinada situação, ali se torna bem óbvio onde tudo isso vai acabar. O que com certeza estragou um pouco a leitura para mim.
Quando eu já estava totalmente desesperada com o rumo que essa história estava levando, veio o final, que me fez querer gritar com todos os personagens, pois foi muito inconclusiva com o futuro de todos os envolvidos, o que fez com que eu sentisse mais raiva do que tristeza de fato, apesar da frustração sentida no final a última página é muito linda e sim emocionante.
A luz que perdemos aposta num tom dramático. A autora trabalha o elemento dramático com o contexto sócio-histórico do ataque às torres gêmeas em 11 de setembro de 2001, momento este em que os protagonistas se conhecem. Além de outros momentos de guerra.